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Segunda-feira, 28/5/2001 Eu só quero chocolate Marcelo Brisac É quase impossível escrever sobre chocolate sem escrever um livro inteiro sobre o assunto. Ou muitos livros sobre o assunto. A história, o cacau, a degustação, os doces, as doenças e as virtudes. Cada um desses assuntos mereceria um tomo na Enciclopédia do Chocolate. Com essa nota de advertência, começo um pequeno artigo, resumindo minha experiência pessoal, admiração e amor pelo chocolate. Acho que tudo começou quando eu assisti Willy Wonka e a fantástica fábrica de chocolates pela primeira vez. Oompa Loompas, o refriegerante cujas bolhas fazem você flutuar, o elevador que anda em todas as direções e principalmente a cachoeira de chocolate, fizeram com que o doce fosse mais que uma simples comida para mim. Depois veio a história. Como qualquer grande realização humana, o chocolate não foi invenção de uma pessoa, mas de gerações e gerações de pesquisadores que "se enxergaram mais longe, foi porque subiram nos ombros de gigantes que os antecederam" . Na astronomia, tivemos Ptolomeu, Copérnico, Tycho Brahe, Kepler, Galileu e Newton. Na música, Monteverdi, Bach, Haydn, Mozart, Beethoven e Wagner. No chocolate, podemos começar com Cortés que levou a amarga bebida Azteca chamada tchocolatl para as cortes européias. Em 1850, Henri Nestlé inventou o leite condensado e resolveu o problema de como misturar o cacau com leite sem destruir a textura do confeito. Um pouco depois, Philipp Suchard criou a primeira barra de chocolate ao leite. A famosa Milka. Quase simulatâneamente, Rodolphe Lindt construiu uma máquina capaz de arear o chocolate, tornando-o mais maleável e destacando seu sabor. Além disso, o chocolate de Lindt derretia na boca! O duque de Praslin descobriu o pralinê. Evocando os alpes suiços, Jean Tobler fez um chocolate triangular chamado Toblerone. A Itália inventou a Gianduja e a Nutella. Na Bélgica, Jean Neuhaus criou a "casca" de chocolate. Resistente o bastante para comportar líquidos e cremes no seu interior, ela deu origem aos bombons recheados. Não há como voltar atrás. O mundo nunca mais será o mesmo. Na idade média, a Igreja teve que se preocupar em determinar se a energizante bebida vinda das américas poderia ser tomada durante os períodos de jejum. A conclusão: "liquidum non fragit jejunum" (liquidos não quebram o jejum). Hoje em dia, é a medicina que se preocupa . Recentes estudos realizados pelo imparcial instituto Nestlé afirmam que o chocolate ajuda a previnir doenças cardíacas. Além disso, um estudo da U.S. Naval Academy afirma que o consumo de chocolate não causa problemas de acne como se acreditava anteriormente. Finalmente, a degustação. Particularmente, eu gosto de pegar um bom chocolate amargo (na ausência de um bom, o chocolate garoto meio amargo é um excelente substituto), uma xícara de café sem açucar e tomar os dois juntos. Mordendo pequenos pedaços, tomo o café que se adoça e derrete o chocolate, deixando uma mistura excepcional na boca. Os mais conservadores vão preferir o chocolate puro. Sempre amargo. Quanto mais cacau melhor. As marcas francesas Michel Cluizel e Valrhona chegam a oferecer barras com 85 e 99% de concentração de cacau. Combatendo essa tendência, a Lindt afirma que o que importa não é a concentração, mas a seleção dos grãos. Além do seu chocolate premium com 70% de cacau, a Lindt lançou recentemente três chocolates para degustação. O noir aromatique do Equador, o noir corsé de Ghana e o noir doux de Madagascar. Todos excepcionais. Estudos mais avançados requerem uma visita aos grandes chocolatiers franceses e belgas (Bernachon, Bonnat e Wittamer). Além da degustação do cacau, um bom apreciador de chocolate sabe que não há limites para o que se pode fazer com esse doce. Mousses, tortas, sorvetes, licores, paves, brownies, biscoitos caninos de chocolate, bolos e fudge. Em cada um deles, um diferente universo de sensações gustativas. Quando os Jesuítas chegaram na América, eles observaram que os Aztecas usavam o cacau como moeda. Ficaram fascinados com a idéia, pois era um dinheiro perecível. Tinha que ser gasto rapidamente e era contrário à avareza. Embora o cacau não tenha se tornado a moeda universal, acredito que ele ainda possa ser usado para melhorar o homem. Nesse mundo tão diverso onde raças, credos e preferêcias sexuais nos separam. Opiniões e comportamentos podem ser tão distintos que é difícil enxergar um ser humano na pessoa ao nosso lado. Mas podemos sempre nos lembrar que o amor pelo chocolate é um denominador comum que diminui nossas diferenças e nos aproxima. - I doubt any of us are going to get out of here alive! - Oh, you should never doubt what no one is sure about. (Willy Wonka) Para saber mais www.lindt.com www.wonka.com The book of chocolate The ultimate encyclopedia of chocolate Marcelo Brisac |
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