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Sexta-feira, 10/5/2002
Comentários
Leitores

Pontapé na canela do gigante
Depois de ler o comentário do Otávio, lembrei-me de um caso que se passou comigo: Quem lê meu blog (http://pradomacedo.blogspot.com) sabe que sou um suburbano fresco, pois não gosto de zoada e nem tolero desrespeito à privacidade, atributos caros à maioria dos suburbanos. Apareceu em minha rua, a freqüentar o boteco da esquina (nada contra os botecos) um sujeitinho forjado nas academias de ginástica e munido de uma S-10 acoplada a imensas caixas de som (note que o carro é que estava acoplado às caixas, e não o contrário). Depois de alguns meses, eu achei que não era interessante para minha saúde estar sempre atualizado em relação ao último CD do É o Tcham. Fui ao bar e reclamei com o proprietário. Pedi que ele falasse com seu cliente, pois aquele incômodo já tinha alguns meses, e um incômodo de alguns meses é um senhor incômodo. O dono do bar, que não admitia perder a galinha dos ovos de ouro (sim, pois o canelau da vizinhança, que mal tinha o que vestir, se deslumbrava quando o sujeito chegava e corria para o bar, formando a autêntica festa suburbana de rua, que não seria de todo mal vinda se não tivesse que invadir as casas que estivessem num raio de 200 metros), me respondeu impávido: "se eu fosse você não brincaria com ele, pois o último que reclamou teve que suportar o som na porta de casa... ele é sobrinho de uma juiza do interior"! Sou mesmo um Quixote, Alexandre. Achava que podia algo contra a horda. Mas antes de sair dei ao menos um pontapé na canela do gigante. Disse ao dono do bar: "sobrinho de juíza do interior, hein? Hmmm... se ela tivesse estudado mais um pouquinho talvez viesse a ser juíza na capital". E voltei prá casa.

[Sobre "Quem é essa gente?"]

por Rogério Macedo
10/5/2002 às
11h15

Haja força!
Sensacional! Espero que tenhas visto o artigo de Olavo de Carvalho no JT de ontem (quinta-feira). A imprensa brasileira e mundial há muito deixou de ser confiável (se é que algum dia o foi). Prova disso é que a Internet, mesmo sem proporcinar lucro e com todos os seus problemas de confiabilidade, tem-se mostrado um lugar onde é mais fácil encontrar a verdade do que na mídia impressa. O único objetivo realmente claro da mídia hoje - seja impressa ou televisiva - é demolir todas as instituições, exceto o Estado. E as pessoas ainda ficam pensando que a mídia quer demolir o Estado também, já que está sempre criticando o governo. Que ingenuidade! Enquanto isso, o Estado vai ficando tão inchado, que nem mesmo os governos conseguem controlá-lo minimamente. Haja força na Igreja para enfrentar esse gigante...

[Sobre "Por pura obrigação"]

por Evandro Ferreira
10/5/2002 às
11h05

Das axilas para a estante
Alexandre, se não me engano, o colunismo social, essa inequívoca, mas não única, manifestação da estupidez humana, só existe na Terra dos Papagaios. Aqui em Fortaleza (ainda morro de orgulho por essa terra!) a coisa ganha tons picarescos, pois essa provinciazinha esburacada e medonha (que possui concomitantemente a segunda maior frota de carros importados e um dos maiores índices de pobreza do país) tem uma elitezinha econômica analfabeta e meia-boca que mal sabe assinar o nome e que além de casamentos e festinhas de 15 anos, faz fila para receber, em mega-solenidades nos clubes sociais, o autógrafo dos "grandes poetas" da terra, cujas "obras" (haja aspas para descrever as coisas dessa terrinha), quase sempre financiadas pela editora da Universidade Federal do Ceará, fazem somente um percurso na vida: das axilas para a estante. P.S. Aqui no Ceará nós temos (ah! a vaidade) o Príncipe dos Poetas Cearenses! Todo mundo que, por algum motivo, vê coluna social nos jornais daqui, sabe quem é o tal Príncipe. Mas duvido que meio por cento desse pessoal que vai ao lançamento dos livros do tal Príncipe saiba "o que esse cara anda a escrever". Deixando de lado um pouco da compostura: Príncipe dos Poetas é a puta que os pariu, cambada de "bestas sadias"! ... Dennis, que você acharia se a ilha de Caras fosse escolhida para ser o modelo de teste para o lançamento de bombas atômicas em áreas habitadas? Rogério (http://pradomacedo.blogspot.com)

[Sobre "Quem é essa gente?"]

por Rogério Macedo
10/5/2002 às
10h35

Dúvida
Caro Alexandre, As vezes me pergunto porque a nossa pseudo-elite sempre quando apresantada a reles mortais em falar prazer meu nome é João, diz eu sou João, neto do José, filho do Godofredo e da Janaina e primo distante de alguem muito importante no cenário politico nacional e não mexa comigo porque você não sabe com quem está falando! Será vegonha do primeiro nome ?

