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Sexta-feira,
24/1/2020
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Tecnologias e borboletas
>>> Investi alguns anos, muitos finais de semana e alguns litros de lágrimas para escrever uma tese acadêmica ultrapassada. Vejam só onde vamos dar: com os burros n'água da obsolescência - programada. É que escrevi, por alguns anos, e defendi, em um ensolarado março de 2008, uma tese de doutorado sobre "tecnologias da informação e da comunicação", um rol de coisas que, então, com menos pudor, atendiam também pela sigla TIC.
por Ana Elisa Ribeiro
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Paisagem interna agreste
>>> Deixar o oceano, para encontrar um rio, que é mar, um mar, que é rio e nenhuma das duas coisas, só um estranho e calmo azul habitado por um navio abandonado, num cais esquecido. Esquecer as ondulações calmas, as estrias de água azul-turquesa, a espuma esbravejando calma nas rochas feridas, a agreste vegetação rasteira sagrense. Olvidar o azul mixado ao amêndoa, entornado por uma moldura de algas marinhas castanhas ondulejando, como pestanas vivas e comunicativas.
por Elisa Andrade Buzzo
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Ler, investir, gestar
>>> É uma infelicidade que as pessoas disponham de tempo para muitas coisas e não para ler. Mas a ideia de que ler é uma certa cena, e não outras, também não ajuda. Há um tipo de aprendizagem que só chega via leitura. Não chega de outro jeito. Pode haver traduções, adaptações, resumos, sinopses, resenhas, adequações, mas é outra experiência, que exige outro investimento de corpo e mente.
por Ana Elisa Ribeiro
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Notas confessionais de um angustiado (Final)
>>> Não digo que passo por um bloqueio criativo, mas estou numa fase da história em que não consigo pôr no papel o que tenho em mente ou anotado nas folhas de um caderno de capa azul, fragmentos soltos cujos motivos pelos quais anotei eu não lembro mais. O prazo é o maior motivador e desmotivador ao mesmo tempo. Sempre que sinto a aproximação da data da entrega, acabo sempre conseguindo concluir meus projetos de escrita.
por Cassionei Niches Petry
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O feitiço do tempo
>>> Entender a proposta do romance é abrir-se aos mistérios tantas vezes propalados na modernidade com base naquela notória frase do bardo, aquela, calcada na vã filosofia dos céticos. Não é estragar a surpresa, mas toda a carpintaria da obra é construída com base no que há de inexplicável, de estranho entre o céu e a terra, num mistério cuja chave remete tanto a Shakespeare como a Cervantes.
por Renato Alessandro dos Santos
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Coisa Mais Linda
>>> Curso sobre Tom Jobim, na Universidade George Mason, em Arlington, Virginia. Não se trata de currículo regular, de graduação. Faz parte do Encore Learning, cursos de "alta qualidade acadêmica". como informa sua webpage, destinados a pessoas com mais de 50 anos que queiram se dedicar aos prazeres do estudo, sem ter como objetivo títulos e diplomas. O menu oferecido é abrangente e irresistível.
por Marilia Mota Silva
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Entrevista com Gerald Thomas
>>> O dramaturgo e encenador Gerald Thomas lançou o livro Um Circo de Rins e Fígados, com grande parte dos textos de suas peças (mais de 20 entre as mais de 80 peças que criou). O livro foi publicado pela editora do SESC e vem acompanhado de parte da fortuna crítica e de excelentes ensaios que aprofundam uma leitura de seu teatro. Entre os ensaístas estão Danilo Santos de Miranda, Adriana Maciel, Dirceu Alves Jr. e Flora Süssekind.
por Jardel Dias Cavalcanti
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Meu Sagarana
>>> Terminei de ler Sagarana faz dois anos. Foram semanas dedicadas às novelas - e, não, em sua maioria, contos, como lembra Paulo Rónai; também não foi - cada uma - nenhum bicho de sete cabeças. Nada disso. Pelo contrário; no meu caso, a cada semana, meus alunos leram uma estória (vai) de Sagarana e, para discuti-las com eles, fui lendo também, e, então, a peleja chegou ao fim.
