Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini | Jardel Dias Cavalcanti | Digestivo Cultural

busca | avançada
64258 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Memórias sobre imigração, ditadura e exílio: Arkan Simaan lança livro no Brasil
>>> O MÉDIA-METRAGEM “CALL CENTER”, DO DIRETOR ROGERIO BOO, PRODUZIDO PELA QUADROPHENIA FILMS É SELECION
>>> Francineth Germano Homenageia a Música Popular Brasileira
>>> A história não contada das músicas infantis
>>> Estupendo Circo di SóLadies
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
Colunistas
Últimos Posts
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
>>> All-In sobre as tarifas
>>> Paul Krugman on tariffs (2025)
>>> Piano Day (2025)
>>> Martin Escobari no Market Makers (2025)
>>> Val (2021)
>>> O MCP da Anthropic
>>> Lygia Maria sobre a liberdade de expressão (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Introdução ao filosofar, de Gerd Bornheim
>>> Maestros Mecânicos
>>> Píramo e Tisbe
>>> Hamburgo: a bela do norte
>>> A máquina de poder que aprisiona o espírito
>>> No início, era o telex
>>> Literatura para quê?
>>> A insustentável leveza da poesia de Sérgio Alcides
>>> Kindle Fire e Kindle Touch, os tablets da Amazon
>>> The Black Keys - No Fun
Mais Recentes
>>> Maravilhosas Mulheres Das Series De Tv, As de Fernanda Furquim pela Panda Books (2008)
>>> Seis contos da era do jazz e outras historias de F. Scott Fitzgerald pela José Olympio (2009)
>>> Lendas - Coleção Mitologia de Salvador Nogueira pela Abril (2011)
>>> Viagens Na Minha Terra - coleção a obra prima de cada autor de Almeida Garrett pela Martin Claret (2012)
>>> The Price Of Everything: A Parable Of Possibility And Prosperity de Russell Roberts pela Princeton University Press (2008)
>>> Férias! (edição de bolso) de Marian Keyes pela Best Bolso - Grupo Record (2010)
>>> Voltas Que A Vida Da de Zibia M Gasparetto pela Vida E Consciencia (2009)
>>> Sagarana - Grandes da Literatura Brasileira n 03 de Guimarães Rosa pela Circulo do Livro (1992)
>>> Por Los Pelos (best Seller) (spanish Edition) de Marian Keyes pela Debolsillo (2003)
>>> Original Sin (seven Deadly Sins) de Allison Brennan pela Ballantine Books (2010)
>>> Kama Sutra - Coleção L&pm Pocket de Mallanaga Vatsyayana pela L&pm (2006)
>>> The Postmistress de Sarah Blake pela Berkley Books (2011)
>>> Os Sertoes - Grandes da Literatura Brasileira n 16 de Euclides Cunha pela Circulo do Livro (1992)
>>> Inc. Yourself de Judith H. Mcquown pela Broadway Books (1999)
>>> Memórias de um sargento de milícias Literatura Brasileira de Manuel Antônio De Almeida pela Ciranda Cultural (2010)
>>> Os Fantasmas De Goya de Jean-claude Carrière, Miloá Forman, Paulina Wacht, Ari Roitman pela Companhia Das Letras (2025)
>>> O Evangelho Segundo O Espiritismo Edição Econômica de Allan Kardec pela Ide (2006)
>>> Die 13.1/2 Leben des Käpt'n Blaubär de Walter Moers pela Eichborn (2000)
>>> Coleção Folha - Grandes Museus do Mundo (completa 20 Volumes) de Folha de São Paulo pela Folha de São Paulo (2009)
>>> Os Lusíadas coleção grandes obras volume 7 de por Luís De Camões (Autor) pela Escala Educacional (2012)
>>> Crianças Francesas Não fazem Manha de Pamela Druckerman pela Fontanar (2013)
>>> Um Estudo Em Vermelho de Sir Arthur Conan Doyle pela L&pm Editores (1997)
>>> A Torre De D. Ramirez, Gonçalo Mendes Ramires de Eça De Queiroz pela Lacerda (1997)
>>> Disperso em versos de por Thiago Peixoto (Autor) pela Baderna (2019)
>>> The Secret Language Of Birthdays: Personology Profiles For Each Day Of The Year de Gary Goldschneider, Joost Elffers pela Studio (1994)
COLUNAS

