Cartas que mudaram a História! | Rennata Airoldi | Digestivo Cultural

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Quarta-feira, 10/4/2002
Cartas que mudaram a História!
Rennata Airoldi
+ de 11400 Acessos

Hoje não vou falar sobre teatro ou sobre a arte do ator. Pelo menos não diretamente, pois na verdade tudo aquilo que diz respeito ao ser humano e às relações humanas tratam indiretamente de Arte. Também gostaria de alertar aos leitores desta coluna que não sou do "tipo" careta ou contra o progresso tecnológico, muito pelo contrário. Adoro as novidades que tornam nossas vidas mais fáceis e ágeis.

Nesta semana, porém, ocorreram-me alguns pensamentos em relação à escrita e à maneira de comunicação através dela. Tudo começou quando eu e uma amiga resolvemos, por razões profissionais, resgatar cartas e bilhetes acumulados durante todos nossos anos de vida, (na verdade não são tantos assim), para que pudéssemos refazer um pouco de nossa história e relembrar alguns dos fatos mais importantes de nossa existência.

Assim, trocamos nossos "tesouros literários" e, ao lê-los, fomos surpreendidas por um acúmulo imenso de informações e maneiras de colocá-las muito similares. Isso porque, na maior parte, essas cartas e bilhetes eram confidências adolescentes entre amigas, cartas de amor, declarações... Em meio a tantas palavras é difícil não se emocionar, não se divertir, não se remeter a um mundo que quase não existe mais. É tão bom ler cartas! Não sei se meus filhos lerão cartas. Acho que só "e-mails" que possivelmente serão rapidamente deletados. É uma pena...

Quando foi a última carta que você escreveu? Você se lembra da última carta que recebeu? E da emoção ao abrir uma carta ansiosamente esperada? A curiosidade, levando à inconfessável tentação de abrir a correspondência alheia. O ato de deslocar-se até o correio e postar a carta: pronto, não adianta mais se arrepender, pois agora as palavras ali escritas serão lidas pelo destinatário.

Pense na coisa desde o começo, desde quando alguém resolve mandar uma carta. Primeiro: escolher o papel, a caneta. Escrever, rabiscar, re-escrever, achar uma droga! Amassar o papel, jogar fora e começar tudo de novo... Só nisso já vai um tempão, fora o trabalho manual que é a escrita. Depois, colocar num envelope, enfrentar as filas do correio, selar e enviar. Trabalhão!!!

Entretanto, nada disso impediu e continua não impedindo as pessoas de enviarem correspondências umas para as outras. Escrever uma carta a alguém é no mínimo um ato de coragem. Na maioria das vezes, um ato de amor. Ninguém em sã consciência vai passar por todo esse processo para escrever a alguém que não mereça tamanha dedicação. No filme de Walter Salles, "Central do Brasil", a personagem de Fernanda Montenegro explora as pessoas justamente nesse ponto: o sentimento. A vontade de falar o que não somos capazes oralmente, localizar os que se perderam, sentir mais próximos aqueles que estão distantes...

Mas, voltando às nossas cartas, minha amiga e eu descobrimos verdadeiras "pérolas": expressões que se repetem em alguns casos parecidos. Por exemplo, quando vamos nos declarar a alguém ou mesmo dizer o que pensamos de um relacionamento, hora ou outra aparecem expressões do tipo "me desculpe se estou sendo chata", "sei que você deve estar cansado desta carta", "desculpe, esquece o que eu disse", etc, etc. Desculpas e mais desculpas.

A loucura disso tudo é que pudemos perceber o quanto não assumimos as coisas da maneira como deveríamos e o quanto diminuímos nossos sentimentos e pensamentos diante das outras pessoas. O tempo todo tratamos como algo banal aquilo que nos é muito importante e com isso nos sentimos menos sensíveis e vulneráveis.

Você deve estar se perguntando: "tá, e daí?" Hoje em dia mandamos e-mail... Sim, concordo plenamente, mas não é a mesma coisa. Todas as formalidades que envolvem escrever uma carta à mão e enviá-la pelo correio são diferentes. Isso não é saudosismo. É, talvez seja um pouco, mas e daí? Acho interessante este lado romântico da vida que vem sendo esquecido. O fato da notícia não chegar instantaneamente do outro lado do mundo, mas sim, percorrer oceanos, até atingir seu destino. Quem nunca escreveu uma carta que jamais teve coragem de enviar? Ou resolveu colocar uma carta anônima para aquela pessoa, dizendo tudo aquilo que você jamais diria "olho no olho"?

Então, foi por isso que ler todas essas cartas me fez um enorme bem e me encheu de saudade. Fiquei feliz por constatar mais uma vez que a essência do ser humano não muda. Os mesmos erros, os mesmos medos, as mesmas confusões e as mesmas angústias. Todas difíceis de serem traduzidas em palavras. Mas ao mesmo tempo, emocionantes quando ditas na hora certa, da maneira correta. Fiquei com saudade deste tempo em que sabíamos esperar. Em que executávamos algo que teria uma certa vida útil.

Muitas coisas seriam diferentes se não fossem as cartas. O atraso delas, o desvio, a perda da informação. Cartas que não chegaram nunca... Já pensou se na peça de Shakespeare, "Romeu e Julieta", eles tivessem trocado um e-mail ao invés do padre ter enviado uma carta através de um mensageiro, que não chegou a tempo para o Romeu? Com certeza a história seria menos trágica e romântica. Talvez eles tivessem casado, produzido muitos filhos e morrido velhos e acabados... E se Getúlio Vargas não tivesse escrito a carta de suicídio? Já pensou o que é escrever uma carta dessas?

Estou realmente instigada por esse universo. Eu acho que jamais deveríamos deixar de mandar cartas, pelo menos às pessoas que nos são caras. O ato de abrir o envelope e ler algumas palavras de quem a gente gosta, a quem queremos bem, tem um sabor de inocência e frescor. Hoje, só abrimos as seguintes correspondências: contas, propagandas, panfletos de ofertas. Só. Uma lástima. Eu me lembro de quando contava os dias para receber certas cartas. Era alucinante ver o carteiro descendo a rua, dava para ver de longe aquele uniforme amarelo...

É uma pena que as pessoas substituam uma coisa por outra ao invés de simplesmente deixar que ambas compartilhem uma coexistência pacífica. Mande seu e-mail sim, é rápido, fácil, eficiente. Porém, pegue uma tarde em que você lembrou de alguém com quem gostaria de conversar e escreva uma carta. Envie e espere a resposta. Certamente você terá grandes surpresas! Talvez você não possa mudar a história do mundo, mas você pode mudar a sua história. E isso já é um grande começo!


Rennata Airoldi
São Paulo, 10/4/2002

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