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Segunda-feira,
11/11/2002
Anthonio: Um artista múltiplo
Nanda Rovere
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Mais uma vez vou comentar a respeito do trabalho de um artista mineiro.
Não desmerecendo os grandes artistas naturais de outras regiões do Brasil, sem dúvida, Minas Gerais é um celeiro de muitos talentos.
Certamente o que garante ao artista o respeito ao seu trabalho é a dedicação e amor à arte, qualidades presentes na trajetória do cantor, compositor, ator, diretor musical, bailarino, percussionista, isto é, do versátil Anthonio.
Uma dos maiores méritos de Anthonio é não estar preocupado em realizar um trabalho voltado somente ao mercado, mas sim buscando a consolidação de uma carreira através de projetos compromissados com a valorização da cultura brasileira e ao lado de profissionais de grande respeito no teatro e música.
Muitos devem conhecê-lo como Toninho Marra, seu antigo nome artístico. Anthonio é um jovem artista, mas com uma vasta experiência docente e nos palcos.
Estudou na Babaya Escola de Canto em Belo Horizonte e atualmente ministra aulas na mesma.
Um dos momentos mais importantes e bonitos de sua trajetória profissional foi a participação no show "Tambores de Minas" de Milton Nascimento dirigido por Gabriel Villela (1997).
Este show foi especial na trajetória de Milton (um cantor com voz divina e carismático) e teve um repertório de primeira qualidade como "San Vicente", "Léo", "Paula e Bebeto", "O que Foi Feito de Vera", entre outras canções.
O cenário e o figurino valorizavam a cultura mineira e, tudo foi elaborado artesanalmente. Contribuindo para a magia de "Tambores de Minas" atuaram ao lado de Milton jovens que o acompanhavam nas canções, tocavam tambores e dançavam/realizavam acrobacias no palco. Anthonio interpretou, com sua voz suave e cativante, "Caçador de Mim" ao lado de Milton, um dos momentos mais emocionantes do show.
Outro destaque foi a atuação de Anthonio, como protagonista, na Ópera "Fogueira do Divino", de Fernando Brant e Tavinho Moura, que teve a participação da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2000).
No ano passado lançou o CD "Anthonio", onde interpreta canções de sua autoria com destaque para "Do Rosário", parceria com Milton Nascimento e "A Voz no Tempo", parceria com Fernando Brant (emocionante homenagem ao Milton). Também estão presentes neste trabalho canções de grandes compositores como "A Terceira Margem do Rio" de Milton Nascimento e Caetano Veloso, "Sonho e Pedras" de Murilo Antunes e "Que se Danem os Nós" de Ana Carolina e Totonho Villeroy, os quais compuseram esta canção especialmente para o CD.
Anthonio é um grande admirador das manifestações culturais de sua terra natal (Divinópolis, interior de Minas) e as suas composições são inspiradas, sobretudo, nas tradições de sua região como o congado, as festas populares e religiosas.
Além de estar envolvido com os shows de divulgação CD, estreou no Rio de Janeiro o musical "Missa dos Quilombos" com a Cia. Ensaio Aberto que completa dez anos de existência.
Este espetáculo, de Milton Nascimento, Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra (o texto foi escrito em 1981), tem direção de Luiz Fernando Lobo e faz uma critica às precárias condições de trabalho da maioria da população brasileira.
Sem dúvida, Anthonio é um dos mais significativos representantes da arte mineira contemporânea e merece todo o reconhecimento que conseguiu nos seus anos de profissão.
Nanda Rovere
São Paulo,
11/11/2002
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