COMENTÁRIOS
>>> Comentadores
Sábado,
27/2/2010
Comentários
Cristina Sampaio
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Culto às avessas?
Tudo é transitório, inclusive as conquistas, sejam elas quais forem, mesmo que algumas durem mais tempo que outras. As pessoas veneram os gênios, querem ser geniais, mas na realidade não sabem lidar nem com pessoas que têm apenas uma inteligência acima da média. De alguma forma isso costuma ser um incômodo, e talvez nem seja uma questão de incompreensão, mas de dificuldade pra lidar com diferenças mesmo. E acho meio complicado afirmar que um iconoclasta, que é possivelmente um gênio em termos de percepção, não teme as consequências legais das suas ações. Ser rebelde, inovador, não significa ser irresponsável. Obter fama e riqueza, a qualquer custo, não necessariamente deve ser o desejo de alguém genial. Mas consequências a enfrentar é algo inevitável, nenhum ser humano escapa disso na vida. Então, por que não correr alguns riscos?
[Sobre "O Iconoclasta, de Gregory Berns"]
por
Cristina Sampaio
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27/2/2010 às
10h47
189.40.75.118
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Novos tempos. Novos livros?
Talvez a tarefa de encontrar leitores seja a mais difícil (independente da forma em que um autor seja publicado, ou se torne público), não pela exigência do carisma ou da simpatia, mas porque é necessário ir atrás deles, estar disponível em uma dimensão que extrapola a escrita literária. O marketing exerce a função de poupar o autor de ir ao encontro dos leitores com uma exigência de cativá-los, pois a coisa ocorre de modo inverso, os leitores são atraídos para as obras, ou para os autores, como costuma acontecer, já que ainda se pensa a boa escrita como algo natural, vocacional, fruto de algo misterioso que só alguns possuem, mas isso também afasta as pessoas, mesmo que haja carisma e simpatia no ser real que escreve coisas irreais, ou até mesmo confessionais, como os leitores preferem, porque assim acreditam estar conhecendo o escritor. Mas a evolução faz parte da vida, as pessoas se adaptam às mudanças. Os sentidos se ajustam às novidades, encontram novos meios para apreciá-las.
[Sobre "Noga Sklar"]
por
Cristina Sampaio
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19/2/2010 às
14h49
189.119.137.208
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Estereótipos?
O que é feio? O que é belo? A arte é um pecado, porque destrói conceitos simplistas de beleza e feiúra. Ou deveria destruir, retratando características humanas sem preconceitos. Mas como nos desfazermos das noções que dizem o que é ou não atraente? Mesmo que no íntimo duvidemos dos conceitos impostos, pois na realidade tratar bem gera desconfiança, inteligência provoca temor (a teoria dos psicopatas sendo pessoas com uma inteligência aguda, uma bondade acima de suspeitas), ainda cultivamos o belo como sendo a aparente disponibilidade para a servidão aos outros, e o feio como sendo tudo que pode provocar distanciamento dos que são supostamente "nossos próximos", "nossos semelhantes" em humanidade. O "feio" e o "belo" no texto acabam se destacando, os extremos deixando marcas impressas na memória, de modo agradável ou não. Mas a "feiúra" desperta inveja; a "beleza" parece desconhecida, apesar de querida, enaltecida, suas características são vagas. Devemos ou não destruir estereótipos?
