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Quinta-feira,
29/11/2001
Comentários
Fernando M. Ferreira
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Responsabilidade e respeito
Estou um pouco cansado de ver minha posição sobre as drogas ser "interpretada" livremente, para não dizer "levemente distorcida", talvez devido ao tamanho dos textos. Por isso, vou esclarescer alguns pontos:
1) Como eu deixei bem claro em trechos como "Nenhuma das drogas existentes hoje, inclusive as legais, usadas da maneira que são, trazem benefício substancial se comparado com seus danos ao organismo ...", ou
" ... portadores de drogas que são, se tornaram um problema contundente em nossa sociedade, sem distinção entre usuários de drogas leves, drogas pesadas e drogas 'legais' ", eu não faço distinção entre droga NENHUMA, nem mesmo álcool ou cigarro. Portanto, não a verdadeira a afirmativa que eu não sou "igualmente contra o uso de álcool, já que ele é responsável por ainda mais males na sociedade que todas as drogas somadas."
2) É um fato que algumas drogas tem usos benéficos. Se não me engano, citei o do LSD (combater o vício da morfina), da coca (conhecido pelos habitantes dos Andes). Por isso sempre deixei bem claro que o uso das drogas "da maneira como acontece hoje" é ruim. Isso é um fato, mesmo que não seja para todas as pessoas. Se todos pensassem como você, Rafael, ou como a Soninha, nem haveria motivos para proibição alguma. Eu sei disso, você sabe disso, todos sabem disso. Mas a droga, aliada a falta de cultura, responsabilidade e respeito pela vida é perigosa, e todos nós também sabemos disso.
3) Quando eu digo que as drogas "simplesmente não deveriam existir", eu não quis dizer que deveriam ser queimadas como os livros proibidos pela Inquisição. Nem que as pessoas deveria ser privadas à força "do grande prazer de suas vidas". O que eu proponho, em todos os texto, é uma mudança de mentalidade, uma conscientização gradual dos males que ela (a droga) traz e, em algum momento da história, ninguém mais a desejaria. Ponto final, ninguém mais a quer, perde-se o propósito da proibição. Ela não é proibida porque não é mais produzida porque não é mais consumida. Ninguém perde com isso porque foi uma escolha de todos, uma evolução da maneira de pensar. Foi o que aconteceu (eu acho) com a Talidomida. Ao saber dos males que ela traz, ninguém mais se propôs a usá-la. Ela deixou de ser produzida e, apesar de seu uso não ser proibido, ninguém mais a usa. Eu não tenho uma proposta para agora, não sei como lidar com a questão das drogas hoje. Proibindo se incentiva, liberando se agrava. Tudo o que eu tenho é uma solução a longo prazo, mas parece que você(s) se recusa(m) a entender.
4) Não há benefícios na escravidão? Não há benefícios para todos, mas uma boa parte daqueles que integram esse sistema (os não-escravos) são beneficiados. Por exemplo, o Império Romano cresceu e se desenvolveu baseado na escravidão, muitos se beneficiaram da mão de obra barata e descartável. O Brasil também cresceu muito devido ao trabalho desses mártires, assim como toda a América. Não sou a favor da escravidão, mas não posso deixar de reconhecer que muitos se beneficiaram. Mas isso não faz da escravidão uma coisa boa, ou aceitável. E quanto à pedofilia? Se um adulto de 50 anos e uma garotinha de 12 anos resolvem de comum acordo fazer sexo, isso, assim como o uso de drogas por pessoas como você ou a Soninha, não prejudica a ninguém (além deles mesmos, talvez). Isso não torna o senhor de 50 anos uma pessoa menos "honesta e idônea" no dia a dia. Mas isso ainda continua sendo pedofilia. E errado. E crime. Fazer analogia não pode ser usado de maneira nenhuma para justificar um raciocínio, eu sei disso, mas pense comigo. Seria certo liberar a pedofilia, simplesmente porque pode ser que crianças decidam fazer sexo com adultos, e isso não prejudique ninguém? Não, não seria, muitas pessoas poderiam se prejudicar e prejudicar aos outros, mesmo que muitas outras pessoas não o fizessem. É o grande dilema da humanidade, para nossa própria proteção, muitas vezes vocês, os "justos", devem pagar pelos pecadores.
Meus textos já estão ocupando muito o espaço de vocês, então esse foi o último sobre esse assunto. Minhas idéias estão aí, cada um leia e tire suas próprias conclusões. Obrigado pela atenção, pelo debate e pelo espaço.
