COMENTÁRIOS
>>> Comentadores
Terça-feira,
16/4/2002
Comentários
Eduardo Luedy
|
|
|
|
o estado palestino
Eliahu,
Jamais disse isto, "os fins justificam os meios", ao me referir aos homens-bomba. O que quis dizer é que me parece ser este o único recurso daqueles indíduos à violência do estado de Israel. E não precisa me falar sobre o que aconteceu com os judeus na Alemanha nazista, Ô Eliahu!
Mas continuo achando que vocês atribuem a Arafat um poder que ele efetivamente não tem. Pô, o cara é considerado moderado pelos radicais palestinos! E eu também creio na tese de que ele não tem mais como controlar nada. A Palestina não existe como estado, não há exército, não há instituições, não há nada o que controlar! Os homens-bomba continuarão a existir com ou sem Arafat. Não acho que ele tenha o poder de disuadir a população--o que é uma pena. Não aprovo a violência, mas procuro me pôr no lugar de quem vive naquela situação de violência e entendo perfeitamente a revolta. Se queremos paz social, teremos que promover a igualdade de condições e não me parece que é isto o que está acontecendo entre judeus e palestinos. E vocês ficaram me devendo essa: por que a violência recrudesceu a níveis inimagináveis desde que Sharon assumiu o poder e iniciou as suas medidas radicais?
De todo modo, agradeço a atenção dispensada às minhas colocações. Como disse antes, estou aprendendo muito aqui.
Um abraço, Eduardo
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
16/4/2002 às
19h30
200.128.62.143
|
|
ironia
Rafael,
Concordo com uma coisa: a gente não está mais debatendo. O que fazemos aqui é reiterar nossos pontos de vista. Ninguém abre mao deles e ninguém, ao que me parece até o momento, com a exceção do Eliahu, tem se disposto a travar um verdadeiro debate. Não concordo com o ponto de vista de vocês (vc e Heitor, bem entendido) e estabeleci minha discordância em tom de veemência porque tudo o que estava lendo soava a mim revoltantemente tendencioso. Somado ao fato de que você é articulista de uma revista eletrônica que, pela qualidade em geral dos textos apresentados, poderia muito bem contribuir para legitimar e reificar tais posturas. Apelei para a ironia, nem tanto porque me faltassem argumentos, mas porque não via mais saída para o estabelecimento de um debate verdadeiro entre a gente.
No entanto, apesar de tudo, valeu. Vou rever certos posicionamentos meus, vou checar certas coisas afirmadas aqui (pelo Eliahu, pelo Daniel e porque não?, por vc e pelo Heitor). Queria só corrigir uma coisa, ou ao menos tornar mais clara uma coisa que disse e que acho que está sendo tomada de maneira equivocada. Não defendo a violência. Considero-me mesmo pacifista. O que eu quis dizer era que compreendia a ação dos homens-bomba por considerá-la certamente como a única alternativa de reação à violência do estado de Israel. Quanto ao comentário relativo a minha falta de leitura na infância... estou tão triste com isso, vc nem imagina.
Eduardo
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
16/4/2002 às
19h26
200.128.62.143
|
|
o bem e o mal 2
É verdade. É melhor pararmos por aqui. Afinal de contas, só vc entende do assunto, só vc sabe tudo o que se passa. Seus dados e suas fontes são mais confiáveis e até o historiador que esteve na tv cultura era o que mais entendia do assunto porque, "coincidentemente", tinha um ponto de vista parecido com o seu. E, realmente, não dá pra comparar os mísseis com os homens-bomba. Talvez na estupidez, sim, mas não no poder destrutivo. E o Emir Sader, de nome árabe... e o Weiss, de nome judeu? Todos pareciam tão pro-palestina, né? Deve de ser algum complô da tv cultura...
Eduardo
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
16/4/2002 às
09h12
200.128.62.146
|
|
tendenciosismo
Ao Rafael, ao Eliahu e de quebra ao Heitor.
É inacreditável a imparcialidade de vocês. Ainda que pese o fato de que Eliahu é judeu e como tal totalmente pro Israel--até defendendo Sharon--e contra as ações palestinas--justificadamente quando condena a violência contra civis inocentes.
