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Quinta-feira, 16/11/2023
The Nothingness Club e a mente noir de um poeta
Elisa Andrade Buzzo
+ de 13100 Acessos

Se não podemos ver o que se passa na mente de um escritor, ou de um cientista, por exemplo, e o método de trabalho projetado pode consistir em letras, frases, números, equações, o cinema há de, por uma série de imagens de impacto fabricadas, apenas ilustrá-las. E, ainda, glamourizar, mitificar, representar em momentos brilhantes e refulgentes a cadeia de trabalho de criação e investigação, mesmo parte da vida, de grandes personagens?

Isso foi um incômodo para mim na primeira parte de Oppenheimer (2023), embora em Não sou nada – The Nothingness Club (2023) tenha sido mais apanhada em especial por um ou outro jogo de cores (sobretudo negro e vermelho), sombras, uma atmosfera neo-noir ou uma brincadeira noir (lembro do número “The Girl Hunt Ballet”, de The Band Wagon (1953), mas aqui o filme se pretende ser masculino demais), luzes perturbantes para... para afinal apanhar o que se poderia passar em um grande cérebro criativo?

Inspirado na obra de Fernando Pessoa, Não sou nada – The Nothingness Club coloca em dois planos narrativo-imagéticos acontecimentos da mente do poeta. Mente que é colocada como, em seu funcionamento, um film noir, no qual, muito simplificadamente coloco, no entanto, efetivamente, Pessoa (ortônimo) como o “mocinho”, esse detetive de si próprio que procura a si mesmo e aos outros; e, dentre os heterônimos, Álvaro de Campos, o mais agressivo, é o vilão de destaque; Miss Ofélia (uma Lisabeth Scott?) segue a linha “anjo-demônio” das femme fatale.

Mas para esse noir da mente são necessários cenários. Os planos são um hospício (e aqui há de se lembrar um outro filme, em que uma menina, internada pelo padrasto, cria em sua mente todo um campo de batalha, um grandioso universo paralelo, para tentar fugir do hospício real – Sucker Punch (2011)) e a mente pessoana “em funcionamento” no momento da escrita, da atribuição dos heterônimos aos textos. Esta não só é povoada por essas personagens noir, como também em um ambiente noir, o tal clube mental, manifesta-se.

Note-se que Lisboa nunca aparece realmente no filme, apenas em imagens de arquivo. O clube tem um luminoso vermelho de néon (bem ou mal, lembro do Fernando Pessoa em cenário encarnado de Almada Negreiros) em sua sala principal, e uma pequena amplitude de escritório com mesas, organizadamente dispostas como poderia ser a “ideia” da mente pessoana (lembra-me o escritório da comédia com ares noir, The Whole Town’s Talking (1936), com um Edward G. Robinson – veja só – duplo: vilão e mocinho). Não falta ao escritório uma barbearia, um pianista interpretando canções intimistas em um velho piano desafinado.

Há uma orgia de estalos de máquinas de escrever (mas os poetas não costumam, primeiro, escrever à mão?), fumaças de cigarros ou charutos (que às vezes parecem atuar pelas personagens), persianas, rostos conturbados, traições, atos de violência cometidos entre elas próprias, corridas do nada em direção ao nada, nesse escritório que se remete, acanhadamente, àquele futurístico de Brazil (1985) (que dizer do “ocupado” Pessoa, por ele caminhando às pressas, “despachando” os papéis-criações que os heterônimos tentam lhe entregar?).

Uma vez me perguntei por que não se fazem (ou não se fizeram) neo-noirs em Lisboa (a velha história da sua luz?), quando me deparei com o longa O fio do horizonte (1992), o qual, curiosamente, no entanto, em outros termos, também, como este Não sou nada, lida com um personagem em busca de uma imagem de si e de seu destino. Agora, mais um filme entra nessa lista, muito embora a cidade de fato não apareça, antes a uma dela personagem é dado o recorte de possuir uma mente com elementos do film noir, a fim de representar a sua criação poética.


Elisa Andrade Buzzo
Lisboa, 16/11/2023

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