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Terça-feira, 28/5/2002 Dois palmos de céu Rafael Lima Quando o segundo sol chegar Não foi o Di Na verdade, os retratos femininos eram apenas as pausas mais agradáveis de Lanfranco Vaselli entre 2 charges políticas, seu ofício por mais de 30 anos, onde, por mais entediado e irritado com os desmandos do poder, encontrava talento para redescobrir a verdadeira face dos políticos, como no famoso retrato de Carlos Lacerda como um corvo (que acabou lhe pregando o apelido para o resto da carreira), tão simples que não esconde o jeitão nas coxas do nanquim rápido, nas coxas, em que foi feito. A mesma alegria com que capturou a paisagem e as cenas urbanas - o que Lan chama de "cariocaturas" - está presente nos lápis que fez para rodas de samba, alegorias de carnaval, alas de baianas, ou mesmo jogadores de futebol, as duas paixões que dividem seu coração: a Portela e o Flamengo. Foi para o Campeonato mundial de interclubes vencido pelo último em 1981 que Lan fez o que talvez seja sua mais impressionante charge: toda uma cidade, os prédios, as árvores, o trânsito, se contorcem fundindo-se na boca e nos punhos cerrados de um torcedor que parece explodir no grito de vitória: Mengo! Um grito visual. Eu não queria estragar a nossa amizade... Ninguém gosta de levar um fora. Treinar cuidadosamente uma chegada, e levar um tôco da menina. Faz mal para o ego e para a auto-estima. E se tem uma coisa mais enervante do que o decidido e bem pronunciado não, é quando ela te dá condição, abre espaço, te ouve atentamente, e só depois corta. E, obviamente, o de campeão na categoria crueldade ao cair da madrugada é, indubitavelmente, aquela frase: "eu pensei que a gente era só bons amigos..." Gustavo "Gustones" Almeida dedicou uma seção inteira da revista eletrônica Falaê! à essa triste modalidade de encerramento-de-namoros-que-nunca-houveram, com o inspirado nome "Te Vejo como um Amigo - a frase que estragou nosso verão". A seção aceita colaborações de leitores, na tardia oportunidade de um desabafo pessoal, de lavar a mágoa em lágrimas ou ao menos de trabalhar o recalque de uma maneira literariamente criativa (o próprio Gustavo tem sua versão pessoal desse tema). Solidariedade é o melhor que se pode prestar às vítimas dessas tristes histórias de desilusão, como aquela joaninha que quase acaba afogada... Um dia eles todos se juntam e aí... Não, fora de brincadeira, isso aqui é muito inusitado: criado por sami Estudo de caso "O Hiro é uma daquelas pessoas que conecta um terço do mundo a outro terço" (Kazi) Mas voltando à vaca fria, a primeira vez que eu vi o Hiro na minha vida foi numa reunião que decidia quais curiosidades iriam entrar numa coluna singelamente chamada Cultura Inútil. Um cara tinha coletado aquelas frase iniciadas com Você Sabia? e, naquele momento, as lia em voz alta, submetendo-as ao escrutínio de todo mundo. Lá pelas tantas, ele começou uma frase assim: "Você sabia que maio, junho, julho e agosto..." no que foi bruscamente interrompido pelo Hiro: -...São meses?!!! Eu já sabia Ondas quebrando contra uma falésia isolada. Um imenso campo de pasto verde. Tempestade numa noite de inverno. O nascer do sol. Imagens assim eram evocadas pela qualidade orquestral da música. As três, e não duas, guitarras, esculpindo texturas em camadas e níveis múltiplos, quase indecifráveis. A pressão acústica que saía dos alto-falantes era suficiente para empinar uma pipa. Distorções envolviam cada acorde, fazendo a apresentação do Sonic Youth de 2 anos antes parecer música de consultório. Perto daquela microfonia, Jimi Hendrix pediria desculpas e buscaria o extintor para apagar o fogo que tacou naquela guitarra. Ao fim do show, me abaixei, para catar pelo chão os caquinhos dos meus tímpanos rachados. Tinha acabado de assistir ao Mogwai. Nunca ouviu falar? Vá perguntar ao cara do Radiohead onde ele se inspirou para fazer o último disco... Rafael Lima |
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