Terça-feira, 4/2/2025
Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
Jardel Dias Cavalcanti
+ de 3300 Acessos


Um CD magnífico dos anos 90 acaba de ser transformado em vinil duplo, comemorando seus 30 anos de existência. É Dinamite Pura! Sim, pura dinamite, como diz o nome do vinil. Obra do músico/compositor, poeta, jornalista, ex-secretário de cultura de Londrina Bernardo Pellegrini, acompanhado de uma trupe musical de primeira, O Bando do Cão Sem Dono.

“É possível que você sinta um arrepio na pele”, diz o poeta Ademir Assunção sobre Dinamite Pura. Todas as 19 faixas do vinil duplo provocam esse arrepio, onde não se encontra nada de supérfluo no conjunto brilhante de conexões entre letras/poesias e músicas. Parece um milagre a reunião dos músicos que acompanham os arranjos e letras de Bernardo Pellegrini. Forma e conteúdo vibram juntos se retroalimentando de uma forma intraduzível em palavras.

A profusão de gêneros musicais das composições, que vão do jazz ao rock, do samba ao blues, repentes, valsas e memórias das antigas serestas, mesclam-se numa originalidade rara. Há algo também do Clube da Esquina, mas aqui ampliada num humor que lembra alguns poemas de Paulo Leminski (aliás, presente com um dos poemas musicados no vinil), como também o jogo de palavras que ressoam construções concretistas (onde a forma é o conteúdo amplificado).

O humor também nos faz pensar em Arrigo Barnabé, outro músico londrinense. O jornalista e escritor Paulo San Martin, assim define Dinamite Pura: “Essa multiplicidade de sons, linguagens, poesia e imagens transformam o trabalho de Bernardo Pellegrini numa experiência universal. Sua poesia remete às novas relações amorosas, recria paisagens urbanas, climas e cenas de um Brasil contemporâneo”.

Bernardo não está sozinho nessa empreitada. Chama a atenção a presença forte da poesia no álbum. Comparsas de longa data, Maurício Arruda Mendonça (poeta, músico, tradutor e ensaísta) e Rodrigo Garcia Lopes (poeta, músico, ensaísta e tradutor), emprestam seus poemas a duas das músicas mais tocantes do vinil: “Olha”, de Mauricio Arruda Mendonça, e “Iluminações”, de Rodrigo Garcia Lopes. Experimente o sublime ouvindo estas canções.

Quanto à qualidade musical de Dinamite Pura, não se trata apenas de um trabalho tecnicamente perfeito, gerado por músicos competentes, mas de uma criatividade que se sobrepõe a esses elementos necessários a qualquer obra de arte. A invenção instrumental que beira uma “improvisação organizada”, rara no mundo da música hoje, é o elemento que torna cada composição original, nos levando para paisagens sonoras impressionantes, seja com a entrada sensual de um solo de guitarra, a batida da bateria no ritmo de nosso coração, o solo de um trompete e/ou sax nos elevando para o alto e para dentro de nós mesmos ou a cadência do baixo balançando nosso espírito no vai-e-vem da música. Sobre isso escreve o crítico musical Luís Antônio Giron: “A música de Bernardo Pellegrini comporta surpresas acima da média. O projeto do violonista é criar música fora da padronização do gosto. Une-se a bons músicos para apresentar um cancioneiro respeitável”.

Também presente no disco, a cantora Rosa, uma espécie de Janis Joplin dos trópicos, contamina com sua dicção bluesística várias das músicas do disco, como, por exemplo, “Dei um beijo na boca do medo”, “Dinamite Pura”, “Lunagens”, “Tiau vagal”, dentre outras. E dá-lhe arrepio, como disse o poeta Ademir Assunção.

