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Quinta-feira, 13/2/2014 Educação divertida e diversão educativa Carla Ceres Quer perguntem aos professores, aos pais, aos colegas de classe ou apenas a si mesmos, todos os alunos, em várias ocasiões, desejariam, sincera e entediadamente, saber uma coisa só: "Mas pra que raios eu tenho que aprender isso?" Sendo repetida há séculos, a pergunta já tem uma resposta oficial apavorante: "Para usar em matérias mais complicadas que você vai precisar aprender mais tarde". Essa pergunta quase nunca aparece em aulas particulares, porque os alunos já se conformaram com a grande verdade: precisam aprender "pra passar de ano". Com raras exceções, a escola atual pouco ensina, mas mantém o posto de certificadora do conhecimento. Pouco lhe importa se as notas foram obtidas em um processo de decorar macetes, colar, comprar trabalhos, passar e esquecer. O essencial a sua sobrevivência é que nenhuma profissão seja exercida sem a apresentação de algum diploma ou certificado. Sem o ensino fundamental completo, por exemplo, não se consegue emprego na área de manutenção de edifícios, mesmo que se esteja apto a exercer a função do ponto de vista prático. Em contrapartida, um analfabeto funcional com diploma universitário (há muitos por aí) estará oficialmente apto a atuar na área em que se formou. A apatia dos alunos pode diminuir com a ajuda da internet, porque ninguém pergunta "E o Kiko?" quando está motivado. Só duas coisas tornam uma aula desinteressante: a forma tediosa como o assunto é apresentado e/ou o fato de ser difícil demais. Se esses dois pré-requisitos pro fracasso aparecerem juntos, há uma grande probabilidade de estarmos diante de uma aula de matemática. Sim, estou brincando, mas só um pouquinho. Matemática não é difícil desde que se comece pelo começo e nunca se avance para o próximo assunto sem ter compreendido perfeitamente o anterior. Não dá pra saber dividir sem, primeiro, aprender a multiplicar. Depois de passar por cima de várias etapas, a matéria fica incompreensível, frustrante, detestável. Nessa altura, nem o melhor professor consegue resolver o problema. Felizmente, pessoas de todas as idades, com acesso à internet já podem contar com o precioso auxílio da Khan Academy em português. Quer ajudar alguém com dificuldades em matemática? Envie-lhe este vídeo sobre o projeto. Se bem utilizados, seus vídeos e exercícios podem levar alunos com "trauma de matemática" a se divertir com a matéria. A internet já faz muito ao proporcionar educação de qualidade, divertida, gratuita e para sempre, mas, se soubermos explorá-la, encontraremos bem mais. Que tal deixar a educação divertida um pouquinho de lado e ver o que existe de interessante em diversão educativa? Não é apenas um jogo de palavras. A diversão educativa almeja, antes de mais nada, divertir quem se interessa por determinada área. Um bom exemplo, no Brasil, é o site Manual do Mundo. Mais voltado para crianças e adolescentes, apresenta vídeos e textos sobre experiências científicas ("Bolhas de sabão em slow motion"; "Como se proteger de raios em uma tempestade"; "Como acender lâmpadas sem fio"), curiosidades ("Como rastrear aviões em tempo real"; "Balanças funcionam na Lua?"), receitas ("Como fazer o ovo da galinha do Hulk"; "Faça um drink azul esfumaçante"), pegadinhas, mágicas e muitas outras atividades. O apresentador Iberê Thenório demonstra entusiasmo genuíno pelas experiências tanto na hora de executá-las quanto no momento de explicar o resultado. A escola costuma ensinar a teoria e espera (se é que se preocupa mesmo com isso) que os alunos apliquem o conhecimento na prática, quando surgir a oportunidade. Bons professores se interessam pelo que ensinam e aproveitam quaisquer recursos disponíveis para unir teoria e prática. Sabem motivar porque se sentem motivados. Não é à toa que muitos bons vídeos sobre ciência são feitos por entusiastas ou estudantes do assunto. Um bom exemplo, para quem fala alemão ou inglês, é o canal de vídeos Kurzgesagt, elaborado por um grupo de designers da cidade de Munique, na Alemanha. Interessados por ciência, produzem os vídeos em seu tempo livre. Claro que os cientistas costumam se destacar pela atualidade das informações fornecidas. Ótimo exemplo é o canal de vídeo brasileiro Nerdologia, do biólogo Atila Iamarimo. Com edição impecável, tem o diferencial de ligar seus assuntos à cultura pop ("Como matar o Wolverine?"; " Levante zumbi"). Pela complexidade dos temas (" Caos e efeito borboleta"; " Possessão, abdução ou paralisia do sono?"; "Aflição!!!"), destina-se mais a jovens e adultos. Visto que o conhecimento também tem prazo de validade, boa parte do que aprendemos na escola precisará ser atualizada logo após nos formarmos. Por sorte, a própria internet, que tanto acelerou o progresso científico, pode nos manter em dia com seus avanços, de forma divertida. Nota do Editor Carla Ceres mantém o blog Algo além dos Livros. http://carlaceres.blogspot.com/ Carla Ceres |
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