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Quinta-feira,
30/5/2002
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Welington A. Pinto
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Educação no Brasil
Educação:
Educação no Brasil, uma triste História
No final do ano passado, o PISA - Programa Internacional de Avaliação de Alunos, mantido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com a finalidade de analisar o contexto educacional em países ricos e em desenvolvimento, divulgou o desempenho de seus testes realizados no segundo semestre de 2001.
O Brasil, com cerca de 5 mil alunos avaliados, considerando apenas respostas de textos lidos, da rede pública e particular, ocupou a última posição entre 32 países participantes. Os estudantes da Finlândia atingiram o primeiro lugar, nível 4; os do México, Rússia e Polônia, nível 2, penúltima posição.
Triste resultado. Estudantes brasileiros tiveram a pior avaliação, não entendem bem o que lêem, ou melhor, não conseguem decifrar a linguagem de um texto com precisão. Isso é mal. Influencia negativamente na compreensão de matérias como física, química, filosofia e outras ciências do currículo escolar. Como também prejudica o entendimento de contratos, normas e até bulas de remédio, interesses que qualquer cidadão é obrigado a decifrar no seu dia-a-dia.
Para o Professor Marcos Bagno, doutor em Lingüística pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP ... o problema tem origem no tratamento dado à língua no Brasil, onde o foco do ensino está na gramática, quando deveria ser na leitura e na escrita.
Na Inglaterra há muito sugere à comunidade escolar, dos alunos à diretoria, interromper o que está fazendo em cada turno e, por um tempo determinado, se dedicar à leitura; cada um lê o que achar melhor. Depois, tudo volta ao normal. O interessante é que ninguém lê para fazer exames, mas é surpreendente o resultado: espontaneamente surgem comentários, análises e discussões sobre as histórias. Com a iniciativa, cresce o nível de leitura e as pessoas passam a se expressar melhor.
Ler é muito bom. Criança ou adulto que tem costume de ler aprende muito mais, é claro. A literatura, além de mostrar a beleza da língua, produz conhecimento, desenvolve imaginação e permite sonhar. As escolas não podem manter a política de retirar da Sala de Aula a Literatura, como está acontecendo pelo país.
Mais do que nunca, precisamos fazer do Brasil um país de Leitores.
IBOPE
Para confirmar o desastroso resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o IBOPE, em 11 de dezembro do ano passado, divulgou outra pesquisa no mesmo sentido, entre dois mil brasileiros de 15 a 64 anos. Os números:
09% dos entrevistados são completamente analfabetos
31% leram um texto e não entenderam a mensagem
34% somente foram capazes de entender textos curtos
26% apenas leram um texto e entenderam a mensagem
O Ministro da Educação, ex-Professor Paulo Renato, ao comentar a participação dos brasileiros na avaliação internacional, declarou que ficou satisfeito com o resultado. Foi mal. Um atento leitor, na seção de cartas do jornal Estado de Minas, dia 12/12/2001, respondeu no mais fino humor: baseada na declaração do Presidente Fernando Henrique Cardoso (também ex-Professor), de que “...se a pessoa não conseguir produzir, coitada, vai ser professor...“ – é de que esta pessoa quando fracassa como professor, vai ser ministro do atual governo tucano.
Dias mais tarde, até o SBT entrou na briga, levando ao ar um programa para também avaliar o desempenho cultural do estudante brasileiro. Dos milhares de alunos, entre 13 e 14 anos, inicialmente avaliados pelas Escolas, apenas 60 foram indicados para participar do programa de televisão, apresentado por Sílvio Santos. A primeira colocada, uma estudante do Rio de Janeiro, acertou sessenta por cento das perguntas, errando até o nome do rio que os Bandeirantes seguiram o curso para atingir o interior do Brasil: rio Tietê.
ENSINO PÚBLICO DE MINAS, OUTRA BOMBA.
Dia 2 de abril último, o SIMAVE – Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública, divulgou os números do último resultado: 83,4% do alunos da rede pública não sabem Física; 82,1%, reprovados em Química; 70,42%, em Biologia; 47,4%, em Matemática; 20,4%, em História; 16,3%, em Língua Portuguesa e 8,9%, em Geografia.
Diante dos resultados, o Secretário de Educação, Professor Murilo Hingel ressaltou: ...se a maioria dos alunos apresenta desempenho crítico nestas disciplinas, podemos concluir que algo está errado.
Lógico que sim. Basicamente creditamos ao problema a falta de nível de formação dos Professores e a ausência do hábito de leitura e interpretação de texto nas Salas de Aula, além de outras questões de fundo, como deficiência de recursos pedagógicos, instalações escolares inadequadas, salas lotadas, baixos salários dos Professores e profissionais desatualizados.
Seria este quadro responsável por abomináveis recordes no Brasil?
* A marginalidade consagra o Brasil como um dos países mais violentos das 192 Nações do Mundo.
* A corrupção coloca o Brasil no pódio dos primeiros na lista de países que mais toleram esse tipo de crime.
* O Brasil é o campeão mundial em número de torcedores fanáticos por esportes competitivos.
Será que o Brasil ainda insiste em manter a política de estancar o nível de conhecimento do ensino fundamental, pensando na eleição de políticos que se aproveitam dos currais eleitoreiros?
Lembrando Monteiro Lobato: um país se constrói com homens e livros.
* Welington Almeida Pinto, escritor e publicitário. Consultoria cultural na internet através do www.sabesabe.com.br - E-mail: [email protected]
[Sobre "Quem Não Lê Não É Humano"]
por
Welington A. Pinto
30/5/2002 às
08h07
200.192.188.11
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Julio Daio Borges
Editor
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