[Sobre "Quem é essa gente?"]

por Otavio
10/5/2002 às
10h44

Leu todinho
Vocês perceberam que a Marilyn está nas últimas páginas do livro?É incrível...ainda se estivesse no comecinho...dava até pra acreditar.

[Sobre "Assim rasteja a humanidade"]

por Andréa Trompczynski
10/5/2002 às
09h49

DE QUE É FEITO UM HOMEM BOMBA
DE QUE É FEITO UM HOMEM BOMBA ? WALDEMAR ZUSMAN* A maioria das guerras impressiona pela introdução de armas que excedem e ultrapassam velhos trabucos e surrados artifícios estratégicos. Os progressos tecnológicos otimizam o belicismo humano. Foi assim na segunda guerra mundial com as chamadas bombas voadoras, com as quais Hitler reduziu uma boa parte de Londres a escombros. Depois vieram as bombas atômicas lançadas pelos aliados sobre Hiroxima e Nagasaki, destruindo quase toda a população e prédios destas duas cidades, e pondo fim à guerra. Instrumentada pela ciência a destrutividade humana assusta e assombra mais do que envaidece. Na guerra do Oriente Médio, no entanto, o que assusta e assombra não é uma inovação científica, mas um velho e desgraçado tipo de comportamento humano, o de suicidar-se, revestido da aura de heroísmo que dá a quem o pratica um duvidoso salvo conduto para um céu habitado por 70.000 virgens, como apregoam os muçulmanos. A história dos suicídios é tão longa como o é a história da vida. Viver é sempre uma decisão entre existir e desistir, por menor que seja a consciência que se tem da opção que se faz entre uma coisa e outra. Hamlet já o dizia em seu famoso monólogo, perguntando: - Ser ou não Ser ? Qual de nós, na hora das desgraças e dos infortúnios, já não se fez, inúmeras vezes, esta mesma pergunta, posta por Shakespeare na boca do seu famoso personagem ? O suicídio, por mais que possa parecer, jamais foi um ato solitário. Quem se mata, mata dentro de si todos os que habitam o seu mundo interno. A vida mental do suicida é por ele sentida, conscientemente ou não, como povoada por figuras hostis que lhe infringiram decepções e sofrimentos, sentidos como imperdoáveis, a quem ele quer destruir, ainda que pelo preço da própria vida. Salvo em circunstancias repentinas de intolerável sofrimento, ou como tal avaliadas, o suicídio é, via de regra, uma longa e acariciada decisão, tão temida quanto desejada, em diferentes proporções. Há suicidas pacientes, que aguardam por situações justificadoras dos seu gesto tresloucado. Estes são os que primeiro saltam da cobertura de um prédio em chamas, como aconteceu no incêndio do Edifício Joelma. Os que esperaram por auxilio foram resgatados por helicópteros. Há suicidas (pré-suicidas) que optam por profissões ou por esportes de alto risco. Há suicidas que, silenciosamente, fazem doenças auto-agressivas ( auto-imunes) que a medicina começa agora, depois de Freud, a melhor compreender. Entre o desejo de se matar e a coragem de faze-lo há um espaço que é ocupado pela vergonha e pela culpa de perpetrar a destruição de sua vida e de todos os que a concederam.É neste espaço que se insere a propaganda de guerra que fornece ao suicida temas heróicos e promessas mirabolantes como a dos gozos infindáveis das setenta mil virgens. A civilização, que já entendeu o suicídio, em todas as suas formas e modalidades, como sintoma de uma doença mental comumente chamada de Depressão, não pode se deixar iludir pela má fé da exaltação patriótica de um quadro mental, do qual políticos ignorantes e inescrupulosos procuram tirar partido. Homens-bomba são pessoas deprimidas, politicamente manipuladas. Em geral são jovens, que deviam ser encaminhados a tratamentos psicológicos. Mesmo nas guerras há uma ética. Dr. Waldemar Zusman é Psicanalista Didata. e-mail: [email protected]

