Sábado,
27/4/2002
Comentários
Leitores
Franklin de Oliveira
Oi, Fabio,
por acaso entrei no site e li seu comentario. Fiquei emocionada, pois sou neta do Franklin de Oliveira e lerei o livro. Gostaria de entrar em contato com voce para saber mais sobre O Cruzeiro e, assim, da vida do meu avo.
Um abraco, Juliana Franklin
[Sobre "um cruzeiro pela vida de um beduíno de uma figa"]
por
Juliana Franklin
27/4/2002 às
21h31
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Leary
Caro Rafael
Vc se esquece de citar o meu finado orientador de mestrado, Timothy Leary, o pai da memética, muito mais que o Dawkins
[Sobre "Essa tal de neurociência é o maior barato"]
por
Claudio tognolli
27/4/2002 às
21h17
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A VIRTUDE ESTÁ NO MEIO
Sim, ou há uma resenha superficialíssima, ou há um texto exageradamente pretensioso, escrito por algum acadêmico alienado. Acompanho o Caderno 2 (principalmente a versão de Domingo, com o Cultura) e, saindo dos jornais, a parte cultural da Veja. No Caderno 2, convivem textos como os que falei, e outros melhores. Mas sua seção de lançamentos vai de mal a pior... Certas vezes, até a editora ou o preço do livro são omitidos! Já na Veja, a seção "Veja recomenda" traz resenhas suficientes, apresentando o livro de forma clara, tal como o Caderno 2 deveria voltar a fazer. Muito livro eu compro por informação do Caderno 2 e da Veja, mas que aquele poderia melhorar ou ao menos voltar ao que era antes, isso poderia. Eu procuro um meio termo entre a superficialidade e a profundidade.
[Sobre "O frenesi do furo"]
por
Ricardo
27/4/2002 às
04h13
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A torre circular
Ricardo, invejo Montaigne também- entre outras coisas, porque ele dizia que não era "inimigo da agitação das cortes"; eu sou, e por isso mereço mais a torre circular dele do que ele mesmo. Afinal, ele só passou, acho, uns dois anos na torre, e eu passaria mais, se pudesse. Você também não se sente assim? Quanto à inscrição latina, eu mandaria inscrever, entre as que já estão lá, a que se pode ver quando se passa o cursor pelo desenho do homem lendo com uma cobra aos pés, logo acima. É uma inscrição feita num retrato de Thomas A. Kempis: "No canto, com um livrinho". Mas, enfim- enquanto a torre não vem, podemos imaginá-la... Um abraço, Ricardo, e obrigado pelo que disse -Alexandre.
[Sobre "O que é um livro"]
por
Alexandre
27/4/2002 às
03h02
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Curiosidade
Otavio, concordo com você que às vezes o prazer de ler está mais relacionado com curiosidade do que com esse estado meditativo que eu tentei descrever. Depende do tipo de livro, e do tipo de leitor e autor (e do momento, sim, do momento). Mas acho que de modo geral a teoria é válida para romances, contos, poesia. Não, certamente, para um outro tipo de livro - os livros "de conhecimento": manuais de botânica, numismática, cirurgia...- Um abraço- Alexandre. E não esqueça os binóculos...
[Sobre "O que é um livro"]
por
Alexandre
27/4/2002 às
02h41
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Marcas da Guerra dos 7 Anos
Ah, mas é claro, Fabio- essa é uma das melhores passagens de "Morte em Veneza". Nos meus olhos também, acho, se pode ver que estive em Tlön, em Kadath, em Kairoulla e em Borodino. Quer dizer, ninguém pode ver isso de verdade, mas eu gosto de imaginar que sim. Mas me deixe só acrescentar isto ao que a Sue falou: que se Aschenbach tivesse lutado de fato na Guerra dos Sete Anos, ao invés de ter sido simplesmente o autor da "clara e imponente prosa-epopéia da vida de Frederico da Prússia", poderia ter trazido no rosto um sinal mais evidente disso do que o simples olhar- poderia ter perdido o nariz, o queixo, os olhos...Mas longe de mim valorizar mais a vida vivida do que a vida sonhada- só digo que a vida sonhada é mais suave, que uma machadada num livro dói menos do que uma machadada na Mooca. Mas é verdade que a vida sonhada pode deixar marcas que a vida "de fato" é incapaz de deixar. Eu, por exemplo, tive umas colegas de classe das quais me esqueci- mas de Natasha Rostov eu nunca vou me esquecer. Não sei se me expliquei, só posso dizer que nós dois devemos estar um pouquinho certos, e um pouquinho errados...E, como diz a Sue, mais de acordo do que imaginamos...Um abraço e obrigado, grande FDR.
[Sobre "O que é um livro"]
por
Alexandre
27/4/2002 à
01h52
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BATALHÃO DE MONTAIGNE
Cada vez mais fico com inveja dele. E cada vez mais fico contente quando encontro alguém do mesmo batalhão. Ultimamente, em certas ocasiões, fico com vontade de ter minha torre circular, com inscrições latinas e gregas espalhadas pelas vigas. Se não tenho a torre, tenho as cabanas!
