COLUNAS
Quinta-feira,
8/8/2002
Men in Black II
Nemo Nox
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Alguns filmes recebem continuações para que saibamos o que aconteceu depois, apresentando uma nova história com os mesmo personagens, como por exemplo The Empire Strikes Back. Outros recebem continuações para que saibamos o que aconteceu antes, dando um pano de fundo à história que já conhecemos, como por exemplo a segunda parte de The Godfather. Já Men in Black II (EUA, 2002), do Barry Sonnenfeld, ocupa uma terceira categoria: conta basicamente a mesma história com os mesmos personagens, mudando somente alguns elementos superficiais.
Assim como em Men in Black, nesta segunda aventura a missão dos homens de preto Jay (Will Smith) e Kay (Tommy Lee Jones) é proteger o planeta Terra da destruição por parte de alienígenas poderosos. Se no primeiro episódio tínhamos um insetão criando um incidente diplomático e nos colocando na mira de armas de aniquilação total, agora a ameaça é uma extraterrestre a meio caminho entre animal e vegetal e com um plano apocalíptico. Como diz o próprio Kay no primeiro filme, sempre há uma nave de guerra arquiliana ou um raio da morte koriliano ou uma praga intergalática prestes a acabar com a vida neste planeta miserável. Para evitar que isso aconteça, nossos heróis têm que desvendar um mistério que parece mas não é (a galáxia em miniatura em Men in Black ou a luz de Zartha em Men in Black II), num processo que inclui consulta a informantes e confrontos com elementos hostis. Todos alienígenas, claro.
Para esta segunda dose, o diretor Barry Sonnenfeld cercou-se de gente conhecida. No elenco, Will Smith e Tommy Lee Jones voltam aos papéis principais. Apesar de Kay estar aposentado no final da primeira história, a dupla era muito boa para ser deixada longe das bilheterias. Retornam também o chefão dos homens de preto Zed (Rip Torn), o informante de cabeças descartáveis Jack Jeebs (Tony Shalhoub), o buldogue falante Frank (voz de Tim Blaney) e as minhocas extraterrestres Sleeble, Gleeble e Neeble (efeitos especiais de Rick Baker). Linda Fiorentino não volta, mas o posto de presença feminina sedutor não fica desocupado: Lara Flynn Boyle o preenche completamente, com direito a lingerie negra da marca Victoria's Secret.
A equipe técnica também está repleta de nomes familiares. A produção é mais uma vez de Laurie MacDonald e Walter F. Parkes, Steven Spielberg volta a aparecer como produtor-executivo, a música é novamente de Danny Elfman, o desenho de produção de Bo Welch, os cenários de Cheryl Carasik e os figurinhos de Mary E. Vogt, entre outros. Para substituir o diretor de fotografia Donald Peterman, Sonnenfeld escolheu Greg Gardiner, com quem já havia trabalhado na série de televisão The Tick (cujo protagonista, Patrick Warburton, aparece aqui como o agente Tee). Enfim, gente conhecida para repetir uma história conhecida.
Men in Black II tem alguns momentos muito divertidos, principalmente os protagonizados pelo cãozinho falante e por uma raça de alienígenas alienados habitando um armário, mas o enredo é completamente decalcado do filme anterior e sem qualquer motivação para acompanhar a história além da curiosidade de ver o próximo efeito de computação gráfica (e todas as criaturas alienígenas empalidecem quando comparadas à súbita e assustadora aparição de Michael Jackson como convidado especial) ou do próximo truque de merchandising (Burger King, Marlboro e Mercedes estão entre os produtos descaradamente encaixados na história). Barry Sonnenfeld, em sua tentativa de reproduzir fielmente seu sucesso anterior, acabou reproduzindo um de seus fracassos, a seqüência desinteressante de The Addams Family.
Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Nemo Nox é editor do blog Por um Punhado de Pixels e do site Burburinho, onde este texto foi originalmente publicado.
Nemo Nox
Washington,
8/8/2002
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