Quinta-feira,
20/1/2011
Comentários
Leitores
Interessante edição cartesiana
"Descartes considerava que a ciência e a religião ocupavam domínios distintos, que não se interpenetravam" - mas, no entanto, fundava a possibilidade de haver ciência, a possibilidade de se conhecer a verdade, na existência de Deus. Se não me engano, ele chega a deduzir regras para astronomia das propriedades divinas. E se por um lado havia certo caráter empírico em Descartes, ele sobremaneira confiava na razão. Sua teoria sobre a luz é inferior à de Newton precisamente por isso. Newton chegava a enfiar tocos de madeira nos olhos para avaliar os resultados... Mas, de todo modo, parece muito interessante essa edição completa. Tomara que tenham retomado a tradução do Bento Prado com notas do Lebrun, que havia na edição antiga dos "Pensadores"; e que haja todas as respostas e objeções das "Meditações" - nessa antiga edição, só havia as segundas e quintas.
[Sobre "Obras Escolhidas de Descartes, pela editora Perspectiva"]
por
Duanne Ribeiro
20/1/2011 às
13h25
|
Tombamento do Belas Artes
Parabéns pelo texto, Elisa! Belo e comovente. No entanto, com a abertura do processo de tombamento, ainda resta esperança de o cinema continuar funcionando no mesmo local. Precisamos tomar cuidado para não o enterramos antes do último suspiro.
[Sobre "Adeus, Belas Artes"]
por
Fabio Ornelas
20/1/2011 às
10h17
|
Escolhas são atos políticos
Túlio, em relação à Cleópatra ou aos indianos, não existe uma tensão histórica comparável à que existe entre negros e "brancos", então é difícil colocar essas duas coisas no mesmo páreo. Não é uma exigência de filiação étnica estrita, como você quer (que africanos representem africanos, que árabes representem árabes). Mas é claro que podemos pensar em como essas, por assim dizer, minorias aparecem na mídia. Quando o canal do governo coloca uma nordestina para apresentar um jornal, trazendo outro sotaque e outra geografia que não o do sudeste, isso também é um ato político importante. Seria relevante se "Caminho das Índias" colocasse indianos como indianos?
[Sobre "Ação Afirmativa, Injustiça Insuspeita"]
por
Duanne Ribeiro
19/1/2011 às
10h07
|
Achei a Pilar uma predadora
Achei o documentário "José e Pilar" maravilhoso, mas não acho que este filme coloque Pilar e Saramago no mesmo patamar. Achei a Pilar uma predadora. Uma mulher que forçava a barra para Saramago atender a todos. Ele gostava disso, sim, era vaidoso. Mas ela exigia dele uma rotina enlouquecedora. Durante o filme vemos várias vezes ele pedir para sair, para parar, para comer e ela sempre querendo que ele desse mais um pouco de sua energia para as pessoas. Fiquei bem mal impressionada com ela. Ele era conivente, mas por vaidade e amor a ela, e não porque queria efetivamente fazer as coisas. Ele adorava a casa onde morava e não conseguia parar lá. Ela estava sempre inventando uma viagem. Não deixava este homem parar para escrever... Para mim o documentário foi revelador...
[Sobre "Meu cinema em 2010 ― 2/2"]
por
Ana Luísa Lacombe
19/1/2011 às
09h50
|
Blockbusters de qualidade
A verdade é que há muito as premiações do cinema americano não refletem nada significativo. Por vezes, o filme é premiado por ser um sucesso de bilheteria. Em outros momentos, é ignorado pelo mesmo motivo. Nolan, como você disse, é o cineasta que melhor fala na atual geração. Seus filmes são blockbusters de qualidade, sem deixar de lado a capacidade de um bom cinema reflexivo. Não será premiado, mas quem se importa? Eu, pelo menos, não.
[Sobre "Um Oscar para Christopher Nolan"]
por
Carlos Goettenauer
19/1/2011 às
09h43
|
Um único jeito de escrever
Excelente texto. Exatamente o que acontece na nossa cena literária. E poderia escrever futuramente de como esses prêmios têm criado uma certa formatação nos livros. Já não sei se são os escritores ou o meio literário que tem criado padrões nessa literatura contemporânea. Parece hoje que, no Brasil, só existe um único jeito de escrever.
