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Terça-feira, 24/6/2003 Divagações Maurício Dias Neste mês de junho fui testemunha de uma confusão de identidades na internet. Alguém que escreve num site de jornalismo não era quem eu achava que era. Ocorreu-me que também eu estou passível de ser confundido com homônimos. Mauricio Dias é um nome comum, há um artista plástico e "videomaker" com este nome, e um ex-editor do Jornal do Brasil, que se não me engano hoje faz documentários. Como em geral escrevo sobre cinema e pintura, é bem possível ser confundido com estes dois. O MD artista trabalha em parceria com Walter Riedweg. O jornalista era colega de Fritz Utzeri. Riedweg e Utzeri sim, são nomes inconfundíveis por estas bandas. Mauricio Dias é um nome muito vira-lata. Talvez eu devesse adotar um dos meus outros sobrenomes. Um deles é Souza. Desde pequeno ouço que sou o criador da Mônica e do Cebolinha. O Souza do original é Sousa, com "s". Mas ia ser confuso do mesmo jeito. Talvez um pseudônimo? Gosto daqueles dos reis de antigamente. Pedro, o Grande; Ivan, o Terrível; Dom Manuel, o Venturoso (embora este possa sugerir problemas de gases). Dona Maria, a Louca, é bem pouco lisonjeiro. De todos o meu preferido é Pedro, o Gotoso - sim, por que ele sofria de gota. Em Ipanema, sempre que admirava as meninas de biquíni, acabava emitindo o gracejo "Gotosa" - e este é o tipo de coisa que só se faz em companhia de amigos, que graça tem fazer um comentário cafajeste se ninguém vai ouvir? Mas isso é uma digressão, o assunto era a busca de uma alcunha inconfundível. Mauricio, o Gênio? Talvez soe um pouco arrogante. Imagino como seria se ainda se mantivesse esta tradição de apelidos entre os mandatários do séc. XX e contemporâneos: Jânio, o Bêbado; Marco Maciel, o Magro. Ia ter muito político com apelidos impublicáveis. Fulano, o Filho da P... E os internacionais? Princípe Charles, o Feio; Menem, o Milongueiro; Fidel, o Barba; Clinton, o do Charuto. Lula, de certa forma recuperou este tipo de apelido. No início era Luis Inácio da Silva, o Lula. Mas virou Luis Inácio "Lula" da Silva, e perdeu o impacto. Quanta bobagem... Já decidi, não vou usar apelido: a partir de agora assino Mauricio O. Dias. Mais ou menos como Samuel L. Jackson. Olympia, de Otto Friedrich Encontrei num sebo e devorei rapidamente o ótimo Olympia de Otto Friedrich. Fundamental para quem se interessa pelos pintores impressionistas, o livro está esgotado nas livrarias. Bem que a editora, a Companhia das Letras, poderia relançá-lo. Este é um problema com os livros aqui: depois de uns anos não são relançados e torna-se dificílimo achá-los. Nos Estados Unidos encontra-se quase tudo - inclusive o Olympia - na amazon.com, a preços acessíveis. O legal no livro é que ele contextualiza bem a época, fala do governo de Napoleão III, da reestruturação de Paris - através da destruição dos cortiços e a criação de alguns parques hoje célebres - e da Guerra Franco-Prussiana. E é claro, fala muito de Manet, suas obras-primas e sua recusa em se unir totalmente aos impressionistas. O autor, Otto Friedrich, é um historiador americano, que trabalhou durante anos como correspondente estrangeiro para a Star and Stripes, revista oficial do Exército dos EUA. Este currículo garante ao mesmo tempo uma pesquisa acurada e uma agilidade de texto saborosa. Otto é também o autor de "A Cidade Das Redes - Hollywood nos anos 40" (também da Companhia das Letras). É o melhor livro que já li sobre a indústria de cinema - não é um livro de críticas. Para escrevê-lo, Otto leu cerca de quinhentos livros sobre Hollywood. Valeu a pena, porque ele criou um painel grandioso, onde se fala do cinema como arma de propaganda na guerra, a ação da máfia nos sindicatos, Mcarthismo, e muito mais. E vemos expostas as fraquezas humanas daquelas pessoas que por gerações têm manipulado os sonhos de todo o mundo. Dica internética Para terminar uma dica internética. Gustav Klimt foi o gênio austríaco da pintura e da art deco na transição dos séculos XIX/XX, sua obra mais famosa é "O Beijo". Para quem aprecia a beleza, recomendo entrar no site expo-klimt.com e clicar nas imagens que tem lá. Maurício Dias |
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