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Terça-feira,
6/4/1971
Quem é Gian Danton
Gian Danton
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Meu nome é Ivan Carlo Andrade de Oliveira, mas nove em cada dez pessoas me conhece como Gian Danton.
É um pouco para explicar esse imbróglio que fiz questão de escrever esta apresentação.
O pseudônimo Gian Danton surgiu no final dos anos 80. Nessa época eu comecei a escrever histórias em quadrinhos, a maior parte ilustradas por Bené Nascimento (que hoje assina Joe Bennett e desenha histórias do Homem-aranha).
Naquele período tenebroso nós estávamos saindo de uma ditadura e todos acreditavam que os militares não iriam desistir tão facilmente do poder. Tanto que, toda vez que ouvíamos aquela musiquinha do plantão do Jornal Nacional, pensávamos: "Pronto, a ditadura voltou".
Bem, a diversão predileta, minha e do Bené, era sacanear os militares em nossas HQs. Tínhamos um personagem chamado Coronel Ordem que era o símbolo da ditadura. Terminava com ele louco porque sua esposa o havia corneado com um de seus superiores...
Em outra história, intitulada "Arlequim", um militar homossexual é atormentado pelas lembranças de um homem que ele torturou no tempo da ditadura.
Fazendo esse tipo de história, eu achei que precisava de um pseudônimo. Assim, quando os militares tomassem o poder, até eles descobrirem que o cara que fazia aquelas histórias era eu, eu já tinha picado a mula (na época era senso-comum entre meus amigos que deveríamos fugir em massa do país se a ditadura voltasse).
Gian Danton caiu como uma luva, pois Danton era um dos principais líderes da revolução francesa.
Tudo isso pode parecer um pouco paranóico e é mesmo. Minha avó, que passou por três ditaduras, dizia que as paredes tinham ouvidos. Umberto Eco diz que o mal do século XX é a paranóia, mas não explica porque. Em minha opinião, a grande quantidade de regimes totalitários que tivemos no século passado criou uma espécie de paranóia no inconsciente coletivo (talvez eu escreva sobre isso algum dia).
O fato é que a ditadura nunca veio e as pessoas que curtem quadrinhos e literatura passaram a me conhecer como Gian Danton.
Atualmente sou professor universitário em Macapá (onde todo mundo me conhece como Ivan Carlo).
Meu último trabalho importante na área de quadrinhos foi o roteiro da revista Manticore, que ganhou todos os prêmios possíveis, mas não deu grana para nenhum de nós.
Quando não estou dando aulas, dedico-me a escrever. Tenho vários livros publicados pela Virtual Books e mais três livros (esses impressos) lançados pelas faculdades em que leciono. São sobre redação científica, redação jornalística e cultura pop.
Tenho dois filhos: o Alexandre Magno, que sabe o nome e a localização de todos os países do mundo, e a Moira, que adora sentar no meu colo quando estou escrevendo (quem descobrir as referências quadrinísticas nesses dois nomes ganha um doce. Duas dicas: Watchmen e X-men).
Gian Danton
Macapá,
6/4/1971
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