Crônica de Aniversário | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

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Quinta-feira, 1/2/2018
Crônica de Aniversário
Julio Daio Borges
+ de 4200 Acessos

Eu tenho sérias restrições ao Facebook. Considero mais uma grande “lista telefônica”, onde estão pessoas com as quais, de outra forma, eu não teria contato.

Nesse ponto, a plataforma funciona. E, no dia do aniversário, é uma apoteose. De tal forma que justifica continuar no Facebook só pelas pessoas mais variadas que vêm te cumprimentar na data.

Já começa de manhã. Sempre tem alguém: ou que acorda mais cedo; ou que está em outro país, em outro fuso horário. Neste ano, foi o Rene de Paula Jr. (esse acorda cedo) e o meu primo, Antonio Simon (eu ia escrever que ele está na Suíça - porque ele *estava* -, mas acabo de descobrir que ele está em Trinidad, na Bolívia).

O Rene é uma referência da internet brasileira e eu o conheci porque gostava do podcast dele, quando ele trabalhava no Yahoo. E o Antonio é um primo muito querido, que eu nunca encontrei pessoalmente - mas por quem tenho um enorme carinho, pois ele me lembra o Tio Antonio, pai dele, com quem convivi quando era criança.

Na sequência, veio me cumprimentar o Daniel Japiassu, que eu só encontrei uma vez, mas que me marcou, porque foi numa das conversas que tivemos, com grandes portais, quando pensávamos em levar o Digestivo para algum deles (no caso, o Cidade Internet - alguém lembra?).

Depois, veio o Pellanda. Imagina, o Pellanda - eu só encontrei uma vez, também. E me marcou, especialmente, porque a Catarina tinha uma semana de vida - e a filhinha dele tinha *meses*. Meu colega de literatura e de paternidade ;-)

Aí, o Antonio Fernando Borges, que faz uns comentários ótimos nos posts do Polzonoff - mas que nunca encontrei pessoalmente (só nos conhecemos de ler um ao outro). Ah, e não somos parentes (não que eu saiba)!

Depois, veio o Fabio Girão. O Fabio é irmão de um dos meus melhores amigos de adolescência, o Bruno Borgneth. Mas o Bruno tem uma relação de amor e ódio com o Facebook. De modo que, hoje, falo mais com o Fabio, que é músico, mas, numa reviravolta, virou diretor da Oracle - e me manda coisas da banda dele, e conversamos sobre rock, é muito interessante.

Aí, veio o Zé Mauricio, que eu conheci prestando Vestibular, e acabamos entrando na Poli, e acabamos virando amigos. Estudamos tantas vezes juntos, no Biênio, na Elétrica, e nas outras unidades da Poli. Festas na USP, estágios, tantas histórias...

O Mauricio, como ele prefere ser chamado, acabou fazendo outra Ênfase: eu acabei ficando mais um ano, para fazer Computação. Acabamos nos desencontrando. Ele acabou virando diretor da Perdigão, depois acabou saindo. Ficamos de tomar um café - e, até hoje, nada ;-)

Aí, o Diego resolveu me cumprimentar no meu álbum de fotos do Instagram, porque eu não deixo meu “mural” aberto no Facebook. Aí as pessoas descobriram esse “truque” - aí foi um monte de gente pra lá. Aí começou o dia - e, de repente, eu perdi o controle das respostas...

Porque as pessoas querem te cumprimentar em público. Enquanto estava “no privado”, por mensagem, eu estava dando conta. Mas quando virou uma enxurrada de comentários, uma pessoa chamando a outra... Chamando a outra... Apenas olhei e me resignei: “Paciência, uma hora eu respondo”.

E comentário, tem de responder, porque fica aberto, para todo mundo ver. E se você não responde, você é mal educado. Ou responde ou, pelo menos, curte. Para você mostrar que leu, viu, gostou. Para agradecer, de certa forma. Afinal, você tem educação.

Nessa árvore de comentários, foram descendo a prima Lorena, o Papai, o primo Aloysio Azevedo, o primo Eduardito, a Tia Lilian, a prima Jeanine, a prima Titinha ;-)

A Denise. Imagina, a Denise... Ela era secretária quando eu era estagiário na (M)GDK. E, depois que eu saí, e me formei, e era trainee do Itaú, a Rita Lee respondeu a um texto meu sobre um disco dela. E a Rita Lee me chamou de “James Dean”, porque eu assinava J.D. Borges. E a Denise lembra disso até hoje ;-)

Aí, veio serpenteando até o Claudião. Imagina, o Claudião... meu colega de Jardim II, quase 40 anos de amizade. Que eu reencontrei quando ele fazia FGV. Que comentava meus textos da Califórnia. Que eu reencontrei, de novo, por causa da Kelly Lobos, que me mandava pautas, e eu escrevia sobre gastronomia, no Digestivo.