Mas aí eu pergunto, já que o Rafael toca na questão de quem é mais violento e injusto quando me desafia a explicar a legitimidade dos atos dos homens e mulheres-bomba. Pois eu pergunto: qual é a diferença entre enviar mísseis e matar inocentes palestinos, ainda que isso ocorra como Eliahu disse, como "side effect" (aliás, que visão mais cínica essa de acreditar que os efeitos colaterais são como que males necessários)? Me digam, qual é a diferença? Qual a diferença entre os atentados palestinos que matam inocentes num restaurante e a tragédia de famílias inteiras de palestinos que vêem suas casas sendo varridas por imensos tanques de guerra? Qual a diferença entre o terrorismo de estado de Israel e os homens-bomba?
A diferença, meus caros, é que morrem muitos mais palestinos do que judeus. A diferença é que desde que Sahron começou sua ofensiva ultra violenta morreram mais judeus em atentados terroristas do que em todo a história do conflito.
Isso é um fato e é sobre esse fato que vocês, pró Israel, deveriam refletir.
E, sim, eu acho que é um direito dos palestinos de reagir da maneira como podem. É um direito (ainda que eu desejasse que os conflitos fossem abordados de outra maneira, preferivelmente pacífica) porque reage à violência dos assentamentos judeus, à violência dos seguidos desrespeitos ao tratado de Oslo.
É engraçado que se fale aqui de que Arafat e companhia querem empurrar Israel para o mar. Putz! Quem empurra quem nessa história, e isso desde 1967, são os judeus, cada vez mais ocupando territórios palestinos. Será que vocês não vêem isso?
Hoje vi pela tv as cenas da matéria que o Caco Barcelos fez para o jornal da globo. É chocante, é revoltante, é humilhante, o que se faz com as vilas, com os bairros palestinos. Cidades devastadas, pessoas desnorteadas nas ruas, esperando terminar o toque de recolher para buscar seus mortos. Logo em seguida, assisto ao "roda viva", programa da tv cultura de São Paulo e todos os jornalistas, historiadores, cientistas políticos, todos sem excessão concordaram neste ponto: sem que Israel recue em sua ofensiva, não haverá paz. Alguns chegaram a falar da estupidez de Sharon, pois se ele pensa que irá acabar com as ações terroristas, "cortanto o mal pela raíz", ele só estará é cultivando maior ódio contra o estado de Israel. Outros afirmaram que o pretexto pode até ser esse, mas o que Sharon quer é aniquilar qualquer possibildade de que os palestinos tenham um estado.
Quanto a quem ocupou primeiro a região, concordo com o Rafael. É realmente estúpido ficar alegando isso. Afinal, como disse um dos participantes do debate da tv cultura, ao lembrar as inúmeras vezes que lá esteve para cobrir o conflito: são povos tão parecidos entre si, que poderiam ser tomados como irmãos.
No fim das contas, fica a estupidez do conflito como uma grande alegoria da irracionalidade da humanidade.
Eduardo Luedy
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
16/4/2002 à
00h10
200.128.62.151
|
|
ao Eliahu
Eliahu,
Vc está me dando a oportunidade que sempre esperei de poder travar uma discussão bem informada (mais de sua parte do que da minha, diga-se de passagem), civilizada e, ainda assim, com alguém que está do "lado oposto". É óbvio que vc não poderia apoiar e nem defender a causa palestina, mas me parece clara também a sua argumentação e posicionamento. Pra mim, repito, é um privilégio. Sempre que abordo o assunto do conflito no oriente médio com amigos e pessoas próximas, ficamos sempre de acordo. Ou seja, achamos que Sharon deveria ser condenado e que Israel precisa desocupar os territórios palestinos. Por isso, estou contente de poder encontrar alguém que, em última análise, atraves de boa argumentação enriquece a discussão e me faz rever meus pontos de vista. Queria acrescentar que o artigo da Daniela Sandler, "nas garras do iluminismo fácil" e os comentários de pedroservio (não só ao próprio artigo da Daniela, mas aos de Heitor e ao de Rafael) são muito mais interesantes e muito mais contributivos do que as minhas opiniões.
