Domingo,
19/5/2002
Comentários
Leitores
Quod scripsi, scripsi
Diego, para achar que uma coisa é boa ou ruim, certa ou errada, é preciso um parâmetro, um referencial, né? Então, o meu eu encontro na Revelação Divina confiada à Igreja. E não “cegamente”, como diz você, pois sou católico porque quero. Essa coisa bem brasileira de “quero falar com o chefe” até que tem muito sentido em se tratando de valores: o negócio é buscar mesmo o fundamento último, porque os filósofos, as maiorias, as minorias, as modas e principalmente o politicamente correto levam você de nada para lugar algum. De mais a mais, aquelas idéias que os filmes que analisei defendem, tanto no nível de “patologia social” como naquele mais “light” que você considera aceitável, em existindo Deus estão erradas do mesmo jeito; em Ele não existindo, aí, meu chapa, é uma questão de oportunidade, talento e coragem. Ou tu acha que, neste caso, eu deixaria escapar a Mena Suvari?
Gustavo, acho que antes de enviar um e-mail você não deve esquecer de passar um corretor ortográfico e gramatical. Dito isto, achei curiosa a sua idéia de deixar em paz quem pensa diferente de nós quanto a algumas coisas. Diferente, mas não original, porque um político americano - cujo nome não recordo nem sinto falta disso - depois da independência e antes da abolição da escravidão nos EUA, dizia que as pessoas que eram contra a escravidão deviam se limitar a não ter escravos, sem ficar enchendo o saco dos que preferiam tê-los. É possível que você perceba que, levando esse teu, ahn, digamos, “raciocínio” às ultimas conseqüências, se alguém entender que o Gustavo, por causa de sua raça, religião, credo político ou religioso ou mesmo por suas dificuldades com acentuação deva ser devidamente conduzido a um campo de “reeducação”. Tu já viu aquele poema do Brecht em que a cada noite vinha a polícia ao prédio do sujeito e levava os judeus, os comunistas, não sei mas quem, aí o cara ficava na dele e não fazia nada porque não pertencia a nenhum daqueles grupos, até que uma noite, quando a polícia chegou, ele estava sozinho no prédio? É isso aí.
Veja, meu caro, que até para dizer essas bobagens que você diz, é preciso primeiro estar vivo. E um ser que, como incrivelmente até você conseguiu perceber, tem a potência para a vida consciente, tem também, rigorosamente, o direito de ter sua vida preservada desde a concepção.
[Sobre "Regras da Morte"]
por
Alexandre Ramos
19/5/2002 às
12h01
|
Irrelevante
Sinto muito Gustavo, sempre que vejo um potencial de inteligência desperdiçado de tal forma. Não vou debater com você, não porque não tenha argumentos, mas porque você não tem postura para debater o que quer que seja. Ciência de almanaque e livro didático ou nada para mim dá no mesmo. E você é mesmo bi-dimensional, porque não demonstra nenhuma profundidade no que fala. Suas palavras são chapadas, preto-no-branco, maniqueístas e obtusas. Leia, por favor, os comentários bastante razoáveis do Diego, e aprenda a conversar. Não concordo com nada do que ele disse, mas respeito profundamente a posição dele, que não é irrefletida nem arrogante como a sua, apenas diferente da minha. Se vamos usar a ótica cientificista, você nada mais é que um bando de moléculas mal-arranjadas, que bem podiam virar algo de mais útil para a sociedade, como uma mesa de bilhar, por exmplo. Seria ao menos mais elegante.
[Sobre "Regras da Morte"]
por
Assunção Medeiros
19/5/2002 às
03h02
|
Mulher, negra e favelada
Rafael, se você fica tão triste ao ver crioulos na tela, basta não assistir mais aos filmes americanos. Suponho que voce seja de esquerda, não? Então, veja apenas filmes nacionais... Eu, como sou crioulo, e de direita, adoro ver filmes americanos, e não perco um episódio de "Um Maluco no Pedaço", no SBT.
