Em Israel, judeus, beduínos, muçulmanos, comerciantes, soldados, namorados,
homens, mulheres e toda a sorte de seres compõe um diversificado mosaico
humano, numa convivência que se tornou extremamente difícil e se agrava numa
progressão que se torna cada vez mais assustadora.
Uma das conseqüências deste clima de tensões é o enorme prejuízo econômico
de uma região que tinha no turismo uma das principais fontes de receita, e
atualmente está com seus hotéis, lojas, e toda a estrutura turística
praticamente parada. E não há nenhum negócio, exceto o de armamentos, que
não esteja enfrentando grandes dificuldades.
E Israel, um país militarmente fortíssimo, é obrigado a manter uma caríssima
máquina de guerra que se revela impotente contra um inimigo invisível, que
pode desencadear um novo atentado a qualquer momento, deixando todos sob o
domínio do medo e da insegurança.
Mas, porquê depois de progressos consideráveis, no rumo da paz, houve uma
considerável inversão do processo? A explicação me parece óbvia: a eleição
de um general conhecido por ser o mais forte representante da linha dura,
para governar Israel. Um general que provocou deliberadamente o desencadear
do conflito, violando, arrogante e ostensivamente, um recinto considerado
pelos muçulmanos como sagrado. Um general para quem só existe um caminho: a
guerra e a destruição completa do inimigo pelo uso extremo da força e para
quem a represália é o único caminho que conhece.
E com isto o gen. Sharon apenas conseguiu associar Israel à imagem de
Golias, em contraposição aos palestinos, que passaram a representar David. O
que é reforçado pela mídia com as imagens de jovens palestinos, armados de
bodoques e fundas, enfrentando mísseis israelenses.
O resultado desta política de agressão se reflete nas manchetes dos jornais:
O Globo: "ONU manda Israel se retirar das cidades palestinas". Gazeta do Povo: "Israel desafia a ONU e mantém cerco aos palestinos".
E cria uma onda de revolta e má vontade contra Israel, ao ponto de provocar
aplausos de aprovação à declaração do escritor Saramago de que "O que
acontece na Palestina é um crime. Podemos compará-lo com o que ocorreu em
Auschuwitz."
A quem está de fora, a visão clara é de que esta guerra deve cessar o quanto
antes, com o respeito mútuo entre as partes, numa convivência pacífica e o
direito dos palestinos e israelenses de terem os seus próprios países, com
plena autonomia, dentro de fronteiras demarcadas.
Uma questão que agrava o conflito diz respeito aos assentamentos judeus
dentro de território palestino, que a ONU, em resolução, já determinou, sem
sucesso, que deveria ter fim. A aprovação, pelos países árabes, de
estabelecerem relações diplomáticas com Israel, já abriu uma boa porta para
um entendimento.
Mas uma das maiores dificuldades a este entendimento é a negativa das partes
em se colocar na posição do seu oponente. O que conduz à necessidade de
intermediação, pois só quem não está diretamente envolvido é capaz de
indicar soluções de forma sensata e neutra, num acordo em que ambas as
partes deverão fazer concessões mútuas.
Uma das réplicas que os judeus apresentam, com insistência, é que "Arafat
quer tudo". Quem conhece a mentalidade dos árabes sabe que esta é uma velha
filosofia de negociação, que eles sempre adotaram: pedir muito, para
regatearem.
E, certamente, o problema maior dos governos, tanto israelense quanto
palestino, será controlar a insanidade de seus próprios radicais e não
enfrentarem-se mutuamente. Porque assim como o fanático Amir assassinou o
líder Isac Rabin, e Barak já foi declarado pela direita radical israelita
como traidor, também entre os palestinos há muito ódio para ser contido e
muito fanático que não tem na paz o seu ideal. E se os dois povos se
enfrentam, ao invés de conterem seus radicais, mais se acirrará este ódio
mútuo e mais difícil se tornará se atingir a paz, que é a única solução
admissível.
Porque, nesta política insana do "olho por olho", acabarão todos
irremediavelmente cegos.
Chará
Só para precisar um pouquinho o "tudo" q o Arafat exige. São os ~22% do território da Palestina q todos (menos Israel) reconhecem como deles.
Os ~78% restantes da Palestina q todos (agora até os palestinos) aceitam como de Israel, é pouco para eles.
A melhor proposta de Israel foi devolver ~17% e Arafat teria q abrir mão desses 5% de diferença.
Arafat disse q ainda está para nascer o Palestino capaz de aceitar essa proposta.
O detalhe mortal, q na minha opinião transforma o problema em "sem solução", é q nesses 5% q Israel se nega a negociar a devolução está metade da cidade de Jerusalem.
Acho q mesmos os judeus mais razoáveis não conseguem engulir a idéia de devolver parte do controle de Jerusalém.
Mesmo q a tenham obtido apenas por conquista militar e só possam mante-la do mesmo modo.
pedro