Gostaria de registrar a presença de um baterista de uma inventividade que beira o absurdo, que é Eduardo Batistella. Não consigo ouvir o disco sem acompanhar atentamente o trabalho da bateria, alma maior de cada composição onde ele toca. O espaço da resenha é pequeno para citar cada um dos músicos de O Bando do Cão Sem Dono, pois todos merecem aplausos.


Uma participação especial é a de Roberto Freire, o criador da somaterapia reichiana, que fez uma locução na "Game". Também seu filho, Paulo Freire, participa do vinil distorcendo a viola com pedal delay na deliciosa música "Trem das maravilhas". Além da sonoridade especial que o vinil proporciona, não podemos deixar de elogiar o excelente trabalho gráfico da edição que inclui capa dupla com as letras e um encarte com toda a história que envolve o vinil e o trabalho musical de Bernardo Pellegrini. No encarte, podemos ver fotos, documentos e relatos sobre a criação do disco, como depoimentos sobre Dinamite Pura, além do relato do próprio compositor sobre o disco e um histórico da carreira musical de Bernardo Pellegrini feito pelo jornalista Felipe Melhado. Visualmente, a capa interna e externa, em suas cores vermelho, azul, amarelo e branco, é outra fonte de prazer ligado ao vinil.

Arranjadores e músicos uniram-se num projeto cujo resultado, Dinamite Pura, não deixa de nos emocionar por sua corrente subterrânea de sentimentos que mesclam dor, alegria, humor, por uma inteligência anárquica e o melhor de tudo, com a criação de música de qualidade (num país que optou hoje pelo mercenarismo musical agro-fascista e demencial).

Bernardo Pellegrini é autor de 6 CDs, todos excepcionais, de uma criatividade musical surpreendente (e que surpresa a cada música!). Quem desejar conhecer esse grande compositor de forma completa é só acessar o site bernardopellegrini.com.br, podendo ouvir as composições e ler as letras de cada um dos seus CDs.

Atenção ao que o poeta Rodrigo Garcia Lopes diz sobre o vinil: “O Dinamite Pura, que sai agora em vinil, é, sem dúvida nenhuma, um dos melhores discos de MPB lançados nos anos 90. Vocês não sabem o que estão perdendo!”

Eu acrescentaria, com versos do próprio Rodrigo Garcia Lopes, em “Iluminações”: “Não diga/ que você/ não liga/ a mínima/ pra toda essa luminosidade/ toda essa luminosidade” que brota da explosão de Dinamite Pura!



Jardel Dias Cavalcanti
Londrina, 4/2/2025

Mais Jardel Dias Cavalcanti
Mais Acessadas de Jardel Dias Cavalcanti
01. Parangolé: anti-obra de Hélio Oiticica - 17/12/2002
02. Davi, de Michelangelo: o corpo como Ideia - 3/11/2009
03. Picasso e As Senhoritas de Avignon (Parte I) - 20/12/2011
04. Felicidade: reflexões de Eduardo Giannetti - 3/2/2003
05. O assassinato de Herzog na arte - 30/9/2014


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Revelando Trump
Marc Fisher; Michael Kranish; Laura Folgueira
Alaúde
(2017)



Omulu - O senhor do cemitério
José Ribeiro
Espiritualista
(1969)



Branca de Neve e o Cacador
Lily Blake
Novo Conceito
(2012)



Madame Bovary
Gustave Flaubert
Nova Alexandria
(2007)



O Dom
Robert Ovies
Verus
(2015)



Vertigens para o Médico Clínico
Paulo D. Fernandes; Lis T. Fernandes
Robe
(2001)



Modinhas Antigas
Ruy Pimenta Filho
Vega
(1980)



Um chão cheio de estrelas
Demosthenes Carminé
Do autor
(1998)



O Guarani
José de Alencar
Martin Claret
(2005)



Masters of cinema: Stanley Kubrick
Bill Krohn
Cahiers du cinema
(2010)





busca | avançada
64258 visitas/dia
2,5 milhões/mês