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Sábado,
17/9/2005
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Alguém que enxerga
Eduardo, parabéns pelo texto. Para narrares o que está aí, também olhaste de outra maneira a realidade em volta e percebeste o que não se percebe, não se quer perceber ou aquilo para o qual já se está cego, no cotidiano. Talvez seja um sintoma de época também se trancafiar, inventar coisas diante de um computador, falar com seus pares, seu gueto, sua tribo (tão pós-moderno isto). Sou jornalista e sinto toda esta rotina estafante de hoje, essa mania de produção (produzir conhecimento, defender uma suposta democracia, bla-blá-blá) também bastante distante da realidade mesmo, essa que está no bar daquela ruazinha mal-iluminada, na praça, no café, no shopping center (ah, shopping center não é lugar de escritor, de intelectual...), por que não naquela roda de pandeiro, ou das mulheres da vida que fazem ponto no mesmo local, e que meia cidade consome... Se de um lado parece haver um realismo meio que socialista, de só descrever a marginalidade, o crime, anos-luz depois de se saber que chocar não muda o mundo, por outro lado há uma classe inteira de intelectuais, escritores, etc., medindo as qualidades da flor, da flor-arquétipo, a flor mais bela e mais pura – uma flor de cera, completamente sem graça. Muito bem colocada esta questão de se perceber realidade, quando tomarmos coragem de encarar sem medo e com alegria os espasmos de vida que uma cidade contém, não vai haver tédio de narrar, mas necessidade de o fazer. Parabéns mais uma vez.
[Sobre "Outro mundo"]
por
Rogério Kreidlow
17/9/2005 às
23h55
201.11.92.178
(+) Rogério Kreidlow no Digestivo...
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Julio Daio Borges
Editor
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