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Terça-feira,
13/8/2002
Comentários
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Socialismo e erudição
Deixei o tema do socialismo, que me pareceu claramente deslocado no seu texto, para um comentário a aparte. Não vejo como “um país cujos estudiosos se preocupam mais com Patativa do Assaré do que com Villa Lobos só pode ser ...... socialista”. Sem pretender esgotar todos os exemplos, a informação disponível nos mostra que os países socialistas valorizaram e transmitiram a cultura erudita como poucos. Caso da ex-União Soviética e dos países do Leste Europeu. Cuba também é um caso interessante por mostrar como a informação cultural soviética permitiu a valorização da dança e da música clássicas mas não impediu a valorização da música popular e folclórica. Em outras palavras, tanto “Villa Lobos” quanto “Patativa do Assaré”. Concluindo, acredito não se sustentar a atribuição de “socialismo” à preocupação com a promoção e o estudo da cultura popular.
[Sobre "Babação do popular"]
por
Helion
13/8/2002 às
13h25
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(+) Helion no Digestivo...
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Fazendo Arte
Caro Evandro, artesanato já virou arte há muito mais tempo do que aos olhos da universidade brasileira. É arte desde que, como trabalho manual não industrializado, pode expressar “beleza, engenho, habilidade, técnica”... uma das definições possíveis da arte. Do mesmo modo que um produto industrializado pode também expressar tais qualidades. Acho que a atenção a essas formas artesanais se justifica haja visto o perigo de extinção não documentada de tais manifestações.///
O debate sobre arte erudita versus popular é antigo, e já freqüentou aqui o Digestivo. Apenas para citar um dos artistas que você mencionou, o teatro de Shakespeare estava absolutamente enraizado nas tradições populares da época. E era encenado, aos gritos e gargalhadas, para a gentalha analfabeta, não para eruditos posudos. O tempo – e, vamos reconhecer, o esnobismo dos que vêem “arte” apenas como algo pouco acessível – deu ao inglês a pátina de artista erudito e reconhecido, mas sabemos todos que nem sempre foi assim. Como Mozart também produziu “música leve”, divertimento que era fundo musical para o almoço de nobres entediados. Para mencionar outro artista citado, Villa Lobos pôde compor seus “Choros” apenas porque, em seu tempo, o choro popular estava vivo e nas ruas, dispensando portanto o registro da universidade, que hoje se faz necessário para que outros artistas possam conhecer tais manifestações e criar “arte superior” baseada, inspirada, e – em alguns casos - até mesmo copiada das mesmas.///
O legado cultural ocidental é por vezes elitista mesmo. Só que, invertendo seu argumento, por isso mesmo é que deveria ser transmitido às artesãs que, nas suas próprias palavras, “moram longe”. Longe do acesso às manifestações que os eruditos houveram por bem ter como “superiores”, e que só podem continuar a sê-lo caso as artesãs continuem longe da erudição e perto de sua miséria do dia-a-dia. Que acadêmicos façam dessa separação a matéria-prima para suas dissertações e ensaios só é possível por causa de tal distância. Acabemos com a mesma e a embromação estará com os dias contados.///
Última observação: segundo você, Evandro, chegará o tempo em que as peças de cerâmica serão expostas em museus e idolatradas. Esse tempo já chegou, e para constatar basta visitar qualquer bom museu do erudito Primeiro Mundo para constatar como os caquinhos de cerâmica pré-históricos, antigos, medievais, são encarados com o respeito que merecem e como a inspiração que ofereceram aos eruditos de todos os tempos.
[Sobre "Babação do popular"]
por
Helion
13/8/2002 às
13h22
200.154.217.192
(+) Helion no Digestivo...
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Julio Daio Borges
Editor
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