[Sobre "O Conflito do Oriente Médio"]

por kalman mayer
10/5/2002 às
04h25

Obrigado pela bengalada
Dois anos atrás, eu me lembro bem, os livros mais vendidos da Bienal tinham sido escritos por Marcelinho Carioca e Luísa Ambiel...Na próxima, serão as Obras Completas dos Atores de Malhação. Sérgio Augusto, grazie pela bengalada nessa gente - apreciei vicariamente a sensação...A foto da Marilyn Monroe lendo Joyce descalça - também não vou me esquecer disso...Um abraço, Alexandre S. Silva.

[Sobre "Assim rasteja a humanidade"]

por Alexandre Soares
10/5/2002 às
03h15

Nem choques eletroquímicos
Caro Alexandre: lembra-se do Flautista de Hamelim, aquele que usou sua música para atrair ratos e ratazanas, levando-os ao afogamento no Rio Weser? Pois essa gente que brinca de libélula é a reencarnação grupal dos mesmíssimos ratos pestilentos que o flautista exterminou. Estão de volta para a grande vingança: empestear o mundo! Essa gente parece emergir daqueles vaudevilles do século XIX, onde aristocratas comiam marrons glacés em penicos, para fazer o populacho gargalhar. Tudo, nesses novos-ricos e novos-famosos, é repulsivo, insultuoso e vergonhoso. Aliás, eles não têm qualquer consciência dos limites entre a frivolidade e o grotesco. Por isso vivem a dizer asneiras e a fazer ridículas poses para os fotógrafos de Caras. Alexandre, você já pensou como devem ser “gratificantes” os finais de semana na Ilha de Caras? Se nós pisássemos naquele chão, teríamos um imediato bloqueio no fluxo dos nossos neurotransmissores. Depois... nem choques eletroquímicos nos redevolveriam a razão e a sensibilidade. Seriamos neutralizados pelas asinhas enlouquecidas das libélulas de Giorgia Flemming. Que fim triste, hein? Melhor seria morrermos atropelados por um Fiat 147. Seria mais digno e mil vezes mais discreto. Abraço.

[Sobre "Quem é essa gente?"]

por Dennis
10/5/2002 às
02h45

a vocação de cada um
Uma das miopias contemporãneas mais atrozes é a de decretar que todas as pessoas são rigorosamente iguais; qualquer desvio desta norma advém (segundo a tese humanista) da exclusão social, da injustiça social, dos designios dos privilegiados, do egoismo das elites. Em sua vertente mais radical os advogados dessa idéia chegariam ao extremo de proibir que uma pessoa pudesse optar, ela própria, por viver em pobreza. Na verdade essa forma de ver a humanidade não é apenas babaca mas também perigosa pelas consequencias nefastas que provoca (basta observar os efeitos deleterios na sociedade americana advindos da assim chamada affirmative action). Já a coluna do Alexandre, condimentada com fina, elegante e, por que não, mordaz ironia, mostra em boa hora que as pessoas são sim diferentes umas das outras. Enquanto isso, o leitor Ricardo (comentário 21) vai um passo além e assinala que as pessoas não apenas são diferentes mas também têm vocações diferentes; nem todos, por exemplo, se destinam a apreciar a leitura de um Schopenhauer, A. Christie, J. de Alencar, etc. De minha parte gostaria de acrescentar (admito a influência algo religiosa/budista) que o bacana na vida é as pessoas virem a realizar suas potencialidades, seja lendo Schopenhauer, seja construindo um belo muro de alvenaria, seja escrevendo uma inspirada coluna para o DC. Um abraço.

[Sobre "Quem Não Lê Não É Humano"]

por Toni
9/5/2002 às
18h07

Foi-se
Grande Sérgio Augusto...a Bienal foi-se.Agora é mais um coquetel da Ilha de Caras.É preciso uma Bienal alternativa ,uma Bienal com...com...oh,que coisa fantástica : escritores e leitores!!Seria uma grande novidade!!

[Sobre "Assim rasteja a humanidade"]

por Andréa Trompczynski
9/5/2002 às
10h04

Julio Daio Borges
Editor

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