COLUNAS
Segunda-feira,
6/1/2003
ShoppinG: o ponto G da questão
Félix Maier
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Dias atrás, descobri por que as mulheres são mais longevas do que os homens.
A preocupação delas é totalmente diferente da dos homens. Com o
décimo-terceiro na mão, enquanto eu estava numa sinuca de bico, entre
liquidar o resto da dívida do apartamento financiado pelo SFH, ou então
cobrir o "limite" no banco, minha mulher estava apenas preocupada em ganhar
um Chanel nº 5 como presente de Natal... Ou então uma bolsa de couro da
Arezzo. Só serve da Arezzo. E minha filha, que estuda Matemática na UnB, num
simples pedido de amigo oculto (eu fui o "sorteazarado"!), pede uma
calculadora. Não aquela que pode ser encontrada numa loja de 1,99. Ela quer
uma calculadora científica, da HP, que mostra gráficos no visor, cem dólares
no mínimo! Para que se preocupar com dívidas, se o Natal está tão próximo,
se é época de festas, época de torrar o dinheiro que se tem e o que não se
tem? Relaxe, meu benzinho, é o que as mulheres dizem, especialmente nesta
época.
Nos tempos bíblicos, até podia ter um Matusalém ou outro. Era um sinal claro
de que Deus tinha abençoado aquela criatura, merecedora da graça divina da
longevidade. Havia um respeito profundo dos mais jovens pelos idosos. Hoje,
ainda pode haver um bom número de matusaléns por aí, não tanto por obra da
graça divina, mas por conta da diminuição das guerras e da medicina
avançada. Porém, quem se destaca mesmo entre a população moderna são as
matronas, as viúvas velhíssimas, que vão enchendo o mundo até não caber mais
ninguém. Você já reparou como cresce o número de mulheres idosas? Na família
de minha mãe, já tenho três tias viúvas, sem contar minha mãe, viúva há um
ano - que Deus tenha sido misericordioso com a alma de meu pai. Meus tios
foram mesmo uns frouxos, assim como um sem-número de tios de vocês também
devem ter sido, não é meus caros leitores?
E não é só no Brasil que existem mais mulheres idosas do que homens. É uma
tendência mundial. Quando os economistas dizem que o dinheiro que entra em
nosso País não provém somente de malvados capitalistas, mas também das
velhinhas de Nova Iorque, que têm dinheiro aplicado no mercado financeiro,
não há nenhum exagero. FHC vai meter a mão em 3 bilhões de dólares até o fim
do ano, levantados pelo FMI. O novo governo, do PT, já afirmou que vai sacar
os 20 bilhões restantes, também emprestados pelo Fundo (por que eles seriam
tão burros em não torrar essa dinheirama toda?). E de onde vem esse dinheiro
todo? Das velhinhas de Tio Sam, meu amigo. Quem diria! O verdadeiro gigolô
americano é o Governo brasileiro...
Mas, voltando à longevidade das mulheres, têm elas razão em não se
enfartar, como costumam fazer os bobocas dos homens. Para que se preocupar
com dívidas, se os dez cartões nas mãos dão tanto prazer? Por isso é que as
"matusas" modernas são tão longevas. Com cartões de lojas como Otoch,
Renner, Riachuelo, com o cartão de crédito Visa coçando a mão, por que
voltar deprimida para casa? Aliás, não existe mulher deprimida; existe
mulher com sacola vazia. Não existe mulher triste; existe mulher sem cartão
de crédito. Não existe mulher insatisfeita; existe mulher que não tem jóias
para pendurar no "prego" da Caixa.
O meu dinheiro, coitadinho, foi todo embora. O "limite" no banco já estourou
há muito tempo, vai ficar como está, vou pagar mais de cem reais de juros
por mês - uma loucura! O dinheiro do apartamento a gente arranja depois, só
Deus sabe quando. Mas, como é bom ver a felicidade de minha mulher e de
minha filha quando retornam das compras, com as sacolas cheias de roupas e
perfumes! Os olhos delas brilham mais que as bolas e as lâmpadas do
pinheirinho de Natal. Dá vontade de esganá-las de uma vez por todas...
Por isso, tenho cá minhas dúvidas, de que é no ponto "G" que as mulheres
sentem prazeres infindos. Estou convencido de que o ponto de prazer não é o
ponto "G", de Grafenberg, mas o ponto "G" de shoppinG...
A todos os homens, um feliz - feliz? - sim, feliz Natal. A todas as mulheres
- "matusas" ou não - um Natal felicíssimo, com um carrinho cheíssimo de
compras - roupas, perfumes, jóias -, e que o Ano Novo lhes seja pródigo em
presentear mais e mais cartões, mais e mais "visas", mais e mais "pregos" na
Caixa... Um beijão a todos vocês!
P.S.: Época de Natal é época de ir às compras. Ter encontro com Papai Noel.
Mas, é também época de comemorar o nascimento do Menino Jesus. Alguém, aí,
ao menos vai se lembrar de cantar o "Parabéns a você" ao aniversariante do
dia 25 de dezembro?
Félix Maier
Brasília,
6/1/2003
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