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Terça-feira, 8/3/2016 'A Imaginação Liberal', de Lionel Trilling Celso A. Uequed Pitol Para bem falarmos sobre “A Imaginação Liberal”, do crítico literário americano Lionel Trilling, devemos sublinhar o que o autor quis dizer com “liberal” – afinal, como se sabe, a expressão tem um sentido bem particular no vocabulário político dos EUA. Por isso, nada melhor do que dar voz a um liberal autêntico: o ex-presidente Franklin Delano Roosevelt. Segundo ele, liberais são aqueles que querem dar “ao cidadão médio o direito de ter a sua própria vida política e econômica, a liberdade e a busca da felicidade”. Ou seja, são aquilo que nós, no Brasil, denominamos “progressistas”. É este o sentido que Lionel Trilling emprega nesta seleção de dezesseis ensaios, publicados ao longo da década de 40 em várias revistas de cultura dos EUA e reunidos neste livro em 1950. O próprio Trilling era um liberal: integrava a “Partisan Review”, importante revista cultural da esquerda nova-iorquina, ao lado de nomes como Hannah Arendt e George Orwell. Mas era um liberal atento: assim como Arendt e Orwell, percebeu logo as limitações do discurso que professava. E descobriu nele uma tendência a simplificar os desejos e motivações humanas, pondo no centro de suas preocupações aquela concepção bastante redutora – e, em geral, materialista – de “felicidade” de que falava o velho Roosevelt, para a qual todos os esforços sociais, políticos, culturais e artísticos deveriam concorrer. O antídoto contra esta simplificação, aponta Trilling, está na literatura – em especial aquela que resiste às classificações políticas. Trilling é um ensaísta brilhante e tudo o que escreveu merece ser aproveitado. É preciso, contudo, termos em mente que viveu numa época em que a crença no progresso da história e nas utopias daí decorrentes era muito comum. Por isso, muito do que ele aponta neste livro soará hoje como truísmo: nosso mundo já não aceita as utopias da época de Trilling. Mas ainda temos as nossas – e temos, principalmente, a necessidade de uma crítica capaz de refletir sobre temas sociais e culturais do momento. Celso A. Uequed Pitol |
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