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Quarta-feira,
13/7/2005
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escrever... tá tão saturado!
De vez em vez passo por aqui. Dá de rir um pouco, na boa. Mas sei lá, sobre escrever, escrever, escrever... isso tá tão saturado, parece. Tá pior que o abstracionismo barato de quadro de escritório. O cara escreve qualquer coisa, uma viagem qualquer, tudo é válido, lota servidores de bits, quem sabe amanhã vai ser apagado, e não fica nada, não mata a fome de leitura. Uma tagarelice pra passar o tempo e que parece não se propor a isso (é a pós-modernidade, dizem uns). Bulhufas.
Gosto muito de literatura, de escrever, mas tem uma hora que a coisa só gira em torno do umbigo, sei lá.
Embora esteja stand-by com a literatura, é meu trabalho escrever uma, duas, três paginas todos os dias. Um dia depois, a cidade inteira (generalização, bãn) lê.
Não ganho a menos ou a mais por isso, não fico mais ou menos famoso (o que é ficar famoso, aparecer na mídia, bãn?) Na verdade, nem sei quem me lê. Essa pessoa não tem rosto. É até capaz de naquele dia ninguem me ler, e daí? Às vezes uns ligam pra xingar, às vezes pra fazer um elogio rápido na rua, sem uma argumentação consistente. E eu só trabalho para quem me lê, na verdade. Sou repórter de jornal diário, não faço artigo, faço matéria, de preferência reportagem. E, olha, essa coisa de escrever por escrever tá estéril... o que nutre as palavras mesmo é a realidade – é a lição boa que tirei dessa profissão "suspeita" que é o jornalismo. É narrar e não ficar matutando sobre tudo... é um santo remédio quando se escreve, se escreve, e tem-se a sensação de não dizer nada, para ninguem. Benjamin fala sobre isso em um texto do qual não me recordo agora.
Ah... porque o lance de contar história, como antigamente, acabou, dizem uns. Acabou nada. Uma cambada que não consegue contar um bom causo prega que acabou, fica se lamuriando... oh, tudo está perdido, é o fim. Chega ao cúmulo de se promover em cima do apocalipse. E mais um bando estende o tapete vermelho. Aff. É só o cara sentir a realidade mais de perto, dar mais vida ao olhômetro, cheirômetro e etc., que sobra o que escrever, sem esforço, só por curtição. Acredito que a resposta de quem lê também é diferente, nesse caso.
É isso, pode ser um pouco "realista", sei lá. Mas sou fã da imaginação, e como! Escrever tem a ver com fertilidade, fertilidade com vida. Abraços.
[Sobre "Sobre Parar de Escrever Para Sempre"]
por
rogerkw
13/7/2005 à
00h19
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(+) rogerkw no Digestivo...
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Julio Daio Borges
Editor
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