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Quinta-feira, 25/7/2002 Mais uma pílula do Mr. Lexotan Denis Zanini Lima Transparências da Eternidade (Editora Verus) não foge à regra. As 20 crônicas que compõem a coletânea emanam uma placidez de deixar qualquer operador da bolsa zen. Teólogo, filósofo e psicanalista, autor de mais de 40 livros, não é de hoje que o escritor mineiro é hors-concours no ramo. Com o tempo a moldar-lhe o espírito, Alves aperfeiçoou-se em imprimir em cada dígito os três "s" de sua marca (serenidade, sapiência e simplicidade). O autor possui o dom de transportar o clima etéreo do Tibet à casa de cada um dos seus leitores. Em Transparências, o carpe diem prevalece. Alves fala sobre canto gregoriano, beleza, música clássica, poesia, jardins, passagens bíblicas, família, amor, Deus, tudo de uma maneira muita envolvente e, principalmente, racional. O que escreve segue uma lógica de alto nível. Epiquirema puro. Isso difere Rubem Alves dos gurus de auto-ajuda que existem por aí. Ele é um sábio. Os outros são cozinheiros de provérbios. O livro é fininho, ideal para uma leitura gostosa, rápida e reflexiva. Porém, nem tudo são flores no jardim da Verus. A editora pecou na escolha de algumas crônicas. Superdimensionou alguns focos e menosprezou outros importantes. Por exemplo: Fernando Pessoa e seus heterônimos são citados em demasia, assim como Adélia Prado. A argumentação de que Deus jamais obrigaria alguém a ser penitenciar para obter uma graça é apresentada em mais de um texto. Uma escolha mais cuidadosa e abrangente evitaria as repetições e brindaria os leitores com uma gama maior de assuntos, já que o escritor é capaz de discorrer sobre os mais variados assuntos com a mesma naturalidade com que cria um batizado, conforme pode ser lido na crônica de mesmo nome, a melhor do livro, por sinal. Para ir além Transparências da Eternidade Editora Verus 152 páginas R$ 20,90 Denis Zanini Lima |
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