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Sábado,
21/9/2002
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Hamilton Caetano
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onde quer chegar
Caro Evandro,
Sou engenheiro agrônomo e professor da Unesp - Medicina Veterinária (Araçatuba - SP).
Não sei sua formação acadêmica e nem conheço o livro que você cita na sua crônica, no entanto acredito que você está certo em alguns pontos que aborda e equivocado em outros, da mesma forma que cita que existe pessoas imbecis e aquelas não imbecis.
Não consegui entender onde quer chegar com algumas colocaçoes como a de que a reforma agrária seria boa para algumas centenas de famílias que vivem no campo e ruim para alguns milhares que vivem nas cidades. Em primeiro lugar, nos assentamentos que visitei notei que as famílias assentadas (milhares e não centenas), de maneira geral, não estavam anteriormente morando na zona rural e muitas delas nem tinham origem no campo. Acredito que a transferência de pessoas das cidades (com inúmeros problemas sociais, etc) para o campo acabam reduzindo a população urbana e seus problemas. Normalmente os produtos oriundos da agricultura familiar são alimentos básicos, e não soja, o que deveria resultar em redução maior ainda dos preços dos alimentos (já bastante reduzidos) para aqueles que permanecem na cidade (lei da oferta e procura), beneficiando a população urbana. Além disso, a atividade agropecuária apresenta baixa lucratividade e baixo retorno sobre o capital investido (os preços dos produtos agrícolas são muito reduzidos nos mercados interno e externo - commodities, enquanto os custos de produção são crescentes - determinado pelas multinacionais), o que resulta em muitas dificuldades para o setor agrícola empresarial. Assim, imagine a situação da agricultura familiar, além do fato do trabalho na área rural ser muito mais árduo e duro.
Desta forma, existem assentamentos com resultados muito bons e outros com resultados ruins, como tudo na vida.
Outro ponto que gostaria que me respondesse é se você conhece algum empresário que não vise obter mais lucro com seu negócio. Se isto estiver acontecendo deve ter algo errado ou o sistema econômico parece não ser mais o capitalismo.
Por último, quando você diz: "Ser capaz de ver que a causa da pobreza de uns não é a riqueza de outros", eu gostaria que me apresentasse uma fórmula para todos crescerem economicamente (ou enriquecerem) sem a transferência de dinheiro, e seu acúmulo, entre os setores da economia. No meu entender, toda vez que alguém acumula capital este foi transferido de outro alguém. Ou dinheiro "da cria"? Assim, acho que realmente a riquesa de determinada pessoa pode não ser a causa direta da pobreza de outra (existem diversos fatores determinantes: capacidade, sorte, inteligência, oportunidade, etc., que variam entre as pessoas). Mas, quando consideramos a sociedade, normalmente aquelas pessoas mais ricas tem maiores facilidades (por exemplo: para ganhar dinheiro é necessário o investimento e, quem já tem o dinheiro pode investir e ganhar mais dinheiro e assim acumular cada vez mais capital)para se tornarem mais ricas ainda, de distanciando dos mais pobres e gerando a enorme desigualdade social reinante no Brasil e no mundo e responsável pelos maiores problemas mundiais (terrorismo, violência, fome, poluição, etc). Assim, para que todos vivam harmonicamente sobre a terra, acredito que a eliminação da desigualdade econômica-social reinante no mundo é a única solução. Talvez por isso o capitalismo esteja sendo notado e discutido nos dias atuais.
Atenciosamente,
Hamilton Caetano
[Sobre "Capitalismo sob fogo cerrado"]
por
Hamilton Caetano
21/9/2002 às
11h35
200.145.228.62
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Julio Daio Borges
Editor
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