Mas, sempre há um derradeiro mas... apesar de reconhecer e admirar o conhecimento do assunto que vc demonstra ter, eu não tenho de aceitar como verdade absoluta tudo o que vc sabe e diz (aliás, o que podemos tomar como verdade absoluta?). Exemplo: vc obviamente crê que a região onde está o Estado de Israel é a terra prometida do povo judeu. Independentemente dos motivos que levaram ONU e os países que apoiaram aquela decisão de criar o estado de Israel, isto é um fato para vc. Mas não o é para os povos árabes. Mas vamos além. Vc diz: "Lembre-se que de todos os territorios que faziam parte dos protetorados ingleses e franceses apos o inicio do seculo XX, Israel é uma ínfima parte". Pois eu gostaria de fazer minhas as palavras de pedroservio (desculpe, mas não sei seu nome, pedroservio): "a ONU simplesmente não tinha o direito de expropriar 78% da palestina e entregar aos judeus. Isso só foi posível devido a ótica colonialista ainda vigente, se bem q já ferida de morte, à época. Imaginar q algum dia os árabes vão 'se conformar' com isso é rematada tolice. Foi um ato colonialista, e só pela força será mantido. Em essência: uma arbitrariedade. Inútil tentar justificar, só dá para explicar".
Em suma: o que vc chama de "protetorados franceses e ingleses", eram na realidade colônias. Alguém se dignou a perguntar, naquele momento, se os habitantes nativos daquela região se importariam com a criação de um novo estado ali? Claro que não. Assim como acho que seria demais esperar que os palestinos aceitassem passivamente o argumento bíblico para a criação do estado de Israel. Veja bem, não estou afirmando que o Estado de Israel seja uma excrescência. Mas estou tentado compreender os motivos do conflito. Sei das razões culturais e, portanto, da importância que a quela região representa para os judeus, mas seria fundamental que os processos de paz levassem também em conta o ponto de vista palestino. Sem isso, não se avançará muito.
Por fim, gostaria muito de acreditar na boa vontade dos homens que estão no poder e mais ainda na capacidade de tolerância humana. Agradeço a paciência. Um grande abraço, Eduardo Luedy
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
14/4/2002 às
21h26
200.151.167.89
|
|
ideologias opostas parte 2
Mas que pérola! Heitor defende o baluarte da democracia e da liberdade--os EUA--mas perdoa que eles tenham, em nome de um dever altíssimo, "interferido" nos processos democráticos de outros países (Brasil e Chile, por exemplo) porque o comunismo era um risco a se considerar. Por isso, ou seja, apenas por causa destes ideais de liberdade e justiça, eles não só financiaram ditaduras violentas como chegaram a trazer seu "know-how" para que nossos "defensores" da liberdade democrática pudessem aprimorar seus métodos de tortura e disuasão. Brilhante!
Ô! Acorda! Vc pensa que vai convencer alguém com isso?
Seja mais honesto consigo mesmo: os EUA estão no jogo por causa de grana e de sua soberania, ainda que isso represente aniquilar outras nações.
Vc pode até estar bem informado e dar boas aulas de história contemporânea (quando eu falei que havia gostado eu não estava sendo irônico), mas precisa relativizar seus pontos de vista.
Um abraço do ingênuo Eduardo
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
14/4/2002 às
20h03
200.151.167.89
|
|
relativizando
Eliahu, sei que vc não falou em jogar bomba em ninguém (muito menos atômica), mas é que acho mesmo que se Ariel Sharon ainda não completou sua saga assassina, é porque existem interesses contrários, até mesmo dos EUA, temerosos de que as coisas fiquem ainda piores.
E nem me parece que vc concorda com isso. Agora, não venha me dizer que a operação israelense, indo de casa em casa, tem precisão cirúrgica (pinça, foi a palavra que vc usou).
Quanto à arbitrariedade na criação da Síria, Kwait, Iraque, etc, não me parece que seja um bom argumento utilizar sempre como exemplo os aspectos negativos destes países (tais como a pobreza da maioria da população, a ausência de liberdade de expressão, a imensa riqueza concentrada nas mãos de poucos, etc etc) como fator atenuador de outras atitudes ou aspectos condenáveis. Sendo assim, onde vamos parar?
Eu até admito relativizar meu ponto de vista (e, admito, estou aprendendo muito aqui), mas não com base no argumento, "ah, eles também fizeram isso, então vamos fazer também".
Um abraço,
Eduardo
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
14/4/2002 às
17h01
200.151.153.238
|
|
ideologias opostas
"Por que será que são os mexicanos que querem entrar nos USA e não ao contrário?"
