Entrevista com Gerald Thomas | Jardel Dias Cavalcanti | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 7/1/2020
Entrevista com Gerald Thomas
Jardel Dias Cavalcanti
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O dramaturgo e encenador Gerald Thomas lança dia 11 de dezembro, no SESC da paulista — SP, o livro Um Circo de Rins e Fígados, com grande parte dos textos de suas peças (mais de 20 entre as mais de 80 peças que criou). O livro está sendo publicado pela editora do SESC e vem acompanhado de parte da fortuna crítica e de excelentes ensaios que aprofundam uma leitura de seu teatro. Entre os ensaístas estão Danilo Santos de Miranda (que apresenta o livro), Adriana Maciel, Dirceu Alves Jr. e Flora Süssekind.

Das peças podemos encontrar, entre outras, Carmen com Filtro 2, Eletra Com Creta, The Flash and Crash Days, Praga, Matogrosso, M.O.R.T.E. , Império das Meias Verdades, Ventriloquist, Unglauber, Gargólios, Entredentes e Dilúvio.

É um acontecimento extremamente importante, dada a relevância que seu teatro tem no Brasil (Haroldo de Campos o coloca como um dos mais importantes criadores e inovadores do teatro brasileiro). Com a publicação de suas peças, teremos a oportunidade de reviver a criatividade e a ousadia de seu teatro a partir dos textos transgressores que criou.

Aproveitamos este momento para fazer uma entrevista com o dramaturgo, que mora em Nova York, e que estará no Brasil em dezembro especialmente para o lançamento do seu livro.



JARDEL - Com o lançamento do livro Um Circo de Rins e Fígados, com mais de 20 de suas peças (e você já encenou mais de 80 peças), qual é a sensação de estar diante do resultado organizado de anos de trabalho intenso, não só de montagem, mas de elaboração de uma escrita bastante pessoal para o seu teatro?

GERALD THOMAS - Sabe Jardel, esses últimos anos, especialmente depois de uma enorme crise depressiva que resultou numa tentativa de suicídio, em 2015, eu tenho tentado pensar nesse “conjunto” de coisas que me trouxeram até aqui: desde que comecei a rodar o mundo e “achatá-lo” com as minhas próprias mãos, até os dias de hoje. É, no mínimo, bizarro testemunhar essa “coisa” que sou (pro mundo de fora), visto a partir daqui desse mundo de dentro. Aqui dentro eu ainda acho que sou um amador, acho que sou alguém com muita vontade de fazer coisas, tenho 2 mil ideias por segundo, mas a exaustão do corpo não deixa que eu realize tudo isso.

Sim, montei mais de 80 espetáculos pelo mundo. Mas, se você levar em consideração que a maior parte dessas montagens entraram em turnê, eram montadas e desmontadas a cada semana.... acho que devo ter “sentido a pressão da estreia” pelo menos 3 mil vezes na vida.

Mesmo assim, nas artes a gente não gradua nunca. Todo santo dia é um mistério. Minha escrita mudou muitíssimo desde, digamos, EletraComCreta até hoje. Tenho tentado não ser mais tão irônico e, principalmente, tenho tentado não mostrar o quanto sei ou seja, tenho me colocado na posição do espectador. Beckett me dizia “o público pressupõe”. Não se preocupe porque ele pressupõe. Eu já acho que não. Acho que estamos vivendo um período de didatismo necessário (tamanha a burrice disseminada pela social media).

O resultado? Parecido com aquele quando Entre Duas Fileiras foi lançado. Eu só pensava nos capítulos que não entraram e naqueles 80% que foi cortado do original. Eu achava, como ainda acho, que naquilo que não foi publicado residia a “verdadeira” autobiografia. Acho, portanto, que as cenas de peças que foram cortadas ou as peças e textos que não entraram nesse livro....” aha! É lá que reside o verdadeiro Gerald Thomas”.

JARDEL - O seu teatro funciona dentro de uma correlação riquíssima entre texto, imagem, performance corporal e música. Não te angustia ver o texto separado daquela vibração única que é a apresentação ao vivo da peça, sem todos esses elementos que citei?

GERALD THOMAS - Dá sim uma certa angústia. Mas mesmo durante o ano em que passei pela revisão do livro, eu lia e relia os textos pensando ou relembrando como era a coisa montada e como cheguei nos textos (muitos deles, os textos, foram escritos depois de vários ensaios de marcação de cena. Foram concebidos pra caber naquele espaço. Como eu ainda me lembro de tudo como se fosse ontem, o que tomava conta de mim era uma espécie de nostalgia, de tristeza (mil problemas de ego e de destempero pessoal entre vários colaboradores (as) e eu....).





JARDEL - Agora que você publicou os textos do seu teatro, deixaria alguém montar um espetáculo a partir desses textos? (Tal como você fez, por exemplo, com o Quartett de Heiner Müller).

GERALD THOMAS- Mas o Heiner escreveu Quartett pra ser montado por outros. Ele só encenou nos últimos anos da vida dele. E ele não entendia de luz, não entendia do aparato por traz do teatro, não entendia nada sobre o que é atuar, interpretar, representar (3 coisas diferentes). Pra te responder: eu ficaria preocupado, te confesso. Em 2009 peguei o carro e fui de Londres até Cardiff (acho que era lá, ou Swansea, Pais de Gales), pra ver o que um diretor havia feito com o meu Ventriloquist. Nossa mãe. Não tenho palavras pra te dizer o quanto vomitei.

JARDEL - Haroldo de Campos via - com muita admiração - a sua produção como o terceiro e mais jovem braço de uma vanguarda que se completava com dois outros grandes diretores: Zé Celso e Antunes Filho. Como você vê essa declaração de Haroldo de Campos?

GERALD THOMAS- Eu acho lindo, mas acho engraçado também. Eu não me considero um “diretor”. Não gosto desse termo. Eu sou um autor que, coincidentemente, encena as próprias coisas. O Antunes? O que ele escreveu? O Zé escreveu algumas coisas (acho que Cacilda, principalmente) mas, ainda assim, o Zé é um happening-maker, alguém que criou um ritual pra aquilo (ritual mais do que uma estética ou um método). Os dois são fabulosos, mas eu só me entendo parte dessa “Santíssima Trindade” uma vez que os meus espetáculos já estavam disponíveis para o público, no palco. Mas o Haroldo participou muitíssimo da escrita deles, da concepção deles e não somente da coisa encenada. Mas, quanto a ser uma espécie de extensão, de continuação dessa vanguarda, me acho mais próximo ao próprio Haroldo e Augusto de Campos ou ao Hélio Oiticica e suas Warholsisses, mais próximo a Duchamp e Joyce. Claro que eu me formei (aqui dentro) a partir desses nomes acima, juntando ainda meu mestre, Beckett, Bob Dylan e a contracultura (essa que vi e vivi desde seu inicio - lá em Tennessee. Sim, o Tropicalismo triste, uma Carmen Miranda nascendo das cinzas de Brunhilde, um sambista acanhado no meio de Woodstock, um Artaudiano em busca da sanidade perdida em Auschwitz.


Jardel Dias Cavalcanti
Londrina, 7/1/2020

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