[Sobre "O que é um livro"]
por
Ricardo
26/4/2002 às
21h16
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Concordo, mas discordo
Caro Alexandre,
Não sei se ao certo a teoria do alto da montanha traduz, pelo menos tão bem minha sensação porque gosto tanto de ler. Quem tem prazer em ler um bom livro é ser humano curioso cheios de inquietudes que só são caladas e acomodadas na nossa razão quando essa curiosidade transforma-se em conhecimento, mesmo que débil. Creio que a leitura da oportunidade de ver o mundo não com nossos olhos, mas como você bem frisou, do autor.
Lá de cima, com um bínocolo apropriado a gente vê a cidade diferente e com outras distorções, o mundo é mais divertido.
Mas sem um bom binócolo a montanha perde a vista.
Abração
Otávio
[Sobre "O que é um livro"]
por
Otávio
26/4/2002 às
18h46
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Isca!
Fábio, não dá para colocar um comentário destes e pedir para apenas o Alexandre responder! A isca é tentadora demais! Mas você e Alexandre não estão em caminhos tão diversos quanto você imagina... Visualizo essa cabana não como algo que tenha apenas saída para o mundo do cotidiano, mas quando entramos neste mundo QUIETO, afastado do que nos ocupa os dias de modo mais mundano, algo realmente acontece dentro de nós, nosso mundo interior começa a dialogar conosco. Deixo também uma citação, do meu professor o escritor e jornalista Olavo de Carvalho: "O escritor tem, portanto, aparentemente mais recursos (e denomino escritor não somente aquele que escreve por ofício, mas também todo aquele que tenha os meios de fazê-lo ainda que não o faça). Ele sabe dizer o que os outros não sabem. Ele pode registrar por escrito impressões fugazes, nuances, sutilezas, insights que as outras pessoas só podem vivenciar como estado mudos, incomunicáveis e sem forma. Mas o escritor não usa palavras só para escrever livros, e sim também para falar consigo mesmo. Daí que a diferença entre ele e o outro não seja só de meios expressivos, mas também de nível e estofo de consciência. Tudo aquilo que no outro, por falta de registro, foi se perdendo, se dissolvendo no esquecimento, cavando um abismo entre a consciência presente, verbal, e a consciência não-verbal, nele se conserva e está presente a cada momento: é a sua constelação interior, o seu mundo onde as coisas têm nomes, um mundo onde tudo fala e responde.
Por isso ser escritor é uma forma superior e mais intensa de vida, que aqueles que a obtiveram devem agradecer aos céus. Por isso o aprendizado das artes da palavra é, segundo o entendo, o primeiro passo na educação da autoconsciência, na preparação para a filosofia." Fábio, você e Alexandre estão a falar dos dois hemisférios de um único mundo. Beijos da sue
[Sobre "O que é um livro"]
por
Assunção Medeiros
26/4/2002 às
16h32
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gustav von aschenbach
Grande Alexandre! Sensacional sua coluna! Bravo, bravíssimo! Mas eu discordo um bocadinho de algumas coisas. Deixo pra discutir por email ou pessoalmente com você essas discordâncias, mas por enquanto fique com esse trecho de Morte em Veneza, e me diga o que acha, se puder e quiser.
"Gustav von Aschenbach era de estatura pouco abaixo da média, moreno, barbeado. Sua cabeça parecia um pouco grande demais em relação ao corpo quase delicado. Seu cabelo penteado para trás, ralo na risca, nas fontes bem cheio e fortemente encanecido, emodulrava uma testa alta, alcantilada e como que cheia de cicatrizes. A asa dos óculos de ouro, com lentes sem aro, cortava a raiz do curto e nobremente arqueado nariz. A boca era grande, muitas vezes frouxa, muitas vezes, repentinamente, estreita e esticada; a parte das faces, magra e sulcada, o queixo bem formado, delicadamente partido. Consideráveis destinos pareciam ter passado por esta cabeça geralmente sofredora, ligeiramente inclinada para o lado; no entanto, tinha sido a arte que assumira aqui aquela formação fisionômica que, em outros, é obra de uma vida pesada e movimentada. Atrás desta testa nasceram as relampejantes réplicas da palestra sobre a guerra entre Voltaire e o rei; estes olhos, cansados e olhando profundamente através dos óculos, tinham visto o inferno sangrento dos hospitais da Guerra dos Sete Anos. também do lado pessoal a arte afinal é uma vida elevada. Ela torna mais profundamente feliz, ela consome mais rapidamente. Ela sulca no rosto de seu criado os rastos de aventuras imaginárias e espirituais e ela produz, com o decorrer do tempo, mesmo em monástico silêncio de existência exterior, um ânimo, uma supersensibilidade, um cansaço e uma curiosidade dos nervos que uma vida cheia de dissolutas paixões e prazeres quase não consegue produzir."
[Sobre "O que é um livro"]
por
Fabio
26/4/2002 às
16h04
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Julio Daio Borges
Editor
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