[Sobre "A desmoralização dos prêmios literários no Brasil"]
por
Plínio de Paula Simõ
19/1/2011 às
08h38
|
E a Cleópatra sempre branca?
Engraçado, não me lembro desse alvoroço todo quando o mundo, por diversas vezes, viu a Cleópatra sendo interpretada por uma atriz branca. Até em "Roma" (seriado da HBO), que a coloca como herança de Alexandria. E mais: alguém se lembra de "A Cabana do Pai Tomás", a primeira novela com negros protagonistas, na qual o personagem principal era branco, embora sua pele tenha recebido tinta preta? A memória é uma coisa que, se não acionamos, acaba ficando no esquecimento. Só estou dizendo isso porque não é de hoje que Orixás, ícones negros, personalidades da cultura africana negra ou de outros matizes são paulatinamente substituídos por atores brancos. Veja em "Caminho das Índias": os índios são ou não africanos? Não compõem a África negra, mas suas peles não são claras como a da Juliana Paes. Veja em "O Clone": os árabes são ou não africanos? Também podem não compor a África negra, mas não têm a cor da pele da Giovanna Antonelli ou de qualquer outro ator branco que pegou os personagens. (Errei: a Índia não está na África. Na verdade, a questão é: os indianos são brancos como são constantemente retratados pela televisão.)
[Sobre "Ação Afirmativa, Injustiça Insuspeita"]
por
Túlio Henrique
18/1/2011 às
15h40
|
Viajei em um sonho
Sempre achei que a história do homem tem alguma coisa errada, e por isso escrevi um livro que foi editado mas não divulgado, estão ainda debaixo de minha cama. Mandei um para o Mel Gibson - em português, mas acho que ele não tem tradutor - e pedi para ele fazer um filme sem violência. Imagine um lugar onde só exista uma raça, diferenciada pelo formato dos olhos, e não pela cor, e onde todos vivem juntos em paz e harmonia... Isso até os eventos catastróficos da separação dos continentes, quando então começa a odisseia do homem... Viajei em um sonho. Gostaria que todos viajassem também.
[Sobre "Ação Afirmativa, Injustiça Insuspeita"]
por
Maria Anna Machado
18/1/2011 às
14h27
|
Os dois lados da internet
Marta, concordo completamente com você. A internet é sem dúvida um instrumento mágico. É uma varinha que tem dois gumes. Você é que tem que saber segurar e usar. Para a nova geração, ela não tem segredos e depende de cada um a sua utilização. Gosto de usar minha experiência, porque aí falo com seguranca. Quando pintava em tela, era caro, não tinha como mostrar e vendia para os próximos; hoje faço Pintura Digital e meus trabalhos correm o mundo através da internet. Mas qual a vantagem disso? Monetária, nenhuma. Talvez orgulho bobo de artista, quem quiser ver é só clicar no Google, digitar meu nome e pronto. Mas, novamente, o incógnito: quem sabe meu nome? Então a internet só funciona com "Empresas" que sabem "usufruir" do que está nela própria.
[Sobre "A internet não é isso tudo"]
por
Maria Anna Machado
18/1/2011 às
12h52
|
Um livro mal compreendido
De todos livros que já li, sem dúvida alguma, "Frankenstein" foi um dos melhores. Há algo de universal na história, no medo de perder o reconhecimento da família ou algo assim, além de todo o suspense e o drama, que faz com que você comece a ler e queira saber sempre o que vem depois. No entanto, acho esse um livro mal entendido em termos de cinema, a considerar suas adaptações. O livro é de terror, mas é menos um terror físico do que emocional (embora tenha lá suas descrições da criatura, assombrosas). O drama é muito forte, a carga emocional é imensa. Não por acaso, foi talvez o livro mais forte que já li (tirando "As flores do mal", de Baudelaire - que nem aguentei ler todo). Recomendo-o de coração aos que sei que apreciam uma boa história para sentir e refletir, e não apenas "viajar".
[Sobre "Frankenstein e o passado monstruoso"]
por
Alexandre Maia
18/1/2011 às
11h02
|
Julio Daio Borges
Editor
|
|