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Quinta-feira,
7/3/2002
Comentários
Enigmatic Mermaid
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Prefiro caviar beluga
"farei de minha arte um ofício minucioso, sofrido, modesto"
Tradução como auto-flagelação? Deus me livre, te esconjuro Satanás. Acho que está mais do que na hora de os tradutores darem-se valor. Os tradutores técnicos são capazes disso, não entendo por que os literários insistem nessa submissão e na imagem de abnegação que se reflete inclusive nos ridículos honorários pagos pelas editoras. Desculpe Paulo, mas frisar que "nossa tradição coleciona um célebre repertório de erros" é cair na mesma cegueira dos jornalistas que só abrem a boca para falar do tradutor quando faltam idéias para o artigo e o recurso é malhar. Em geral, para cada erro existem pelo menos mil acertos.
Proponho o seguinte:
Trabalhando bem, expandindo meus horizontes e minha lista de clientes internacionais, terei o direito de comer caviar beluga, pois não sou trouxa e esta é a lei do mercado. Mesmo que tenha de reproduzir idéias com as quais não concordo e traduzir manuais de compressores, aturar revisões mal feitas, não me importarei, porque traduções são como filhos, criados para o mundo onde todas as coisas convivem em uma sinfonia de disparidades. Lutarei contra os biqueiros que denigrem a minha profissão e pedirei a São Jerônimo com Jota que afaste de mim a preguiça de levantar a bunda da cadeira para consultar o dicionário ou de pegar o telefone para ligar para um colega mais experiente. Não aceitarei trabalhos para os quais não me sinta capacitado nem serei o primeiro a afirmar que "não suporto ler livros em tradução" (mesmo se isso for verdade). Terei orgulho em ser uma betoneira de caracteres, pois sei, mesmo se o mundo ignora, que a argamassa que gira em minhas entranhas constrói as cidades do saber.
À bientôt,
EM
http://pombostrans.blogspot.com
[Sobre "A saída clássica"]
por
Enigmatic Mermaid
7/3/2002 às
08h36
200.227.144.44
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Julio Daio Borges
Editor
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