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Segunda-feira,
17/10/2005
Comentários
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Obra sem precedentes na tv
Também fiquei fascinado com Hoje é Dia de Maria. Nunca vi nada algo assim na televisão brasileira, tão ambicioso, luxuriante, caprichado, atrevido. Visualmente é irretocável. A música de Tim Rescala é sofisticada, repleta de instrumentos como trompa, oboé e violinos, cheia de climas e crescendos adequados. A trama mistura conto de fadas, Dom Quixote, Homero, Chaplin, Fellini, Bíblia e literatura de cordel. Há várias cenas fantásticas, muito bem dramatizadas. Como no primeiro capítulo, quando Osmar Prado "ressuscita" a boneca vivida por Inês Peixoto. Ou Maria conversando com seu pai através da chama de um fósforo. Ou quando Dom Chicote é julgado em praça pública, numa cena que mistura circo e paranóia comunista: ele reclama da falta de poesia no mundo, a câmara abre e aparece a equipe de filmagem, como se a lição do personagem se estendesse para quem fez a série e também para o telespectador. O tempo todo a série fica no limiar entre onírico e real, urbano e rural, humano e cruel. A direção de Luiz Fernando Carvalho utiliza todos os meios possíveis. Nenhum, nenhum ângulo é óbvio. A edição abusa de efeitos de fast e slow, da possibilidade da repetição como recurso. E o mais incrível é que, ao contrário de quase cem por cento do que passa na telinha hoje, a série não é sentimental, moralista ou edificante. Em uma conversa com amigos surgiu a idéia de que Hoje é Dia de Maria poderia ter sido feita para o cinema. Discordo. Uma rara chance de ver inteligência na televisão não pode ser desperdiçada. Parabéns pelo texto, Marcelo.
[Sobre "Hoje é dia de Maria"]
por
Jonas Lopes
17/10/2005 às
16h28
200.138.237.209
(+) Jonas Lopes no Digestivo...
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Julio Daio Borges
Editor
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