[Sobre "O menino mais bonito do mundo"]
por
Cristina Sampaio
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12/2/2010 às
16h21
189.119.82.174
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Desafios
É engraçada a diferença que se faz quanto à vocação, porque talvez quem se dedica horas a uma atividade, exercitando, treinando, ajustando, tenha mais vocação do que quem consegue fazer com facilidade. E talvez vocação não signifique talento, esse é o maior tormento de quem faz algum tipo de arte, há ou não talento, eis a questão. Realmente o período atual não mobiliza as pessoas a ponto de motivá-las em busca de sentidos existenciais, como a falta de liberdade motiva (motivou), mas em qualquer época há algo pelo que lutar. A vida é meio cíclica, luta-se pelo amor e atinge-se um ponto de alienação, onde tudo parece "cor de rosa", então é hora de tentar equilibrar lutando-se por outros valores e aí vem um ponto em que os homens podem se tornar embrutecidos, então é hora de defender o amor outra vez. E defender o amor não é nada fácil. Mas a própria criação de um texto é um desafio: O que dizer, de que forma, com que propósito? No entanto, isso fica pra quem lê, descobrir os porquês.
[Sobre "Paula Dip"]
por
Cristina Sampaio
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9/1/2010 às
10h50
189.118.164.39
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As conquistas da arte
Dizem que teimosia é uma característica inconveniente. Será que chegará o tempo em que todos os cérebros talentosos pensarão: teimar, pra quê? Afinal, não se faz arte sem propósitos, sem consciência dos seus possíveis efeitos, ou não deveria ser feita assim, sem intenções, principalmente por cérebros talentosos. E fazer arte não é rentável, porém, a arte é rentável, sim, para alguns, que às vezes nada contribuíram pra sua produção... Mas a arte também é um poderoso instrumento de luta, de libertação, ainda mais para aqueles que não conseguem se imaginar empunhando armas pra defender seus espaços, o direito a uma identidade própria, pra si mesmo, para os seus conterrâneos, para a sua nação. A arte é uma forma especial de conquistar novos territórios, os africanos descobriram isso e estão assim ampliando seu lugar no mundo. Não sem merecimento, estão mostrando que têm valor, como quaisquer outros homens, e que merecem igual respeito, igual tratamento, em todos os campos de conquista da humanidade.
[Sobre "Aranhas e missangas na Moçambique de Mia Couto"]
por
Cristina Sampaio
9/8/2009 às
10h09
189.70.149.13
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Um amor tão grande...
Que texto maravilhoso de ler. Um amor tão grande assim só poderia terminar correspondido. Questionamentos fantásticos; o amor ao surgir gera tanta dúvida, uma inquietação medonha, um medo de doer. A gente lê, relê e quer ler de novo. Tão bom quanto amar.
[Sobre "O amor que choveu"]
por
Cristina Sampaio
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30/7/2008 às
20h10
189.70.203.76
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A força dos ditados
Os ditados costumam transmitir um sentido categórico que eu não gosto, mas possuem força devido à síntese de sua composição e alguns têm um sentido bastante interessante, sem necessariamente apresentar rigidez, levando, ao contrário, a uma reflexão, como este: "O que é, exatamente por ser tal como é, não vai ficar tal como está" (Brecht). Acho ótimo o que disse Herbert de Souza (Betinho) sobre o nosso povo: "O brasileiro tem fome de ética e passa fome por falta de ética". Também gosto muito de dois do Millôr: "Viver é desenhar sem borracha" e "Devora-me, ou te decifro", numa inversão maravilhosa do "Decifra-me ou te devoro" de Sófocles. [Recife - PE]
[Sobre "Promoção Mario Quintana"]
por
Cristina Sampaio
6/5/2008 à
00h42
189.70.150.44
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Culto ao óbvio
"O óbvio só é óbvio depois do momento de iluminação e da sua consagração". A partir dessa dedução, fica fácil responder a uma importante pergunta: o que é mais óbvio nas empresas? A percepção de um funcionário, independente de posição hierárquica, deve contribuir para ampliar a percepção dos outros e para o desenvolvimento destes, bem como da empresa. Os que conseguem ver o óbvio desvelam para outros o que se encontra oculto para eles, ou seja, alguns precisam fazer aparecer algumas realidades, torná-las perceptíveis, reais. Por isso é tão significativo o trabalho em equipe, quando há cooperação, interação entre os componentes. Sendo assim, por que as empresas estimulam a competição, as situações de disputa, em que uns escondem seus saberes, guardam suas percepções só pra si, em vez de estimularem a cooperação, o diálogo franco, em que todos exponham seus conhecimentos, suas percepções únicas, em prol do trabalho e dos trabalhadores? Todo óbvio deve ser cultivado ou só o que convém?
