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Terça-feira, 30/5/2006 Entre os novos autores, uma artista Rafael Lima ![]() Não é exagero; inúmeros exemplos se espalham: a Editora do Autor poderia ter dez Paulos Mendes Campos, vinte Sérgios Portos e trinta Fernandos Sabinos e ainda assim correria o risco de não marcar presença sem a inovadora programação visual de Eugênio Hirsch; o mesmo pode ser dito para os discos de bossa nova da Elenco. Qualquer apreciador de tipografia sabe que a fonte ressucitada por Bea Feitler para o logotipo do hebdomadário Pasquim, em 1969, seria usada até gastar na década que se seguiu. A Companhia das Letras não teria estabelecido uma respeitabilidade tão sólida, a partir do começo dos anos 1990, sem valorizar suas capas, chegando a produzir tiragens com detalhes pintados à mão. Portanto, se Victor Burton tem papel fundamental ao nivelar por cima a qualidade das capas de livros brasileiros, estaria nas mãos de Mariana Newlands a unidade gráfica da nova literatura. E que mãos. ![]() Coincidência ou exiguidade do mercado editorial, coube a ela dar rosto a alguns dos principais projetos que têm revelado novos autores, como as coletâneas de contos Rio Literário e Contos sobre Tela ou a capa do terceiro e recém-lançado livro de Daniel Galera, Mãos de Cavalo (só por reunir os dois um marco dessa geração). Não é a única programadora visual em cujos cuidados os novos textos ficaram; há que se lembrar do multi-instrumentista Joca Reiners Terron (editor, escritor, capista e faz-tudo no seu selo, Ciência do Acidente), ou de Guilherme Pilla, que conferiu respeitabilidade às diminutas edições da Livros do Mal com um projeto arrojado - mas só Mariana parece capaz de colocar todo mundo debaixo de seu guarda-chuva, de bolar uma identidade ao mesmo abrangente e inconfundível, que vá garantir que todos os autores sejam reconhecidos pela mesma chancela. Uma espécie de marca de qualidade, onde o leitor titubeia ante um escritor que ainda patina em seu ofício, a capa dá aquele empurrãozinho que faltava para a aquisição do livro. E se até o próprio Galera confessa abertamente que compra livro pela capa, nada mais justo que, naqueles segundos iniciais em que o feitiço de uma capa bem bolada é mais forte, a gente lembre dela: à Mariana o que é de Mariana. ![]() Para ir além Interlúdio, por Mariana Newlands Rafael Lima |
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