P.S. Vou votar no candidato do FHC, o Serra, por causa da lei de cotas (mas mudo o voto, se surgir um candidato crioulo, gay ou mulher)
[Sobre "Estereótipos"]
por
Mauro G. Cetrone
19/5/2002 às
02h22
|
Resposta do imaturo ignorante
A reacao emocional de uma mulher quanto a comparacao de um
embriao com um verme e irrelevante. Em termos biologicos,
OBJETIVOS, a comparacao procede. Inclusive, se nunca teve a
curiosidade, va ver fotos de embrioes
de varios vertebrados, do mais reles peixe ao mais inteligente
mamifero. Ve algo em comum entre eles? Ou talvez a pergunta
mais apropriada seria, ve algo DE DIFERENTE entre eles?
Sim, porque e bastante dificil distinguir um do outro. Enquanto
embrioes, o desenvolvimento de um sapo nao e tao diferente
daquele empreendido por um humano. Alem do mais, se a
mulher nao consegue conceber tal comparacao, que nao faca o
aborto. Nao proponho que ninguem seja obrigado a faze-lo.
Proponho que nao se impeca que aqueles que o desejem o
facam. E convenhamos que se uma mulher esta disposta a
abortar, certamente nao ve problemas com minha comparacao.
Quanto ao movimento politico dos gays, tudo que os vejo fazer
e demandar para si os mesmos direitos que os hetero ja tem,
como por exemplo o direito ao casamento (Nao sei porque
alguem iria querer isso, mas e direito deles mesmo assim ;) ).
Ate o presente momento, nao vi o movimento gay dando pitaco
sobre a politica neoliberal do FHC, dizendo que deviamos ser
uma nacao comunista, exaltando algum fuher qualquer nem
nada que o valha. Posso ate estar enganado.
Se vamos falar de minha ignorancia quanto ao passado,
sobre o que gostaria de ouvir? Sobre Galileu, que foi obrigado a
desmentir que a terra girava ao redor do sol para nao virar
churrasquinho gracas a uma certa igreja? Sobre as acusacoes
de "bruxaria", completamente indefensaveis, que
invariavelmente terminavam com tortura e execucao do
acusado? Sobre Hume, filosofo brilhante que foi recusado em
uma universidade sob a acusacao de "heresia e
ateismo", por volta de 1750? Sim, minha cara, apesar de toda
a ignorancia e misticismo que ainda assolam o mundo, considero
que estamos bem melhor hoje do que sob o dominio de uma
certa organizacao religiosa. E nao fui eu quem nomeou a
epoca medieval de "Idade das Trevas". Agora, que tal deixar
de lado a tentacao de atacar minha pessoa com seus
jargoes sem significado (pessoa imatura, bidimensional e
ignorante) e me mostrar PORQUE meus argumentos sao
"bidimensionais" (nao me lembro de ter discutido a
natureza do espaco-tempo com voce) e quais falhas logicas
possuem? Oh, sim, quase me esqueci. Ja que vale usar taticas
diversionarias aqui, va ler "O Mundo Assombrado pelos
Demonios" por Carl Sagan, os tratados de Hume sobre o
entendimento humano, e qualquer livro de biologia do segundo
grau que contenha explicacoes sobre desenvolvimento
embrionario. Quando voce estiver um pouco menos ignorante,
a gente conversa, combinado? ;)
[Sobre "Regras da Morte"]
por
Gustavo Alckmin
18/5/2002 às
17h39
|
Fernanda Young
VOCÊ NÃO SABE NADA DE TC, FALANDO QUE A FERNANDA YOUNG NÃO TEM TALENTO...VC QUE NÃO TEM.....RECEBE SALÁRIO SÓ PRA FALAR MAL DOS OUTROS...TEM FACULDADE PRA ISSO?
[Sobre "E eu mais ainda!"]
por
Fernandinha
18/5/2002 às
16h36
|
Que confusão!