Fernando Milton Magalhães Ferreira
[Sobre "A TV é uma droga"]
por
Fernando M. Ferreira
29/11/2001 às
18h34
200.179.116.12
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Livre Arbítrio II
Caro amigo e oponente ideológico Rafael, eu consigo entender o motivo pelo qual você continua "sem entender" meu posicionamento. Quando eu falo em Livre Arbítrio e quando eu digo que sou contra a liberação, eu estou tentando mostrar uma perspectiva a longo prazo do combate às drogas. Uma perspectiva na qual, mesmo sem a proibição legal, as pessoas se sentiriam proibidas de usar drogas simplesmente pelo fato que ela faz mal, assim como as pessoas se sentem proibidas de usar a temida Talidomida, ou de colocar fogo em índios, entre outras coisas. Não existe uma proibição de fato para isso, não há (imagino eu) uma lei que diga nesses termos que é proibido usar a Talidomida, mas o consenso geral, a população em massa sabe dos riscos que corre ao usar e simplesmente não usa. É uma perspectiva a longo prazo, quando o povo tiver evoluido o suficiente para entender questões como essa. É por isso que você não entende minha posição, assim como nós, o povo brasileiro, você quer uma solução imediata para a situação. E, de fato, essa solução não é liberar o porte de drogas, quaisquer que sejam elas.
Apesar disso,o uso de drogas não é e nunca foi proibido no Brasil. As pessoas podem usar drogas livremente, e de fato muitos o fazem "ocasionalmente sem que elas prejudiquem sua vida". São pessoas como a Soninha, entre outras tantas, que não tem como se diferenciar da maioria da população. No aconchego de seus lares, na privacidade de seus aposentos, elas usam e não incomodam. Ninguém é preso por usar drogas, as pessoas são presas por produzir, comercializar e portar, de uma maneira geral. Infelizmente, na nossa cultura (universal, cultura humana) os justos devem pagar pelos pecadores e uma "minoria" de usuários, portadores de drogas que são, se tornaram um problema contundente em nossa sociedade, sem distinção entre usuários de drogas leves, drogas pesadas e drogas "legais". Essa "minoria" se faz ver no dia a dia, roubando nossas família, espancando nossas esposa e filhos, colocando em risco a vida de outras pessoas (apesar do direito que eles tem de colocar as próprias vidas em risco). Junto com o Livre Arbítrio, a dádiva que Deus nos deu de poder escolher entre o certo e o errado, vem a Responsabilidade, a obrigação que nós temos de arcar com as conseqüencias das nossas escolhas. E quando essas conseqüências interferem diretamente na vida de outras pessoas (e o uso de drogas por essa minoria o faz), a população tem o direito de se valer dos meios disponíveis para se proteger, e o meio de se fazer isso é por meio de leis e restrições.
Sendo assim, caro Rafael, na minha humilde opinião, as drogas não deveriam ser nem proibidas nem legais. Elas simplesmente não deveriam existir e, já que existem, deveria haver um consenso universal , uma consciência coletiva dos males que ela traz e que por si só deveriam ser motivo mais do que suficiente para a população evitá-la, baní-la e execrá-la expontâneamente, um consenso semelhante ao que há contra a pedofilia, contra os campos de concentração nazistas, contra a Talidomida e contra a escravidão. Mas isso é utopia, é um sonho, e enquanto existirem pessoas que aceitam as drogas como um mal tolerável, ela prevalecerá.
[Sobre "A TV é uma droga"]
por
Fernando M. Ferreira
28/11/2001 às
16h59
200.17.79.42
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Livre Arbítrio
"Eu não sou contra o uso de drogas, assim como não sou contra o suicídio, nem contra ouvir Bruno&Marrone, nem contra o aborto. Acho que todos nós somos senhores de nossas vidas e quando Deus nos colocou na Terra nos dotou do melhor presente que poderia nos dar, o Livre Arbítrio, a capacidade de discernir entre o certo e o errado, o bom e o ruim, e o direito de optar por um deles." Isso é livre arbítrio, a capacidade de conhecer o Bem e o Mal e escolher um desses caminhos. Caros François e Rafael, eu não sou contra a liberdade, tampouco contra o consumo de drogas. Durante toda a minha vida eu luto pelo direito das pessoas optarem pelo errado (ou pelo certo), fazendo uso do discernimento. Eu não sou autoritário, nem penso em "restringir o que elas (as pessoas) podem consumir". O que eu não concordo, não aceito e luto contra com todas as minhas forças é o fato das pessoas estarem sendo privadas do Livre Arbítrio, as pessoas (a maioria da população) se deixam levar pela opinião de uma ou outra personalidade mais influente, pessoas com acesso aos meios de comunicação e que conseguem fazer com que seu ponto de vista seja absorvido sem resistência, passivamente, e encarado como a Verdade Absoluta. Isso dá margem para uma ampla discussão sobre a mídia e os valores que ela nos traz, mas não é o ponto em questão. Se a Soninha, assim como qualquer outra personalidade me procurasse, procurasse meus familiares, meus amigos, e afirmasse "Eu fumo maconha", eu não