Segunda-feira,
13/5/2002
Comentários
Leitores
Conjecturas
Alexandre e Ricardo,
Particularmente, acho descabida uma discussão onde se vincule questões qualitativas do ser humano à prática de leitura - ou o tipo de leitura. A qualidade das pessoas se mede, em primeiro lugar, à luz da moral e da ética, que é o que norteia as suas ações. Se a pessoa lê pouco ou muito, e que tipo de leitura é essa, isso tem mais influência no aspecto meramente quantitativo, ou seja, a pessoa tem MAIS ou MENOS conhecimento. Então, são múltiplas as combinações entre "quantidade de conhecimento" e "ética e moral", o que, além das questões físicas, é o que gera a multiplicidade de pessoas que há no mundo: há modelos lindas, burras, mas sérias; há modelos lindas, inteligentes mas prostitutas; há médicos cultos pedófilos; há psiquiatras cultos assassinos (jornalistas também); conheço um açogueiro filósofo e sério. Enfim, há de tudo e cada um escolhe com que se relacionar. Já acabei um relacionamento onde eu achava que era por questão cultural, mas hoje sei que faltou foi amor. Antes, pus a culpa na minha ex-parceira. Hoje penso que ser iletrado não é necessariamente um ERRO. Pode ser falta de sorte, destino, sei lá, mas erro não, pois só erramos quando temos amplo conhecimento das coisas e mesmo assim tomamos algumas atitudes erradas, como por exemplo, o advogado ladrão, o padre que mantém uma amante, etc. Mas se desconhecemos a origem e a razão das coisas, onde há o erro? Tive um professor que dizia o seguinte: "a felicidade pressupõe uma boa dose de ignorância...).
Abraços,
Bernardo
[Sobre "Quem Não Lê Não É Humano"]
por
Bernardo
13/5/2002 às
17h15
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O Escol
Essa gente é muito escolada, mas não são as pessoas mais cultas do Brasil.
Creio que os encontros na ABL devem ser mais atraentes.
[Sobre "Quem é essa gente?"]
por
Sérgio Tadeu
13/5/2002 às
16h40
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NÃO NECESSARIAMENTE ...
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra ... Um "professor de filosofia" que leia de um livro apenas a página da qual necessita para fundamentar uma tese inútil, é tão "não-humano" como o ginasta que não lê. Aliás, ninguém mandou seu ginasta manter o corpo e esquecer o espírito. Se ouvir de alguém que ele não é humano, a culpa é dele mesmo. Cito uma máxima bem batida do próprio Aristóteles ao qual você recorreu: "A virtude está no meio". Cultive o corpo, mas não esqueça do espírito! A pressa com que escrevo só permite-me lembrar de máximas conhecidas de todos, mas mantendo-me na Antiguidade, lembro os romanos: "mens sana in corporem sanum". Se eu acho que Aristóteles foi mais humano que eu? Acho que nem somos pessoas que possam ser comparadas, pobre de mim ... (rs). Esses problemas que você aponta, pelo menos por mim têm sido evitados, pois aproximo-me de uma pessoa por afinidade, não aleatoriamente. Mesmo assim, a decepção não é algo raro. Acho que você está misturando duas coisas: 1ª relações travadas com uma pessoa que não faz as mesmas coisas que nós. Nisso eu não vejo problema algum. Um advogado e uma bióloga podem relacionar-se perfeitamente. 2ª, que é o problema que acho ter sido apontado inicialmente, relacionarmo-nos com uma pessoa de nível intelectual inferior àquele em que nossa presunção nos coloca. Aí e outra coisa. Um leitor de Proust não se relacionará plenamente com uma leitora de Depark Chopra, e se insistirem, sofrerão inafastavelmente as penas da imprudência. Será apenas uma questão de tempo.
[Sobre "Quem Não Lê Não É Humano"]
por
Ricardo
13/5/2002 às
10h30
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Caducos no dia seguinte
O bom caderno de cultura é aquele que demora a envelhcer. Ultimamente eles andam ficando caducos de forma meteórica como as matérias que publicam. O tempo de duração da maiora deles é do horóscopo.
[Sobre "O frenesi do furo"]
por
Otavio
13/5/2002 às
10h36
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Estimo melhoras
Hoje estamos meio fora de forma, hein? Um fim de semana dedicado a um mergulho no contubérnio da esbórnia, ou talvez uma overdose de Casa dos Artistas...
Abraço,
Alexandre
[Sobre "ajoelhou? tem que rezar"]
por
Alexandre Ramos
13/5/2002 às
10h36
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Disparate e papelucho
Eu também estudei em colégio católico, colégio elitista, interligado à PUC, lá nos altos da Rua Monte Alegre (o monte parecia um tanto melancólico). Os padres que me acariciavam os cabelos eram dominicanos, rebeldes, de esquerda, muitas vezes até parecia que nem acreditavam em Deus Pai Criador. Não sei se eram pedófilos, mas havia um determinado frei... que me abraçava carinhosamente, sem qualquer maldade, por vinte minutos seguidos. Teria sido um abuso? Não creio.
Claro que escritor pode ser feliz! Disparate!(também usei, finalmente, a tal palavra de vovó) Pessoa estava erradíssimo, se disse que Literatura exclui Felicidade. Entendam bem, você e Pessoa: escritor só não pode ser feliz em estado de vigília. Sonhando, é permitido, sim. De mais a mais, é biológicamente provado que a felicidade masculina dura apenas quatro ou cinco segundos. Você está querendo o quê?
