Sábado,
9/6/2007
Comentários
Leitores
A visceralidade do papel
Gostei muito de suas considerações, muito bem articuladas. Porém, acho que diante do livro, as reações são mais carregadas de sentido. Em ensaio anterior, você analisou a poesia de Saint-John Perse, por exemplo. Minha emoção maior é lê-lo em um volume que foi de meu pai, com trechos grifados à margem.
Já caí na mesma tentação que você caiu: ter mais de um exemplar da mesma obra, só por causa da beleza de uma capa nova.
Livros importados têm "cheiros" diferentes dos nacionais, assim por dainte. Não quero ser injusta: a Internet já me deu muita informação. Prazer - aquele a que se refere Clarice Lispector em "Felicidade Clandestina", da menina segurar o livro e sentir-se rica como a Rainha do Sabá (ou, mais tarde, da mulher tocar com as mãos o corpo do amado) -, só mesmo os livros.
[Sobre "Livro fora e dentro do papel"]
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eugenia zerbini
9/6/2007 às
09h33
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oralidade e língua escrita
Julio, gostei do texto pra caramba!! Quem está no meio literário ou jornalístico, quem teve acesso a uma boa educação, quem quer escrever ou entender a língua, em toda sua grandeza, tem que saber a norma culta e usá-la adequadamente. O que me incomoda mais são aquelas pessoas (principalmente professores) que usam a linguagem culta para que sejam inalcançáveis, para condenarem seus discípulos às trevas eternas. E o pior: quando desvirtuam a norma culta, usam e abusam do gerundismo, usam "a nível de", "eu, enquanto professor", "vou estar elencando alguns temas.." Argh!! Socorro! Com a minha experiência em sala de aula, penso que nunca devemos desmerecer a linguagem do aluno(classe pobre), mas sim trazê-la para a classe e, a partir daí, mostrar que existem outros registros de língua mais valorizados, que eles precisam conhecer e dominar para terem novas possibilidades e melhores condições de enfrentar a realidade. Mostrar a diferença entre oralidade e língua escrita. Dá certo! Bj. Dri
[Sobre "Minha pátria é a língua portuguesa"]
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Adriana
8/6/2007 às
22h21
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ENEM: uma lástima
Esse tema é como a questão dos blogs e do papel: parece inesgotável. Ano passado cometi a insanidade de aceitar o convite para corrigir as redações do ENEM. Foram 4.000 em três semanas. Resguardados os aspectos regionais, foi como se você tivesse que assistir a um filme que odeia 4.000 vezes. Com raríssimas exceções; graças àqueles que tiveram a coragem de ousar, de serem criativos, de saberem dominar a língua escrita, o resto foi uma lástima. Havia candidatos que não conseguiam estruturar uma frase sequer. Outros não identificavam o tema; e os que tinham uma noção do que é dissertação, escreviam o óbvio da pior maneira possível: clichês e mais clichês, frases mal elaboradas: apenas tangenciavam o tema de forma repetitiva e superficial. Fiquei quase um mês em estado de choque, deprimida e impotente. E olhe que trabalho também em escola pública, educação de jovens e adultos. Não deveria me surpreender tanto! Acho que os guias gramaticais só valem mesmo para quem já escreve bem! Abç
[Sobre "Guia para escrever bem ou Manual de milagres"]
por
Adriana
8/6/2007 às
21h42
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Beckett: não na minha lista
Ei!! Sou uma que acho o Beckett sacal demais, principalmente, no que se refere às suas peças para teatro, dito do absurdo. Concordo que Beckett tem frases brilhantes, os seus textos são brilhantes, que não é intencionalmente pretensioso, a despeito de que a maioria se suas encenações, por obra de seus diretores, atores e produtores. Era e ainda é um artista de vanguarda. Só não tenho vontade de (re)lê-lo, pois acho que tem coisas melhores no mercado, tanto os clássicos, como outras obras. Quando faço algumas releituras de alguns livros e autores, seguramente, Samuel Beckett não está na minha lista. Mas ele não faz parte também dos meus excluídos ou ignorados, como Paulo Coelho, por exemplo. Talvez um dia queira entendê-lo melhor, mas ainda não chegou a hora. Gostei das frases. Beijo. Dri
[Sobre "Frases de Beckett"]
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Adriana
8/6/2007 às
20h57
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fascínio por amigos gays
Guga, talvez os homens não entendam por que as mulheres têm um certo fascínio por amigos gays. Mas, não é difícil, para nós, entendê-los e admirá-los. Por eles terem um corpo de homem e uma alma de mulher a proximidade é fatal. No fundo, todas as mulheres gostariam que os homens as entendessem como os gays.