[Sobre "Óbvio Adams, de Robert R. Updegraff"]
por
Cristina Sampaio
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29/2/2008 às
19h16
189.70.218.206
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Razoavelmente interessante
Casar não significa juntar as casas? Hoje casais que moram juntos são considerados casados, não são? Só as próprias religiões, cada uma com seu ritual, alguns bem parecidos com outros, ainda exigem as bênçãos divinas para que o amor dure para sempre, o que infelizmente não se concretiza. Os casamentos, mesmo os abençoados, não têm durado muito, e não porque os homens, machistas, obrigam suas mulheres amadas a lavarem pratos, após terem feito comida, arrumado a casa, lavado as roupas do sujeito barbado. As moças de hoje não precisam mais ser "mulheres de verdade", as admiradas Amélias do tempo do Mário Lago. Parece que até temos mais motivos pra casar, levando em conta a própria relação, a possibilidade de união, de marido e esposa se tornarem cúmplices, íntimos, com confiança um no outro, assumindo um cuidado de manter a aproximação e o bem-estar de ambos no relacionamento, o que ainda é difícil de ocorrer, poucos conseguem. Bom texto, bem humorado. E a igreja é interessante.
[Sobre "Razoavelmente desinteressante"]
por
Cristina Sampaio
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18/2/2008 às
17h14
189.70.155.12
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Quem dera fosse ao vivo...
Costumo gostar dos bate-papos aqui do Digestivo, mas esse foi perfeito, senti vontade de participar da conversa; percebi o Ruy próximo, inteligente e simples, acessível, me deu tristeza por não ser uma palestra, ao vivo. Ruy Castro é gente de verdade, não deixou dúvida disso. E ainda dizem que uma entrevista não nos faz conhecer o autor... Essa fez, mesmo que só um pouquinho... Muito boa! Também gostei muito do livro "O anjo pornográfico", extenso mas nem um pouco cansativo; uma excelente biografia, onde Nelson Rodrigues é desnudado com maestria, aparecendo tão humano e apaixonante quanto são os seus próprios textos.
[Sobre "Bate-papo com Ruy Castro"]
por
Cristina Sampaio
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7/2/2008 às
23h01
189.70.118.111
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Cartas, conselhos e dúvidas
Gostei mais do livro de Rilke; Vargas Llosa é bastante previsível, inicia sugerindo que é preciso ter nascido para escrever, possuir características específicas de personalidade para conseguir ser um escritor, ter vocação, tendência, inclinação, depois passa a falar em trabalho e disciplina, que costumam ser conselhos de escritores-jornalistas, acostumados a regras e padrões textuais; que são importantes, sem dúvida, para a construção literária, mas a sensação que fica é a de ilusão: há uma promessa de aprendizado acessível a todos, bastando para isso conhecer as regras e se disciplinar em um trabalho contínuo, que requer muito esforço e atenção. Porém, você só conseguirá bons resultados se tiver vocação, o que ninguém ensina, mas isso fica em segundo plano quando o autor fala da técnica, da possibilidade de se dominar os recursos necessários à construção dos textos. Afinal, escrever é vocação ou é trabalho? Vale mais ter conhecimentos ou sensibilidade? Depende do escritor?