Quanto à lindíssima garota, coloque uma coisa na cabeça: esse negócio de flerte e conquista é semelhante aos problemas da prisão de ventre; se for preciso fazer muita força... melhor desistir, porque a insistência pode causar algum problema mais profundo, ou de fundo. Se a coisa acontece na hora certa, tudo sai fácil, fácil, ou vice-versa, o que é bem mais interessante.
O padre velhinho, aquele do papelucho (touchet), estava certo. Onde se viu fazer pergunta absurda como aquela? Claro que era para ler e fingir rezar. Óbvio! Ele conhecia você, sabia da sua dissimulação.
Mesmo sendo ótima a frase do Francis, ao citá-lo você está chamando chuvarada. Abra o guarda-chuva. Abraço do Dennis
[Sobre "ajoelhou? tem que rezar"]
por
Dennis
13/5/2002 às
09h20
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Tati
Mas Evandro, o melhor argumento contra o que eu disse é, acho, Jacques Tati, o diretor de cinema francês. Ele não gostava de ler. Mas se Jacques Tati não era humano, quem é humano? É claro que algumas pessoas que não lêem são melhores que algumas pessoas que lêem. Mas mesmo assim acho que bem que elas podiam ler as atas do clube de vez em quando- para entrar mais "no espírito da coisa", como se diz. Se são tão humanas assim sem ler (e algumas são, reconheço), imagine como ficariam depois de ler Walt Whitman. Não é? -Toni, obrigado pelo "inspirada" antes de "coluna no DC". Obrigado ao Ricardo, que é um leitor oblomovista, por ler um leitor peripatético (duas tribos diferentes, mas amigáveis). Um abraço a todos, Alexandre.
[Sobre "Quem Não Lê Não É Humano"]
por
Alexandre
13/5/2002 às
06h03
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Glorious victory
Sim, eu sempre gostei de "...And Lion Heart, and black-brow'd Edward with
His loyal queen shall rise, and welcome us!" Se prepare, Sue, se prepare! Prepare your arms for glorious victory!
[Sobre "Quem é essa gente?"]
por
Alexandre
13/5/2002 às
05h35
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Fim do no.
O povo tem interesse pela cultura, provavelmente o que ocorre é que os navegadores são na sua maioria jovens, é interessante saber que muitas mulheres com faixa etária mais ou menos 30/40 anos não se interessam por informática, ou quando demonstram algum, é pelo e_mail ou o editor de textos o word do office. Em relação a homens é mais abrangente mas também acredito que a maioria dos navegantes sejam jovens, é raro ver algum adolescente se interessar por sites de notícias. A Globo.com que tinha em seu conteúdo somente matérias, atualmente já podemos ver em suas páginas paparazzos e garotas em pop-ups.
A internet é conhecida entre os pais por pedofilia e pornografia, seria hora de mudar este quadro. Muito boa sua matéria, parabéns, vi lá no blog da Meg.
Abraços
Suely
A Blogueira dos 'enta'
[Sobre "A internet e o fim do no."]
por
Suely
13/5/2002 à
00h35
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Todos foram chamados! :)
Caro Ricardo, essa é uma situação-limite. Se a pessoa te indica Paulo Coelho, fica fácil dar o pé nela. Estou falando de alguém de quem você realmente gosta e que não é nenhum ignorante, mas que tem um nível intelectual razoável. O que quero dizer é o seguinte: é possível amar uma pessoa que não faz as mesmas coisas que você. O mundo dá muitas voltas e pode ser que duas pessoas se conheçam e se amem e depois comecem a seguir caminhos diferentes e continuem se amando mesmo assim. Mas mesmo sem levar em conta nada disso, já há um problema aqui, e é esse problema que eu quero ressaltar: é fácil afirmar, por exemplo, que um professor de filosofia é mais humano que uma ginasta. Mas imagine-se no lugar da ginasta ouvindo isso... Esta é uma questão prática e séria que não tem solução dentro de um âmbito de discussão puramente teórico. Quero dizer, se uma pessoa tem uma vida que para ela faz sentido, se ela tem amigos, se ela é feliz, que sentido há em falar que ela é menos humana que outra? Que direito nós temos de julgar quem é mais humano? Você acha que Aristóteles foi mais humano que você? Ou ainda: você acha que, caso Aristóteles tenha sido mais humano que você, isso vai fazer alguma diferença na sua vida? Isso aqui está mais parecendo uma terapia, né?! Aliás, se tivesse algum psicólogo aqui, poderia me ajudar em meus argumentos, pois os terapeutas têm muita experiência prática com clientes e sabem que as coisas não são tão simples assim. Estou dando uma de Sócrates de propósito. Não deixo de reconhecer os méritos de quem busca o conhecimento. Acho isso uma das coisas mais bonitas do ser humano, talvez a mais bonita. Mas ao mesmo tempo me recuso a adotar a postura fácil de dizer que todo mundo deveria ser filósofo. Ou que, como dizia Platão, o verdadeiro filósofo é o ser mais perfeito que existe. Quanto mais eu estudo, mais vejo erros nas opiniões das pessoas "comuns". Mas vejo que algumas pessoas são abertas ao que eu digo e outras não. E tenho a impressão de que talvez seja isso que torne as pessoas mais humanas. Muitas vezes vejo mais humanidade em um motorista de taxi do que em um doutor em filosofia, que já leu centenas de livros.
[Sobre "Quem Não Lê Não É Humano"]
por
Evandro Ferreira
12/5/2002 às
21h56
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Julio Daio Borges
Editor
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