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Quinta-feira, 14/4/2011 Kindle, iPad ou Android? Vicente Escudero O leitor já deve estar acompanhando há tempos todas as mudanças que vêm ocorrendo no cruzamento entre o mundo dos tablets com o dos livros. Com alguns acidentes aqui e ali, já é possível dizer que a experiência de leitura num dispositivo eletrônico é igual ou até melhor que a leitura do livro em papel. Isso sem contar a competição dos tablets com outros tipos de edições como revistas, jornais e quadrinhos. Não conheço ninguém que possua um tablet e tenha comprado um livro impresso em vez de sua edição digital, se disponível. E essa facilidade da leitura vicia e pesa mais no bolso, mas não traz prejuízo. Embora estas considerações devam ser levadas em conta apenas para o mercado de livros e tablets fora do Brasil, já que o mercado nacional destes aparelhos e das edições digitais ainda é incipiente, é irreversível a tendência de migração do conteúdo impresso para o digital. É público e notório que as vendas de edições digitais já ultrapassaram e deixaram para trás as edições físicas de livros e o número de visitantes nos jornais on-line faz desaparecer o público da versão impressa, ainda que mais lucrativa para os publishers. A Amazon já venceu. Agora só resta saber até quando os concorrentes vão competir estrategicamente para permanecerem derrotados. Aos leitores que pensam em migrar para edições digitais, há três opções viáveis, desconsiderando os smartphones: Kindle, iPad e tablets com sistema Android. Fui usuário do primeiro durante um ano e meio e não tenho reclamações sobre o aparelho. Neste período, devo ter lido mais ou menos trinta e cinco edições digitais, excluídos blogs e leituras relacionadas ao meu trabalho. Em meados de fevereiro, migrei para o iPad. A situação só melhorou. Também já experimentei um Galaxy Tab com Android e achei o sistema bastante eficiente. Mas qual é o melhor? O iPad. E muito. Comparados aos outros dois sistemas, o tablet da Apple oferece uma experiência muita mais rica e criativa, permitindo que o usuário passe de um aplicativo para o outro sem atrapalhar a leitura. E, convenhamos, se você vai gastar muito com um tablet, ele deve fazer mais coisas do que simular e armazenar livros, certo? O sistema operacional do iPad, o atual iOS 4.3, é muito rápido, mesmo instalado na primeira versão do aparelho. E quando digo rápido, refiro-me ao suficiente para se comparar aos aplicativos funcionando no Windows 7 em um computador com processador Core i5. Existem diferenças mínimas de tempo para carregamento de páginas no navegador e de alguns aplicativos. Entretanto, depois de algum tempo usando o aparelho, o único problema preocupante que notei foi o teclado touchscreen ocupando uma parte substancial do espaço da tela enquanto digitava um texto longo. Você não vai perceber os milissegundos de diferença que os sites de tecnologia tanto noticiam por aí na batalha entre navegadores da Web, nem vai querer jogá-lo pela janela quando ele der pau porque o iPad aguenta firme longas sessões de trabalho sem surpreender com qualquer bug. Ressalto que estas comparações entre o funcionamento dos sistemas operacionais se referem apenas aos softwaress utilizados no dia a dia pelo usuário comum, como editores de texto, planilhas, editores de imagem e áudio. Se você está procurando um aparelho para substituir seu videogame e o que você procura deve estar no nível de um Playstation 3, sinto lhe dizer que os jogos do iPad funcionam, na maioria dos casos, como meros passatempos. Nada de viagens gráficas como Uncharted e Gran Turismo. Neste caso, apenas a opção de jogos on-line entre vários competidores é equivalente à experiência do console. Mas se você procura um tablet que pode substituir seu notebook para tarefas do dia a dia como e-mail, Twitter, edição de textos, planilhas, assistir vídeos até em HD e navegação na Web, o iPad entra no jogo. Apesar de algumas limitações para impressão de arquivos (quem tem impressora bluetooth ou sempre está conectado em rede?) e a bagunça planejada que ainda é o iTunes (é fácil comprar algo por impulso, difícil trocar arquivos com o iPad), ele cumpre por mais de 10 horas seguidas, sem descarregar a bateria, qualquer uma das tarefas ou, acredite, algumas delas ao mesmo tempo. Isso é muita coisa para um aparelho com a espessura de uma revista e que pesa pouco mais de meio quilo. Não existe muita área para inovação no seguimento de livros digitais. Mesmo com a diferença do suporte, livros são textos, e textos podem se adaptar a aparelhos mais simples, como o Kindle, sem dificuldades. Eu fui um crítico do iPad logo no lançamento, imaginava que sua grande quantidade de funções dispersaria a leitura do usuário que buscasse apenas migrar do papel para o meio digital. Hoje reconheço que estava errado. O iPad é muito bem-acabado e a experiência de utilização é extremamente suave e personalizável. As edições digitais da iBooks são mais refinadas que as do Kindle, o dicionário é mais rápido e as anotações deixam pequenos post-its ao lado do texto marcado. Noves fora que as trocas de página simulam um livro de papel. Além destas vantagens para o leitor, alguns aplicativos podem funcionar no background, os vídeos são reproduzidos perfeitamente, sem lag, não importando o tamanho e a internet, mesmo sem Flash, é uma experiência completa. Os concorrentes sofrem para acompanhar a qualidade do iPad. Apesar do Kindle atender às expectativas do leitor, hoje não faz mais sentido adquirir um reader exclusivamente para leitura e que ainda possui um visor preto e branco. Já os tablets que carregam o sistema Android são peças excelentes de hardware sem softwares à altura. Sua loja de apps ainda possui apenas um pouco mais de 50 aplicativos à venda. Imagine como seria sua vida se o seu computador estivesse limitado a apenas estes softwares. E ainda existe o problema da fragmentação do sistema operacional, atualizado "sabe-se lá quando" pela operadora ou pelo próprio Google, de acordo com o tablet adquirido e o país onde o usuário se encontra. É horrível depender da boa vontade de terceiros e ver outras pessoas com um aparelho similar, só que rodando o software atualizado. No bolso do consumidor isso pesa como dinheiro perdido na rua. A tecnologia dos tablets ainda é nova, tem um campo muito grande para avançar e limitações muito menores do que as existentes nos aparelhos celulares. Mesmo assim, o iPad já pode ser considerado o tablet que definiu o próprio conceito do hardware. É só dar uma olhada nos aparelhos criados pela Samsung e Motorola para perceber de onde vieram suas idéias de design e acabamento. Se você também é um leitor assíduo que lê livros em inglês e tem dúvidas sobre qual aparelho comprar, não pense duas vezes: vá de iPad. Assim, você lê mais, melhor e gasta menos. E ainda leva um pequeno notebook de brinde... Vicente Escudero |
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