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Quarta-feira, 9/12/2020
A Velhice
Marilia Mota Silva
+ de 3700 Acessos

A Velhice
"É uma pena que exista um intervalo muito pequeno entre o tempo em que somos demasiado novos e o tempo em que somos demasiado velhos". Montesquieu; Pensées et fragments inédits de Montesquieu
.

A velhice me angustiava quando era criança. Imaginava que os velhos vivessem em agonia, apenas esperando a morte. Mais do que a degeneração da idade, me amargurava pensar que os velhos tinham um futuro curto pela frente e sabiam disso!

Pois sofri à toa, como acontece quando se sofre antecipadamente. Não é assim. Nossa perspectiva muda à medida que vamos envelhecendo:

- O futuro é curto, e sabemos disso. A consciência do tempo, ao contrário do que eu pensava, nos torna mais soltos, livres da carga de responsabilidades e preocupações que, às vezes, levamos vida afora. Estamos vivos, cada instante é glorioso!

Cada ciclo da vida tem seus desafios e sua beleza. A juventude é linda, sim, mas é difícil: escolher a profissão, tornar-se independente, adaptar-se a um mundo competitivo e bruto. E os relacionamentos, a formação da família, a educação dos filhos, a vida que pede para ser vivida enquanto é tempo que a juventude é passageira.

E quando nos damos conta, ela passou realmente. Os filhos, se os temos, são jovens adultos, estão vivendo suas próprias lutas.

- Velho vive no passado, diz-se, com pesar. Há verdade nisso, mas, de novo, é algo positivo: a partir dos sessenta, as memórias mais antigas afloram em nossa mente com mais frequência. Como se tivéssemos sido programados para isso. Elas chegam carregadas da emoção com que foram vividas. É inevitável contemplá-las, e aprender sobre nós mesmos, nossos pais, irmãos e amigos.

Nesse processo muitas vezes se percebe que tudo faz sentido. Aceitando a vida como é, aceitando a velhice e suas perdas, aceitamos também seus ganhos, sua beleza. Serenidade. A paz interior talvez seja a nossa maior conquista.

- Velho volta a ser criança, diz-se, vendo nisso sinais de senilidade. Mas essa é mais uma bênção da velhice. Nosso eu público, a armadura necessária no ambiente de trabalho, a fortaleza infatigável no dia a dia, indispensável para se dar conta de tantos papéis em que somos exigidos, vai para o armário junto com o salto alto.

A libido continua presente, mas já não é a chefe autoritária, inconveniente muitas vezes; é uma velha amiga com quem você ri junto, com quem você se entende. Em resumo, você está liberada para ser você mesma.

E hoje que sabemos da plasticidade da mente, é uma absoluta alegria continuar aprendendo. Pelo prazer de aprender. E nunca foi tão fácil, temos tudo à disposição, cursos sobre qualquer assunto, de física a jardinagem, nas melhores universidades, em seriados, livros, nas redes sociais.

Um amigo, depois de relatar as isquemias que tem sofrido e outros problemas de saúde, me escreveu: Nos últimos anos tive duas aquisições valiosas para o meu equilíbrio e paz de espírito: a conquista da minha pequenez, que diminuiu meu tom de voz e as ilusões de glória, e a conquista da desimportância, essa então é uma bênção, pq eu me maltratava por não ter lido o livro X, não ter visto o filme Y, desconhecer o filósofo Z, nao ter viajado ao país W: nada disso tem importância alguma na ordem das coisas, nem na ordem das Minhas coisas, pq nada a rigor decorria dessa importância. Qualquer decisão, atitude, decorriam sim do que eu fosse capaz de fazer com o que eu era, e não com o que eu pensava que devia ser. O envelhecimento é um confinamento a céu aberto, mas tem suas revelações doces e implacáveis: a desimportância é uma delas.

Sim, aceitar a própria desimportância. A vida ganha um sentido mais profundo, nos torna mais compreensivos, mais compassivos com os outros e com nós mesmos. Não é o fim do amor-próprio, ao contrário, nossa auto-estima talvez cresça. E a serenidade adquirida não é alheamento. As pessoas, amigos e família continuam sendo parte essencial de nossa vida, de nossas devoções.

Somos uma população crescente de pessoas acima dos 65 anos, somos um grande e precioso recurso humano que poderia ser melhor aproveitado, sobretudo nesse mundo socialmente doente. Deveríamos criar uma cultura, uma tradição que desse lugar aos mais velhos.

Falo por mim, naturalmente, e por amigas que sentem o mesmo: a boa surpresa, a alegria que tem sido viver esses anos que eu imaginava trágicos. Não sei se pensarei do mesmo jeito daqui a dez anos, ou se pensarei simplesmente. Mas, por enquanto, tudo lindo. Então, jovem, cuide-se bem e não se preocupe com a velhice. Como outras estações da vida, ela traz transformações e desafios; e talvez seja a mais feliz.



Marilia Mota Silva
Arlington, VA, 9/12/2020

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