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Domingo,
15/8/2004
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Hamilton José
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Coluna no Estadão
Hoje li a coluna sobre o Ciberespaço, do Sr. Julio Daio Borges, no qual nos dá em largas passadas o que se passa na iternet, na questão dos Blogs. Antecipo, não faço parte dessa tribo; não consigo expor a carne crua para as moscas-varejeiras. Sou, como diz um "outsider", fora da onda. Sou exatamente aquela figura desenhada no começo desta página, a imagem viva e sem suavidade da solidão. Não pertenço a nenhum grupo, tribo, seja lá o que for; sou o aluno sentado na última carteira e que representa apenas um vegetal para a "galera", de qualquer tribo. A frase "Escrevinhadores..." fala sobre escritores espontâneos, nascidos quase que por brotamento (gostei da metáfora), geralmente não dominan os formatos básicos. Alternam, sem critério, o diários do adolescente com a reflexão pseudofilósica ou filosofia de boteco. Infelizmente, nossos adolescentes querem escrever sem saber ler ou não ter lido coisa alguma, então os disparates como protestos sem fundamentos e dirigidos para todo lado. Ninguém escapa da metralhadora giratoria da burrice institucionalizada, onde os valores estabelecidos pela "tribo" é o valor máximo: obrigar ("aufdrängen") a ser igual. Como disse, ver alguém lendo, por exemplo, Kafka no ponto do ônibus, é motivo para o aprendiz de Azazel, tirar o seu bastão de beisebol do carro e mostrar ao infeliz que ele não é bem-vindo no mundo dos mais "espertos". Claro, tudo acompanhado com "gritinhos" de prazer da está ao seu lado, a sua "piranha" que perdeu há muito sua condição de "femme". Melhor a solidão, bem-vinda, que nos poupa dessa degradação sem fim. Talvez, a saída seja escrever livros recheados de pornografia, sexo explícito, como tem acontecido ultimamente com duas adolescentes que descrevem em mínimos detalhes - segundo jornais - suas obsessões, patologias, taras sexuais, etc., com sucesso. Edições escorrem de mão e mão. Esss são os valores que nos restaram. Me vejo um ser absolutamente despojado de mim mesmo, sem futuro, contando, talvez, com "humano, demasiado humano" que ronda a nossa existência, desde que o mundo o recebeu. "Lançamo-nos ao proibido" (Ovídio). Grato pela oportunidade!
[Sobre "Digestivo nº 188"]
por
Hamilton José
15/8/2004 às
22h09
200.207.170.186
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Julio Daio Borges
Editor
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