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>>> Comentadores
Sábado,
11/11/2006
Comentários
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A voz do caos
Quando me referi a "caos" não quis dizer "bagunça" ou "confusão". Estava me referindo à força - é, universal - que se opõe ao ordenamento da vida em geral. A vida pode ser considerada como uma espécie de ordenamento, acho eu. A música idem. Por outro lado, o caos também pode produzir ordem. Como um artefato militar, uma bomba, digamos. Altamente organizada em si mesma, mas o propósito final não é a organização. Fazer "música" com ruídos é contraproducente como organizar uma corrida de lesmas ou um número de malabarismo com bichos-preguiça. Porque na verdade não se está fazendo música, é outra coisa. E, concordo, essa outra coisa pode ser interessante. Prefiro ouvir John Cage do que duplas sertanejas, por exemplo. Minto: prefiro John Cage à maioria da produção atual de música. Mas sei que estou ouvindo, lá no fundo, a voz inequívoca do caos, com seus sussurros inarticulados, frios, afinal belos também, requerendo o fim de toda ordem. It´s only rock and caos, but I like it.
[Sobre "Sobre John Cage"]
por
Guga Schultze
http://gugasic.blogspot.com
11/11/2006 às
04h33
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Argh
Conheci um sujeito, nos tempos de colégio, que era intensamente atraído por todo tipo de escatologia. Da meleca ao peido, passando pela bosta e outras tantas - não preciso mencionar todas as palavras, todo mundo já entendeu - ele era fissurado nesses assuntos. Sabia um sem número de piadas, as mais escabrosas e não vacilava em contar. As meninas fugiam dele; invariavelmente ele comentava que elas também defecavam, etc. A gente, meio safadamente, tolerava um pouco o cara, mas ele nos entristecia mais do que nos divertia e, principalmente, cansava. Pela repetição, pela patente infantilidade. Era evidente que o cara tinha um problema. Acabou escorraçado. A simples presença já incomodava. Um professorzinho, meio suburbano, tentou sua defesa, dizendo que ele colocava em xeque nossa mentalidade pequeno-burguesa. A gente riu; a piada foi boa. Agora: quando leio (ou leio sobre) Nelson Rodrigues, acho que eu estou voltando no tempo. Argh.
[Sobre "A descida aos subterrâneos do humano"]
por
Guga Schultze
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11/11/2006 às
03h18
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Nau sem rumo
Bom que concordamos quanto ao voto facultativo. Já é alguma coisa. O resto são picuinhas. Bloom, tô mais cansado dessa conversa do que você disse que estava. Vitor, tô mais cansado do que o Bloom disse que estava. Abandono o barco, a nau me parece sem rumo. Citações! Acho legal finalizar com uma bela citação. Do Millôr: "Todos os homens são iguais. Mas alguns são mais iguais que outros." Isso é só pra rir um pouco. Sou daquele tipo de cara que paga um boi pra não entrar numa briga mas, uma vez nela, paga uma boiada pra sair. Bloom, Vitor, nos leremos mutuamente em próximas ocasiões, espero. Vão em frente. Abraços.
[Sobre "Por que votei nulo"]
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Guga Schultze
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9/11/2006 às
21h46
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Civismo mal disfarçado
Olá, Bloom, tenho acompanhado o debate... me parece que uma das partes não ouve direito porque contra-argumenta interpretando erradamente o argumento anterior... é uma técnica, na dura realidade das polêmicas. Bem, como fui o primeiro comentador da sua coluna me sinto meio no direito de fazer mais um comentário: fecho com você e penso que o direito de VETAR o poder instituído é tão importante quanto o de promover, por voto, esse poder. Todo mundo tem o direito de não votar, de votar nulo, de rabiscar obscenidades na urna, se fosse o caso. De mandar políticos pro inferno ou pra outros canais mais competentes. De ignorar o que quiser, se quiser. E o título de eleitor teria de ser conseguido como a carteira de motorista: com provas de aptidão. Quais os critérios de seleção? Não sei, mas posso pensar no caso e facilmente produzir um documento a ser aprovado por lei... não é nada difícil. O difícil é aguentar um autoritarismo mal disfarçado de civismo. Aguardo próximas colunas, véio. Abçs.
[Sobre "Por que votei nulo"]
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Guga Schultze
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8/11/2006 às
11h10
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Agente do Caos
Num processo de milhares de anos, a música é (ou era) o resultado de uma seleção cuidadosa. Um elixir laboriosamente preparado, ao longo do tempo, primeiramente identificando sons considerados os mais agradáveis entre os demais, daí selecionando os mais significativos, daí criando-se o conceito do que chamamos hoje de "notas musicais", daí tentando as combinações possíveis, daí fabricando engenhocas para produzir tais sons, daí todo um trabalho "intelectual" para formular processos cognitivos, etc. Alguns avatares, que na mitologia védica são manifestações da energia de Vishnu, o preservador (da ordem), vieram cimentar a cultira "musical". John Cage é um outro avatar, mas de Shiva, o destruidor (da mesma ordem). O enfoque místico é brincadeira mas, continunado, John Cage é um agente do caos. Acredito em sua declaração "não tenho ouvido para música" que, nele, é quase o mesmo que dizer: odeio música.
[Sobre "Sobre John Cage"]
por
Guga Schultze
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8/11/2006 às
02h08
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Modernidade horrorshow
Bem lembrado; o melhor livro de Anthony Burgess, ainda que ele não o considerasse, nem de perto, como uma das melhores coisas que escreveu. Escreveu o livro quase como um desabafo, um trabalho que considerava parte da terapia que ele, Burgess, se impôs, depois de ter vivido um trauma semelhante ao do seu personagem, o escritor. Burgess, que reciclava seu próprio choque, não esperava que o livro tivesse tal impacto nas outras pessoas. É um livro atípico porque o estilo de Burgess é cauteloso, racional, "britânico", mas a crueza do tema abriu brechas e vazou na escrita, compondo uma obra que resiste à passagem do tempo porque se insere, folgadamente, no sentimento frio e niilista daquilo que chamamos de modernidade. A gente lê o livro e leva alguns "toltchoques horrorshow" na cabeça; é o próprio Burgess revidando, meio puto, contra aquilo que Hanna Arendt chamou de banalização do mal.
[Sobre "A volta do drugui"]
por
Guga Schultze
http://gugasic.blogspot.com
5/11/2006 às
23h09
201.80.37.195
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Julio Daio Borges
Editor
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