busca | avançada
52329 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Sexta-feira, 29/1/2021
Faça você mesmo: a história de um livro
Luís Fernando Amâncio

Os bastidores da publicação de O voo rasante do pombo sem asas

Diz a lenda que a parte mais fácil de publicar um livro é escrevê-lo. Para alguns, pode até ser – sobretudo para aqueles que contratam ghost writing e terceirizam essa etapa. Mas não imagino que haja uma regra a esse respeito. Há livros e livros, publicações e publicações.

Ainda assim, é preciso dizer: publicar pode ser difícil. Quando saiu meu primeiro livro, projetei, sem qualquer comprometimento, que faria aquilo novamente em dois anos. Demorou três vezes mais. Quase nomeio o livro como Chinese Democracy ou Chatô, o rei do Brasil, para homenagear notórios atrasos da cultura pop.

Claro que a demora foi consequência de muita coisa que aconteceu comigo nesse período. Aliás, com o país: façam as contas das mudanças que vivemos entre 2014 e 2020... Sem falar no principal motivo: lançar um novo livro era um objetivo, mas nunca foi uma prioridade.


Eu conversei com editoras nesse tempo e o retorno, geralmente, era: 1) ser ignorado; 2) receber um orçamento que me derrubava da cadeira – ingênuo, eu desconhecia a diferença entre editoras tradicionais e prestadoras de serviço; 3) receber uma proposta que, por algum motivo, não me agradava. Quase sempre, o problema era a estimativa do preço final do livro. Se já é difícil vender um produto literário, imagina se ele for caro?

Até que chegou 2020 e nós caímos nessa Caverna do Dragão do coronavírus. Para canalizar minhas energias em algo que não fosse um surto, resolvi que O voo rasante do pombo sem asas precisava se tornar realidade. E fui estudar sobre autopublicação.

Já faz quase 10 anos que encontramos plataformas que permitem ao autor publicar seu próprio livro. Não é que estejamos diante de uma revolução como foi a invenção da imprensa por Gutemberg. Mas está fazendo a diferença para autores iniciantes e para quem prefere uma maior autonomia nas escolhas sobre o seu livro.

Claro, autopublicar não precisa ser sinônimo de disponibilizar seu livro sem revisão, com capa genérica e acabamento de texto tosco na página. Daí, entra a minha inspiração no do it yourself do movimento punk. Se eu queria disponibilizar um livro para os leitores com um bom acabamento e preço atraente, era preciso me mover. Contratei capista, revisão e leitura crítica. Como o dinheiro é curto, aprendi sobre diagramação de texto.

O projeto do livro sofreu diversas revisões e poucos textos da ideia inicial sobreviveram. No fim das contas, os seis anos de espera jogaram a favor, creio que o conceito do livro melhorou com o tempo.

Passou a parte complicada? Quem me dera. Se escrever é mais fácil do que publicar, eu não sei. Mas que divulgar é o mais tenso, não há dúvidas.

A sorte é que eu não tenho pressa. Um livro que demorou seis anos para vir ao mundo pode ficar outros seis em divulgação. Eu, sinceramente, espero que não. Vocês não merecem. Mas, se quiserem garantir que eu não ficarei seis anos falando do meu livro, podem ajudar colaborando na divulgação de O voo rasante do pombo sem asas. E, é claro, garantindo o seu exemplar autografado, neste link.

Nota do Editor
Leia também "Meu Primeiro Livro", "Publicar um livro pode ser uma encrenca" e "Então, você quer escrever um livro..."

Luís Fernando Amâncio
Belo Horizonte, 29/1/2021

 

busca | avançada
52329 visitas/dia
1,9 milhão/mês