Este trecho resume bem o pensamento do Heitor de Paola. Ele pode até estar certo dos fatos ocorridos e descritos em sua detalhada aula de história, mas o essencial não é dito.
E o que é essencial dizer, Heitor, é que os EUA não são, apesar de fazerem gente como vc acreditar nisso, os donos do mundo. Eles agem como se fossem e a gente tem que engolir isso porque eles são poderosos. Me referi ao México como poderia ter me referido à interferência americana no Chile, apoiando Pinochet e até mesmo colaborando com ditadura brasileira na década de 70. Tudo em nome da "liberdade". Pobres de nós...
Vc pode acreditar que isso seja o que eles podem e devem fazer pelo mundo. Eu não.
Um abraço,
Eduardo Luedy
ps. Gostei da aula, mas como disse antes, não acho que seja o melhor exemplo para limpar a bara dos EUA.
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
14/4/2002 às
17h11
200.151.153.238
|
|
Será injustificável?
Pode ser inocência minha, ingenuidade, sei lá... mas não me parece justo que uma região seja repartida de maneira arbitrária, por conta dos interesses de quem tem maior poder bélico e econômico. Quem ousaria hoje discutir a devolução do território que os EUA tomaram do México? Pois é? Eu queria que alguém me explicasse, vocês que estão tão perto do conflito, se a criação do Estado de Israel não foi um desses casos de arbitrariedade e de jogos de poder, e se isso não é a razão dos conflitos. Ou alguém aí acredita que a ONU tinha o direito de expropriar 78% da palestina e entregar aos judeus, assim sem mais nem menos?
Por fim, eu gostaria de responder à questão posta por Eliahu Feldman, sobre o porquê de Israel não jogar logo uma bomba atômica e terminar logo com o "problema". Me parece que a opinião pública internacional não perdoaria Israel por isso (nem acho que a maioria da população israelense aceitaria isso). Além disso, há o receio de que isso desencadeie um conflito de proporções não esperadas entre o mundo árabe e o ocidente.
Não, não acho que os palestinos sejam vítimas inocentes. Mas acho que a violência dos homens-bomba pode ser compreendida, em última instância, como uma reação a tais atitudes arbitrárias.
Seria preciso uma revisão histórica dessas atitudes para que o processo de paz conseguisse um mínimo de legitimidade. Eu, apesar de ingênuio, sou ainda cético. Ou alguém acredita que EUA e Inglaterra farão algum "mea culpa" algum dia?
Eduardo Luedy
ps. Leiam o artigo da Daniela Sndler sobre o assunto. Me parece menos pendente para o lado israelense do que o do Rafael.
[Sobre "O injustificável"]
por
Eduardo Luedy
14/4/2002 às
10h54
200.151.198.131
|
|
Lavoura Arcaica: tédio
Daniela Sandler,
O assunto talvez já tenha esfriado... mas como só agora pude assistir ao "Lavoura Arcaica", resolvi comentar os comentários que vc fez ao filme.
Em primeiro lugar: concordo em quase tudo com o que vc disse. Concordo com a força da cena da capela (sem duvida o melhor momento de Selton Melo), assim como concordo com a observação ao talento de Raul Cortez e com a beleza da música. Mas, diferentemente de vc, não acho que "as virtudes compensem os excessos". A artificialidade do texto (que vc atribui ao "teatralismo" das falas) me entediou profundamente. Quase deixei o filme em sua primeira metade.
O que me fez ficar e vencer o tédio? Certamente a interpretação da Spoladore (e, confesso, a tentação de saber no que dariam os desejos incestuosos).
Acho que o diretor confundiu as duas linguagens, digo, a cinematográfica e a literária. Pecou por não adaptar o texto para cinema. Ficou forçado e artificial. A crítica do sul do país, quase que sem excessões, "amou" o filme, que se tranformou rapidamente em baluarte e redentor de todos os nossos fracassos fílmicos.
Talvez se eu não tivesse sabido de tanta empolgação, tivesse fruido melhor o filme. Nah! O filme é chato mesmo!
Um abraço,
Eduardo Luedy
ps. Gostei muito de seu texto. Vou tentar ler mais coisas suas.
[Sobre "Virtudes e pecados (lavoura arcaica)"]
por
Eduardo Luedy
13/4/2002 às
21h50
200.151.208.100
|
|
Julio Daio Borges
Editor
|
|