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Quarta-feira,
6/2/2002
Comentários
daniela sandler
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Bzzzzzzzzzzz
Adri, daqui destas paragens nevadas e fleumáticas, fiquei devaneando ao ler sua
coluna, com uma espécie de saudade do futuro, já que nunca pulei
carnaval. Mas que maravilha, nas suas palavras, esta quarta de fogo
(hoje!).
Só não tenho certeza quanto à sua proposta de que o poder público
deveria investir nas Muriçocas. Será que isso não iria
torná-las "oficiais" demais, institucionalizadas, big
business? Será que no fim não virariam mais um produto cultural para consumo comercial (e elitizado)? Ou será que fiquei cética demais?
[Sobre "De Tambaú ao Rio Sanhauá*"]
por
daniela sandler
6/2/2002 às
19h26
64.12.107.38
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perguntinha
rafael, antes de mais nada, o que significa "pegar pilha"?
[Sobre "Somos diferentes. E daí? "]
por
daniela sandler
30/1/2002 às
19h40
152.163.205.79
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a gente somos...
Em resposta à questão da utilidade: Ainda que a gente usasse “função” como critério, encontraríamos utilidade em tudo – ou em nada, porque o “útil” depende de nossos parâmetros e das circunstâncias também. A utilidade de Mozart, ou de alguém que escreve sobre, estuda ou escuta Mozart, pode não ser óbvia, mas isso não quer dizer inexistente. Nem tudo pode ser útil para todos sempre. E, por fim, uma coisa (útil) não exclui outra coisa (útil).
[Sobre "ô ô"]
por
dani sandler
26/1/2002 às
22h41
64.12.107.44
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show!
Dri,
Poderosa, vitaminada a sua crítica! A-d-o-r-e-i a história da subversão da segregação (à qual estamos, infelizmente, acostumados). Depois de descrever os absurdos sócio-espaciais do show, a sua narração do momento anárquico da Rita é climática! Fiquei até emocionada.
Aliás, não há nada de errado com suas descrições espaciais (e olha que sou, ou fui, arquiteta!). Deu pra visualizar tudo, da treliça da cobertura às cadeiras de lona – e ficou mais claro q muita revista especializada. Quero umas cadeiras de lona também! (sem ácaros, por favor!)
[Sobre "Aqui, ali, em qualquer lugar perto do palco"]
por
dani sandler
26/1/2002 às
22h34
64.12.107.44
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vão-se os buracos
...ficam os livros também, claro. Faz um tempão, li em algum lugar (não lembro autor, referência, nada) uma passagem sobre o "valor", ou a razão, da arte. O autor deixava a pergunta "para que serve arte" sem resposta, e começava a falar das coisas vitais da sobrevivência. Para que a gente trabalha? Para ganhar dinheiro. Para que a gente ganha dinheiro? Para comer. Para que a gente come, faz higiene, vai ao médico, constrói casa etc. etc.? Para sobreviver. E para que a gente sobrevive??? Para que o trabalho todo de manter a carcaça viva? Só por instinto? E o que nos faz humanos, então? A resposta do autor, claro, era esta: a arte. Vivemos para poder produzir e participar da cultura. Também ouço muita teoria do buraco de rua, na forma daquele sorriso amarelo quando tento explicar meu doutorado em "Estudos Culturais e Visuais". Que bom que nem todo mundo caiu na armadilha do buraco de rua - senão, a gente ia mesmo pro buraco!!!
[Sobre "Teoria do Buraco de Rua"]
por
dani sandler
26/1/2002 às
21h40
64.12.107.44
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resposta
Caro Jardel,
Seu comentário tocou num ponto importante não só do meu texto, mas da arte de uma forma geral. Por isso, minha resposta será um pouco longa.
Concordo que a forma comunica sentido - talvez outros textos meus deixem isso mais claro. Mas isso não significa que o formalismo esteja acima de críticas.
A julgar de declarações do próprio diretor, Luiz Fernando Carvalho, _Lavoura Arcaica_ preocupa-se com questões que vão além do lirismo formal. O diretor é sensível à complexidade emocional dos personagens, às suas contradições, ao envolvimento entre as pessoas e sua herança cultural, seu contexto familiar e natural. Restaurando um modo de ver, a atenção a minúcias, o tempo lento, o filme opõe-se à dessensibilização "videoclipe", mas não apenas no que esta tem de formal. A intensidade dramática, de sentimentos e de palavras (a riqueza da linguagem, das falas) não pode ser reduzida às imagens ou ao conceito de beleza, e creio que apreciar _Lavoura Arcaica_ apenas por seus méritos estéticos não faz jus à intenção artística ou comunicativa da obra. É pelo fato mesmo de o filme colocar tão intensamente o sofrimento de André (desde a primeira cena) que vi-me incomodada pelos momentos de estetização, em especial o desfecho, como se esses momentos traíssem a profundidade alcançada em outros trechos. A iluminação que a arte pode nos fornecer não está necessariamente no prazer estético, na apreciação da beleza, numa experiência sensorial diferente – pode estar na incongruência, no desconforto, no questionamento pessoal ou social.
_Limite_ difere de _Lavoura Arcaica_ em sua qualidade “formalista”. Em primeiro lugar, a rejeição do conteúdo, a atenção à forma e ao suporte, e a tendência à abstração tinham um significado muito diferente no começo do século, quando os movimentos modernistas (em todas as áreas) exploraram essas vias expressivas como crítica e comentário à arte precedente, à academia, à sociedade. Hoje em dia, ser formalista não envolve o mesmo risco, não requer a mesma audácia, e – pior – não significa necessariamente postura crítica. É fácil fazer um quadro abstrato que será pouco mais que papel de parede – ou um audiovisual que não causará espanto na MTV.
_Limite_ é às vezes criticado por ser formalista demais, permitindo um “vale-tudo” interpretativo. Pessoalmente, discordo dessas críticas (e gosto muito do filme), mas acho importante ver como as obras podem nos fornecer, elas mesmas, as pistas de sua fruição. Essa fruição não é necessariamente intelectual, não significa sempre entendimento racional ou cerebral – há outras formas de insight e “comunicação” artística.
Talvez por isso você tenha entendido meu texto como “mental”. Acho também que você teve a impressão (imprecisa) de que rejeitei _Lavoura Arcaica_ como um todo. Ora, foi justamente por ter sido tocada profundamente pelo filme que lhe dediquei esforço e atenção. É desnecessário dizer que crítica não significa elogio, e que atentar para os problemas não exclui apreciar as qualidades. Foi o que quis dizer com meu comentário sobre a “perfeição”, ao fim do texto.
[Sobre "Virtudes e pecados (lavoura arcaica)"]
por
daniela sandler
12/1/2002 às
18h27
200.191.65.147
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Julio Daio Borges
Editor
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