Embora, o lado oposto, especificamente, macho, do homem, nos atraia e muito. Com os gays, podemos falar tudo, as mais escondidas intimidades, compartilharmos os desejos, como também discutirmos como os homens são, em seus diversos aspectos, e perguntarmos a eles se o cabelo está bom, se o vestido não te deixa mais gorda, se o sapato está combinando, se a casa está bem decorada e eles responderem COM ATENÇÃO, pois realmente entendem daquilo e sabem dar a opinião que as mulheres esperam. O perigoso é quando a mulher e o amigo gay se apaixonam pelo mesmo cara ou ela se apaixona perdidamente por esse amigo gay. Aí, a baiana roda, o bicho pega e salve-se quem puder. Bj. Dri
[Sobre "O rival"]
por
Adriana
8/6/2007 às
20h37
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Oh doce ócio...
Leitores acabam se traindo, e sempre falam de suas preferências e iniciações. Eu não posso me furtar às lembranças deliciosas da Luluzinha, do Gasparzinho e da incipiente Mônica, compradas de segunda mão na feira de quinta, um pouquinho velhas é verdade, por alguns tostões, mas que me fascinavam e me abriram a portinha do clube mais chique deste planeta: dos amantes do bom texto! Depois vieram Alencar, Machado, Amado, Borges, Cortázar, Shakespeare, tantos outros. Celebremos, pois, já que somos (nem) tantos, mas tão apaixonados! Ler é ótimo! Ler é contagioso e incurável! Oh doce ócio... abandonar-se às linhas de um Pessoa, de um Potter, que importa. Não gosto de jogar pedras, mas tirando Paulo Coelho, o insípido, vale tudo!
[Sobre "O desafio de formar leitores"]
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Marcia Rocha
8/6/2007 às
18h36
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Descartes revisitado
Se você seguir a máxima de Descartes, corre o risco de entrar em outra ilusão, que é achar que só o que pensa existe. Um convite a revisar o conceito de pensar e o de existir. Exemplo: uma pedra não pensa (no sentido cartesiano mesmo), portanto ela não existe. Se nós a pensamos pedra, nós existimos, mas não ela. Mas ela está lá, existindo. Eu pergunto - como é possível que ela exista sem pensar. Talvez ela só exista em nós. Mas parece tão real! Ou: ela pode ter um pensar diferente do meu, tão excludente e preconceituoso, limitado à minha paupérrima percepção sensorial. A pergunta de Hamlet ricocheteia na cabeça - ser ou não ser! e faz a dobradinha - pensar ou não pensar! Sempre há uma pedra no meio do caminho... Cáspite!
[Sobre "Penso, logo existo"]
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Marcia Rocha
8/6/2007 às
18h14
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Nível de leitura
Ótimo texto, Ana. Há pouco, li um ensaio (que considerei muito bom) onde se diz, entre outras coisas, que o escritor escreve para seus pares, e o acadêmico (estudante), para seus professores. A questão da clareza do texto é relativa, também, ao leitor. É complicado dizer isso hoje, quando existe essa tendência de massificação a todo custo nas letras, mas o nível dos leitores é muito variável. Abraços.
[Sobre "Guia para escrever bem ou Manual de milagres"]
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Guga Schultze
8/6/2007 às
12h42
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O escrever insípido e inodoro
Ana, só pra somar: a Web, a indexação dos mecanismos de busca e o uso de anúncios de textos (que dependem da indexação) podem ser a próxima moda do escrever claro, "objetivo", em ordem direta - ou, de outra maneira, escrever insosso, incolor, insípido e inodoro. As probabilidades de um texto claro, "objetivo" e raso ser indexado é muito maior do que um texto mais "criativo" (um "Cruz Credo" no meio, por exemplo, pode linkar anúncios religiosos num blog, num site que não têm nada a ver com religião). Quem diz que, daqui a uns tempos, na ânsia de os textos serem indexados ou renderem algumas verdinha$ não haverá um "padrão" (argh!) pra se escrever também na Web, para facilitar traduções, por exemplo, hein? É só pra somar mesmo. Belo texto, Ana. Ítalo Calvino é "o cara" e as "Lições Americanas", principalmente pra quem sacar um pouco de Mitologia, são peças textuais preciosas. Abraço
[Sobre "Guia para escrever bem ou Manual de milagres"]
por
Rogério Kreidlow
8/6/2007 às
02h44
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Cada leitor tem sua história
Luis Eduardo, esse texto só confirma o que eu já havia notado em você: uma preocupação verdadeira em formar leitores. Sempre achei que esses intelectuaus que ficam rotulando as práticas de leitura não querem que ela seja democratizada. Michel Peroni e Joëlle Bahloul fizeram pesquisas sobre o percurso biográfico de diferentes leitores e mostraram que não existe uma linearidade. Cada um tem uma história: lê-se mais em determinada época do que em outra, muda-se o gênero, alguns começam pelos clássicos, outros talvez nunca os leiam... O importante é começar a ler o que se gosta e ter a chance de conhecer e, principalmente, de ter o direito de escolher. Todos os direitos da leitura a todos!Parabéns pelo texto e pela mensagem!
[Sobre "O desafio de formar leitores"]
por
Áurea Thomazi
7/6/2007 às
20h52
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Julio Daio Borges
Editor
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