veria problema nenhum e não deixaria de admirá-la, assim como eu ainda a admiro. Isso porque, quando dito pessoalmente, dá margem para reflexão, o que não acontece quando dito na mídia. Infelizmente, as pessoas não fazem uma reflexão mais profunda quando lêem ou escutam ou vêem algo nos meios de comunicação. Simplesmente aceitam. "A Soninha usa drogas e é uma pessoa tão boa ou até melhor do que eu. Porque não então usar drogas? Não vai fazer de mim uma pessoa pior, da mesma maneira que não fez à Soninha." Mas a droga faz mal sim, ela é o câncer social, o câncer sem cura, a grande epidemia da sociedade moderna. Proibir não seria a solução, assim como a Lei Seca americana não deu certo. Isso seria privar as pessoas do Livre Arbítrio, e isso nunca funcionará. Liberar tampouco. Caro Rafael, o governo brasileiro já errou assim, liberando uma droga para se beneficiar do alto volume de recursos que foi assim propiciado em forma de impostos, aceitando e incentivando a produção, comercialização e consumo do cigarro comum. Hoje, o ônus social que ele (o cigarro) traz fez com que o governo tomasse medidas para conter o consumo, senão banir completamente o cigarro do mercado, proibindo propagandas e alertando sobre o mal que ele traz. Ele (o governo) chegou a conclusão que os gastos com saúde pública foram superiores aos benefícios diretos e indiretos da indústria do tabaco. A solução é simples, é uma questão puramente cultural. Basta mostrar às pessoas o perigo que elas correm, basta mostrar que as drogas (usadas da maneira que são, pelo prazer e não pela saúde) fazem mal sim, prejudicam as pessoas sim, basta colocar na cabeça das pessoas que as drogas são tão ruins quanto o Hitler ou a Talidomida, que mata como eles mataram, que corrompe como eles corromperam, que mutila como eles mutilaram. E não dizer nas entrelinhas que "dá para usar sem prejudicar ninguém", o que é verdade, mas não para muitos. Fazendo isso, não será necessário proibir, as pessoas por si só vão evitar, se assim o decidirem porque é isso que significa o Livre Arbítrio, conhecer o certo e o errado e decidir livremente que caminho seguir.
[Sobre "A TV é uma droga"]
por
Fernando M. Ferreira
28/11/2001 às
09h37
200.17.79.42
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Liberar ou aceitar
Drogas, liberar ou aceitar? Na minha (modesta) opinião, nem um nem outro. Elas "não são boas para vc, logo são ruins, portanto, ilegais". Nenhuma das drogas existentes hoje, inclusive as legais, usadas da maneira que são, trazem benefício substancial se comparado com seus danos ao organismo, ainda que aplicações medicinais para a maconha, a coca (conhecida pelos habitantes dos Andes desde sempre), o LSD (sintetizado para combater a dependência da morfina), sejam conhecidas. Eu não sou contra o uso de drogas, assim como não sou contra o suicídio, nem contra ouvir Bruno&Marrone, nem contra o aborto. Acho que todos nós somos senhores de nossas vidas e quando Deus nos colocou na Terra nos dotou do melhor presente que poderia nos dar, o Livre Arbítrio, a capacidade de discernir entre o certo e o errado, o bom e o ruim, e o direito de optar por um deles. Sendo assim, não tenho como ser contra o uso de drogas, é uma opção pessoal e temos que aceitar. Sou sim contra à existência das drogas, à comercialização, à divulgação, tudo isso que ocorre no nosso dia a dia e que faz com que seus filhos conheçam e passem a usar drogas. As drogas não precisam existir, as pessoas não precisam saber que elas existem. Daí eu questiono a validade da declaração da Soninha e de tantos outros que volta e meia assumem ser usuários. Não faz sentido, isso não acrescenta nada na mentes dos "receptores passivos" que fazem uso da mídia, isso faz parecer que qualquer um pode usar drogas e ser tão culto, responsável e discreto quanto a Soninha, quanto o D2, entre outras personalidades, o que definitivamente não é verdade, basta procurar um entre os milhares de delinqüentes de todas as classes sociais que cometem crimes para "sustentar o vício". Existem pessoas que conseguem conviver com as drogas, assim como existem as que não conseguem. E essas últimas são as que justificam o banimento da droga na sociedade, sem demagogia ou "vista grossa", banimento total, tanto fisicamente como culturalmente, assim como o Hitler ou a Talidomida foram banidos, execrados e viraram sinônimo de coisas ruins, as drogas também devem ser, sem pessoas dizendo que usam e não faz mal. Apoio a postura da Cultura, notadamente contrária ao uso de drogas e que não pode ter um membro formador de opinião em seu meio com postura diferente do perfil da empresa. And "that's all, folks"
Fernando Milton, 20 anos, técnico em Informática Industrial formado pelo CEFET-MG e graduando em Ciência da Computação na Universidade Federal de Viçosa
[Sobre "A TV é uma droga"]
por
Fernando M. Ferreira
27/11/2001 às
18h01
200.179.116.12
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Julio Daio Borges
Editor
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