Gustavo, eu não disse em lugar algum que dois homens, ou duas mulheres, meia dúzia de cabritos e toda a torcida do Flamengo estavam proibidos de fazer sexualmente o que bem quiserem na cama. Podem, sim, porque o próprio Deus lhes deu essa autonomia. Não considero o que você falou válido, porque simplesmente não existe uma mulher capaz de comparar um filho no seu ventre com amebíase. Isso não pode ser levado a sério. O movimento gay é um movimento POLÍTICO que usa um desvio sexual como pretexto. Nada tenho contra os indivíduos gays, amo os cães, acho os boizinhos lindinhos. Sou contra todo o tipo de violência, inclusive as guerras, os bailes funk, as torcidas organizadas de futebol e crueldade com os animais. Ria do que quiser, mas me permita rir ainda mais de seus argumentos bi-dimensionais que mostram bem sua falta de experiência de vida e da sua crença moderna de que você é melhor que um homem medieval. Mostra bem o tamanho da sua ignorância. Mas você tem uma chance de sanear um pouco isso. Já que falou em vermes, tire alguns de sua mente. Vá visitar o site www.brathair.cjb.net e estude um pouco de história medieval. Um outro site bom é o do meu amigo Ricardo da Costa, em www.ricardocosta.com . Cresça um pouco. Depois a gente fala.
[Sobre "Regras da Morte"]
por
Assunção Medeiros
18/5/2002 às
03h58
|
Maldita Religiao...
Uma boa forma de entender do que se trata o homosexualismo e compara-lo a hemofilia ou a uma propencao ao cancer.
Certamente nao e uma caracteristica desejavel, e nao contribui em nada para aumentar as chances de sobrevivencia ou a prole de um individuo, mas nao creio que tenha visto muitas pessoas perseguindo e maltratando hemofilicos ou portadores de cancer, pelo contrario.
Afinal de contas, por que eh que temos essa necessidade em atacar ou em limitar a libertade dos homosexuais? Dois homens adultos resolvem, de livre e espontanea vontade, efetuar aquela gambiarra la que lembra um pouco o coito. Eles o fazem entre quatro paredes, respeitando portanto a privacidade dos demais. Porque, diabos, ficam os heteros tao incomodados com tal fato? Desde quando isso e problema nosso? Se eles querem voluntariamente desistir da competicao pelas femeas e se se satisfazem com aqueles malabarismos que, aos meus olhos, parecem ridiculos, o que e que eu tenho com isso? Nao vejo como minha liberdade possa estar sendo tolhida pelas praticas do "casal", portanto creio ser razoavel de minha parte nao interferir na deles.
Quanto ao aborto. Vejamos. Quando voce detecta parasitas em seu trato intestinal, o que e que voce faz? Voce em algum momento pensa no fato de que tais criaturas possuem sistemas nervosos e portanto a capacidade de sofrer, ao deglutir seu vermifugo?
Ou vejamos um exemplo mais extremo. Quais excrupulos voce demonstra ter ao matar uma entidade ADULTA, possuidora de sistema nervoso COMPLEXO, contendo inclusive memorias e que demonstra de forma inequivoca ser capaz de sentir emocoes como medo, dor, amor e desejo sexual? Voces nao tem excrupulos ao fazer um churrasco, mandar um cao para a carrocinha ou mesmo praticar experimentos enojantes em um chimpaze apenas para testar a viabilidade de um cosmetico, tem? Porque diabos entao voce os deveria ter ao tratar de um feto sem memorias, sem sistema nervoso operacional, sem identidade... sem um EU?
A partir do momento em que uma mulher decide que nao deseja a crianca, a ultima e reduzida a mesma categoria do parasita intestinal: Uma forma de vida rudimentar que se vale dos recursos da hospedeira para viver e se desenvolver. A mulher nao tem o direito de negar esses recursos? Voce nao os nega aos "hospedes indesejados"? (vermes).