por Renato Alessandro dos Santos
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Melhor que muito casamento
>>> Estou aqui há 16 anos. Aqui, sim, nesta coluna. Nem sempre na sexta-feira, mas talvez mais nela do que em outros dias da semana. Sim, há 16 anos escrevo "crônicas" para o Digestivo, a convite do Julio Daio Borges, ou simplesmente Jui, atingindo leitores/as que raramente se revelam. De vez em quando se manifestam e ficam amigos, em raríssimos mas existentes casos.
por Ana Elisa Ribeiro
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Houston, we have a problem
>>> Parecia um conto de fadas. A menina pobre que foi morar num castelo com um príncipe. O dragão morto. As armas. Os barões assinalados. Para viver feliz para sempre? Bem, esse tipo de coisa realmente não existe, existe? Mas, enquanto dura, é OK, tipo felicidade feito chama e tal. O problema era que o dragão não estava morto, o príncipe não era lá grande coisa e >>> Whitney Houston <<<, dando um piparote temporário na tristeza, tratou de cuidar do vozeirão que Deus, naqueles cinco minutos a mais que dispensou a ela, lhe deu.
por Renato Alessandro dos Santos
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O Vosso Reino
>>> Aposto que o leitor também possui histórias sobre o que fazia durante as manifestações de 2013, onde estava e como aquilo impactou sua vida. O Vosso Reino, romance de estreia de Warley Alves, pode ser considerado uma forma encontrada pelo autor para processar aqueles acontecimentos. Doutorando em História pela UFMG, Warley possui pesquisa sobre a influência de intelectuais na Revolução Mexicana. Tal qual o seu objeto de estudo, O Vosso Reino é um exemplo de como a literatura pode se engajar, amplificando, através de seu potencial de explorar sensibilidades, o diálogo com os leitores.
por Luís Fernando Amâncio
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Domingão, domingueira
>>> Deus teria descansado no domingo. Trabalhou a semana inteira e se cansou (desta lambança). Parou para dormir, respirar, repensar, não sei. E ficou sendo assim. Tiramos a féria durante cinco ou seis dias e paramos no sétimo, em tese, a fim de recobrar as energias. "Em tese" por quê? Porque dependendo do domingo, ele mais suga do que resolve o problema do cansaço. Tem pouca coisa mais cansativa do que uma festa de família, por exemplo.
por Ana Elisa Ribeiro
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Teatro sem Tamires
>>> Teatro é um pouco assim, a gente frequenta, como frequenta a vida. E, no palco, vê ela própria como uma coisa moldável, diante do falseamento, pronta a explodir. É tudo um teste, uma experiência; e nesse tubo de ensaio vigoroso, que nem sempre me dá ganas, o sangue pulsa numa temperatura mais que humana. E agora lembro daquela peça no Viga, em que fomos com o grupo do balé, misturando as falas de tantos Shakespeares pra gerar um monólogo de amor com aquele ator tão carismático?
por Elisa Andrade Buzzo
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A Vida dos Obscuros
>>> Em A Vida dos Obscuros - título inspirado por um poema de Cora Coralina -, meu personagem é uma menina orfã, que segue pela vida à mercê do acaso, da cultura e realidade social do nosso País. Através dela, procurei falar do brasileiro do interior, que vive à margem do poder, distante dos centros de decisão e dos centros culturais. Ou vivia, até há pouco tempo, quando não havia internet, Google, redes sociais etc.
por Marilia Mota Silva
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Rinoceronte, poemas em prosa de Ronald Polito
>>> Fragmentação, isolamento, comunicação antissináptica, redução de sentido, modulações como minas terrestres endereçadas à hermenêutica, redistribuição não cartesiana de séries decididamente paradoxais. A aranha tece uma teia onde as linhas não se encontram. Nada se comunica, numa espécie de mundo explodido. Nesse sentido, o que importa é mais a forma que o conteúdo. Não simplesmente o que se diz, mas como se diz.
por Jardel Dias Cavalcanti
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Julio Daio Borges
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