[Sobre "Cartas a um jovem escritor"]
por
Cristina Sampaio
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7/2/2008 às
22h23
189.70.118.111
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Paixão explícita
Percebe-se que você se apaixonou pelo filme "Frida", Julio, e sentiu necessidade de tentar justificar o encanto sentido. Aliás, paixão é uma palavra que pode definir as motivações dessa artista em relação à arte e à vida. Frida Kahlo era movida por paixão; podia não ser uma pintora genial, mas era uma pintora apaixonada, que se entregou à obra e ao mestre aparentemente com a mesma intensidade. E lutou contra todas as adversidades pelo direito de pintar. Algumas atividades são solitárias, se desenvolvem na solidão, como afirmou Goethe, apesar de serem alimentadas pelo contato com os outros, pelo social; o acidente que a deixou de cama, impossibilitada de andar durante um período, forçou Frida a estar sozinha, trabalhando a sua arte, amadurecendo o seu talento. Talvez o filme não agrade a muitos, pois o que representa para alguns pode não ser o mesmo para outros, mesmo próximos, que pensamos conhecer, saber dos gostos, antever as apreciações. Nossas paixões são subjetivas, surpreendem!
[Sobre "Frida Kahlo e Diego Rivera nas telas"]
por
Cristina Sampaio
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30/1/2008 às
22h13
189.70.202.138
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Emoção é a alma da literatura
Uma literatura universal se faz com sentimento e alma, com a abordagem das grandes questões humanas, com pensamentos e reflexões que afetem os homens em qualquer lugar do mundo, mesmo que a história seja territorializada. O texto precisa fazer emergir a complexidade humana, não por acaso, mas por conhecimento e domínio do autor em relação aos temas e à forma de fazê-los chegar do modo certo aos leitores, com graciosidade, encanto, ou crueza, horror, sempre na intensidade adequada pra mexer com quem lê e com coerência nas emoções transmitidas: a leitura nos tornará mais leves, ou mais fortes, ou mais espertos, ou mais ricos em conhecimentos, mas nos acrescentará alguma coisa, nos transformará mesmo sem percebermos. É essa a função da boa literatura, usar o poder de transformar os que entram em contato com ela. Ainda não li o livro Reparação, apesar de já ter ouvido falar bastante sobre ele; seu texto me fez sentir vontade de enfim conhecer o que ele possui de bom.
[Sobre "O que aprender com Ian McEwan"]
por
Cristina Sampaio
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4/1/2008 às
13h12
189.70.156.4
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Inspiração é só o início
A "inspiração", algo que nos afeta, que nos desperta a atenção, é só o início, a construção do texto depende do conhecimento, do saber, da escolha da forma; aqui entra o trabalho, o empenho em fazer do melhor modo possível. E apesar de contraditório com os conselhos anteriores sobre os padrões existentes, gostei de finalmente ler que não devemos nos prender a eles, o que por certo dificultará ainda mais a edição do que escrevermos, ninguém quer editar desconhecidos, que não seguem modelos, pois vender depende muito mais de marketing do que de talento. Podem dizer que quem tem talento saberá fazer um bom marketing pessoal e mostrar o seu valor, conseguindo se destacar, atrair editores, mas isso também poderá significar sacrificar o talento, a criatividade, para se tornar popular e vendável. A escolha final depende do que nos motiva a escrever. Seus textos foram bem escritos, abordaram a necessidade de preparo sem criar ilusões mágicas sobre as possibilidades de aprender a ser escritor.
[Sobre "Como escrever bem – parte 3"]
por
Cristina Sampaio
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2/1/2008 às
23h07
189.70.162.137
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O poder da literatura
Aqui você expõe que literatura é outra forma de escrita, com o que concordo; também que é mais difícil escrever, as fórmulas ajudam pouco. E acredito que o poder de influência da literatura é maior do que o da ciência, por esta ter um modelo limitado, mais ou menos úniforme, sem a liberdade e emoção literária, que podem exercer um poder enorme, promover grandes transformações, pois sentimentos afetam mais as pessoas do que explicações.
[Sobre "Como escrever bem — parte 2"]
por
Cristina Sampaio
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2/1/2008 às
22h26
189.70.162.137
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Julio Daio Borges
Editor
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