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Terça-feira, 4/2/2025
O nome da Roza
Renato Alessandro dos Santos
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Você vê: na cadeia, o personagem central do filme Estômago pega água de azeitona, colírio, inseticida, lágrimas de carrapato-estrela e, depois de uma cambalhota e de um passinho para trás, o resultado é uma secreção à peixaria vintage, Jack Daniels da roça do tipo daqueles tempos estadunidenses da Lei Seca.

Também acontece assim: você pega um smart guy full of charisma que nem o Steve Jobs e dá a ele um bobe de cabelo, um capacitor, um transistor e uma lata de sardinhas sem sardinhas e, com um pouco de estanho e solda, ele faz um iPod – um o quê?!

Na manhã seguinte, ainda com apetite, o CEO acorda e capricha no upgrade: o aparelhinho ganha uma maçã, um teclado sem esqueleto e, escalando, vira um iPhone.

Há outras maneiras: lembra quando sua mãe ou seu avô ou sua tia Bete fazia um prato Michelin Três Estrelas com carne-moída, quiabo, arroz, feijão e um pouco de pimenta caseira da casa? Se minha tia encontrasse Steve na cozinha, juntos, fariam uns bolinhos de chuva de silício com gosto de macieiras da Califórnia.

Algo parecido ocorreu com o romance policial a partir dos anos 1980: alguns escritores resolveram agir como minha tia Bete e o genial Steve e, enquanto o Stephen King, o cinema americano e o boteco pé-sujo recebiam o desprezo finissecular da "Ilustrada", novelistas e romancistas sentaram-se diante de seus TK-85, PC 486, Macintosh e MSX como verdadeiros argonautas e, rebocados por leitores e críticos, ajudaram a pôr uma mola lá no fundo do poço onde os romances policiais orbitavam, para descobrir que, de lá debaixo, arremessados de volta à superfície, a terra era capaz de regurgitar obras que, se antes ninguém dava muita bola para elas, hoje, merecem reconhecimento de todos, de Tik Tokers a médicos plantonistas, de funcionários de cooperativas a filhos de MEIs, de I.A. a ratos de biblioteca, de algoritmos com spleen virtual a códigos de barra bipolar, e, folks, sério: se desconhecem Luiz Alfredo Garcia-Roza, moça, rapaz, crianças, pais, professores, vocês precisam (três pontinhos)



Paquere O silêncio da chuva, primeiro romance de Roza, escritor e psicólogo e professor que só debutou em 1996, quando estava prestes a mergulhar na vida sexagenária, ainda que, como a gente tudinho, decerto, ia adolescendo dentro da cachola, porque não que a obra seja uma creche na hora do recreio do jovem-adulto (não mesmo), ou uma lanterna a leitores instagramáveis, deslumbrados com o influencer que queriam ser hoje de manhã.

No.



Garcia-Roza, com cintilantes olhos de anime, pegou o romance policial e, afastando a poeira com um sopro, deu a ele ginga de cor local, em blow-up, com várias demãos de tinta literária que, reconfigurando, reconfigurando, evocaram aquela aliciante literatura em que mistério, assassinatos, sangue, detetives, inveja, trapaças, ousadia, injustiças, gendarmeria, delegados et al confluem ao buraco da fechadura onde se mói literatura policial de procedência, poleiro de Poe Christie Doyle Chandler Hammet Fonseca Saer Eco, dentre outros gregos & baianos que, ademais, sempre souberam encantar a comunidade de leitores literários ― a quem ler é melhor do que gastar tempo e dinheiro em bets, do que praticar hate em pirâmide na rede, do que estacar em paranoide canabidiol diante do sol poente, do que se arrastar com a mais valia pinicando o corpo, do que sofrer bullying por ter seu time rebaixado no campeonato nacional.

Concorda que, ora com interrogação, ora com exclamação, ler é pôr o cérebro a caminho?

( ) concordo totalmente;
( ) concordo parcialmente;
( ) discordo totalmente;
( ) discordo parcialmente.

Por quê?

Por que o quê?!

Por que “ler é pôr o cérebro a caminho”, “ora com interrogação, ora com exclamação”?

Porque em O silêncio da chuva, nos primeiros quinze minutos de leitura, o delegado Espinosa não sabe bem o que fazer com aquele caso, o do cara do jet set encontrado num estacionamento em Copacabana, morto com um tiro nos caracóis.

Sem nenhum suspeito, sem nenhum indício para averiguar, o que fazer, coach Deus?

(a) prestidigitação;
(b) metempsicose;
(c) cartomancia;
(d) tequila;
(e) NDA.

Assim, após optar pela letra “e” de helicóptero, só restou ao delegado-amante dos livros, enfim, investigar, enquanto nós leitores multitarefas entregamos de mão dada a costurada alma ao que vier, e o resultado é um esplendor de perícia técnica narrativa (oscilação entre narrador onisciente e narrador personagem), referências literárias (“preferiria não fazê-lo”, A carta roubada), GPS a passar por ruas, bairros e becos da cidade do Rio de Janeiro e +: umas mortes lá tipo Sexta-feira 13 (dedos cortados, jugular fatiada, gente carbonizada), um suadouro tântrico de fazer inveja ao sobrinho e à tia incestuosos de Dois irmãos, plot twists, McDonald’s jabá e, quando menos percebemos, só aguardamos Espinosa terminar seus trabalhos para segui-lo feito stalkers em mais outra incursão Rio adentro (Vento Sudoeste retirado da estante).



Brothers, sisters & o pessoal lá de Minas, é impossível não se deixar levar, romance adentro, por essa trama bem parafusada: sim, aquele homem encontrado morto deixou um milhão de dólares para sua esposa, mas a seguradora não pode descobrir que ele _____, e, embora a gente saiba que ele _____, a polícia, a amante e a esposa nada sabem.

Então, é subir a bordo e, com o literato delegado Espinosa, esperar pelo desfecho, quando a solução do mistério vai emergir, e nós, com Dom João VI na barriga, ficaremos todos felizes por Garcia-Roza ter feito de seu romance uma joia-rara de ficção policial escaldante, que, hoje ― lembra? ― tornou-se leitura frequentada entre aquela gente que tem apreço pela literatura melhor, seja poesia pura, seja Queirós-Queiroz Rosa Lispector Ramos Capote Borges Shakespeare (Zadie) Smith Couto Muianga Tezza, o cânone por dentro e por fora, seja leitura de mistério como Onomedarosa Asnuvens Ogêniodocrime Baladadapraiadoscães Oescaravelhododiabo Tchekhov’sOassassinato OcasodaborboletaAtíria Vastasemoçõesepensamentosimperfeitos (reticências)


Renato Alessandro dos Santos
Batatais, 4/2/2025

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