Nessa altura, eu já tinha ido pra escola, porque ia começar a reunião da Catarina. Reunião que sempre acontece, no início do ano, para apresentar as professoras, as coordenadoras, as matérias, as mudanças... Aí as mães amigas, que se lembraram, me cumprimentaram pessoalmente.

Nessa reunião, eu sempre lembro da Mamãe. Lembro da primeira reunião do ano em que a Mamãe não estava mais. E a Carol foi escrever na agenda da Catarina os telefones das pessoas próximas. E o da Mamãe não estaria mais... E Carol comentou, desconcertada... E, de repente, tudo era tão absurdo.

Mais tarde, a Thais, grande amiga da Mamãe, veio me cumprimentar, no Messenger, e me lembrar do bolo que a Mamãe fazia, no aniversário de cada filho, o bolo de que cada filho mais gostava...

Na saída da escola, eu busquei a Catarina na despedida de uma amiguinha, cuja família vai mudar para os Estados Unidos, e fomos buscar a torta de morango que eu encomendei, porque, uma vez, estava bonita, e eu tentei comprar (dessa outra vez), mas não tinha mais...

Compramos velas; a Catarina quis. Eu não fazia questão dos números. Mas a Marilia me disse, no seu cumprimento, que números iguais dão sorte. Depois meu padrinho, Renê, também disse, no Messenger, que a idade era bonita. Acreditei neles. (Aniversariante acredita em tudo.) Peguei as “velinhas” (como a Mamãe dizia).

E só retomei os cumprimentos no intervalo entre o pedido e a chegada das pizzas. Me empolguei com o recurso de mandar áudios. Fui respondendo a mais uma bateria de mensagens que se acumulavam. Também no WhatsApp.

Nessa altura, eu já estava retumbante porque o Felipe Machado tinha me cumprimentado. Sim, o Felipe do Viper. O mesmo Viper que abriu pro Metallica (naquela época). O mesmo Viper que a gente ouvia e ponderava se era melhor que o Sepultura... A banda de rock do Brasil que foi mais longe (depois dos Mutantes).

Acontece que o Felipe virou meu colega de jornalismo cultural, no começo do Digestivo. E a gente frequentava as cabines junto. E comentava os filmes. E ele teve uma coluna de música no JT. E eu, uma vez, fiz a “ponte” entre ele e um outro herói musical, e amigo, o violonista, maestro, produtor cultural e secretário de cultura, Leandro Carvalho ;-)

E a Tia Janette veio me cumprimentar. “Tia” porque ela foi quase minha professora, no Compa, quando eu tinha a idade da Catarina, e fui aluno da “Tia” Cristina. E a Tia Janette dava aula na sala ao lado...

E o Mario Gardano veio me cumprimentar. E esse cumprimento foi muito especial, também. Porque o Mario é pai do meu primeiro melhor amigo, o Cristiano. E hoje o Mario lê e comenta meus textos.

No dia seguinte, coloquei uma foto, de mim com a Catarina, e a famosa torta de morango e as “velinhas”... Aí, eu nem tinha acabado de responder aos cumprimentos do dia anterior, vieram outros, *novos* - agora, também, no Instagram.

Atrasado, mas especial, foi o do Raul Juste Lores. Que faz dia 27 (eu faço dia 29). O Raul, que eu conheci na festa do Edu, no primeiro semestre de 2017 - que ia lançar seu livro, “São Paulo nas Alturas”... Que eu dei de presente, duas vezes, no final de 2017. Fazendo lobby para os aquarianos, o Raul comentou: “Janeiro reúne gente boa”. A Mamãe, que fazia dia 19, teria concordado ;-)

Tantos outros cumprimentos de familiares, queridos, e de amigos, também, queridos (brothers!). A ponto de eu querer responder a todo mundo e chegar ao cúmulo de agradecer o Fê duas vezes: “Fê, não lembro onde você me cumprimentou - mas estou te agradecendo pelo WhatsApp” (sendo que eu já tinha agradecido a ele pelo Messenger!).

O Polzonoff, que apareceu no começo deste texto, me mandou um singelo parabéns também. Ao que eu respondi com um áudio apoteótico, no meio do bombardeio do aniversário. E que ele comentou: “Você parece feliz na mensagem de voz. Isso é bom”.

Nos primeiros anos de Facebook, eu cumprimentava praticamente todos os aniversariantes. Com o passar do tempo, fui acessando menos e fui largando... Não prometo que vou retomar o hábito. Mas prometo que serei mais enfático quando lembrar a data de cada pessoa - e tentarei cumprimentar como me cumprimentaram agora ;-)

Para ir além

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Julio Daio Borges
São Paulo, 1/2/2018

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01. Cinco Diálogos ao Menos de Paulo Polzonoff Jr


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