Talvez devamos exaltar a sua "responsabilidade" nessa questao! Afinal de contas, a culpa dos vermes estarem ai e toda sua por comer legumes sem os lavar! Agora aguente as consequencias pelo resto de sua vida, nada justifica tal genocidio de centenas de pequenas vidas!
No nosso caso, isso equivale a arranjar um emprego adicional para sustentar seu fardo ate os 21 anos de idade, desistir permanentemente de todo um estilo de vida, de todo o seu EU atual, que ja e possuidor de uma consciencia. Tudo em prol de uma crenca moral sem qualquer base cientifica que diz que um maldito aglomerado de celulas que por acaso possui o DNA da especie ariana... digo, DNA humano, e que tem o POTENCIAL de desenvolver uma consciencia, nao deve jamais ser morta.
Se voce nao e a favor do aborto, nao o pratique. Mas nao tente impor seus valores a pessoas que desejam pratica-lo sem qualquer peso na consciencia. Garanto que nem voce nem qualquer de seus entes queridos sera de qualquer maneira molestado pela nossa pratica do aborto. :)
Nao, nao acredito em diabo e honestamente nao dou a minima. Se ele quiser rir com a mao invisivel e indetectavel em meu ombro, problema dele. As crencas medievais que miraculosamente perduram ate hoje; independentemente de afetarem uma grande parcela da populacao, so conseguem ter um efeito em mim: me fazer rir.
Como diria Carl Sagan, vivemos de fato em um "mundo assombrado pelos demonios..."
[Sobre "Regras da Morte"]
por
Gustavo Alckmin
17/5/2002 às
21h33
|
Pipocas, Diego!
Diego! Porque você foi tão mesquinho como o tamanho de seu texto da primeira vez? Concordo com a letra miúda e o itálico; você está coberto de razão. Viu, senhor Julio Daio Borges? Precisamos de fonte maior, e o itálico deveria ser uma opção, não a regra. Tem razão também pela parte do DERIVADO de um pensamento politicamente correto, vamos dizer então indentificado com ele. Você tem razão em um monte de coisas, e tenho medo de espantarmos os leitores se continuarmos com estes testamentos miúdos em itálico, mas deixa eu dizer umas coisinhas: dizer que dois opostos são igualmente "extremos" é brincar com retórica, não descrever a realidade. Isso é dizer que matar e gerar são igualmente errados. Nem sempre as situações de total oposição se referem a duas coisas negativas. Também está errado em dizer que a CNBB é igreja conservadora. Se você acha isso, não tem a menor idéia do que seja um católico conservador. E chega também de colocar religiosidade como obscurantismo. Deus é uma realidade com que temos de lidar, se não pelo fato da sua existência, pelo menos pelo dado estatístico de sua influêrncia na humanidade. Quanto ao fato de dois iguais se entenderem melhor, pode ser, mas não são COMPLEMENTARES, que é todo o objetivo do homem e da mulher existirem, pipocas (ADOREI o pipocas!). Não precisamos falar no Evangelho: basta estudar brevemente o yin/yang da filosofia oriental. Dois iguais se entendem, mas não geram o crescimento dialético de dois que se complementam. Sempre fica faltando algo. Quanto ao homossexualismo animal, qual o problema? Nunca disse que as pessoas não poderiam praticar o homossexualismo, ou sado-masoquismo, nenhum tipo de fetichismo. Isso é da consciência individual, nada tenho a declarar. Sei e respondo apenas pelo que EU faço. Mas o homossexualismo em qualquer espécie é ocasional, e ninguém imagina que deva ser elevado ao mesmo status do heterosexualismo. Imagine o que aconteceria se TODOS resolvessem adotar o homossexualismo? Vida curta para a espécie humana. E devemos mesmo conhecer gays muito diferentes, pois a preocupação com sexo é geral nos que eu conheço, e até acarreta nos "dark rooms" (salas escuras) das boates gays, onde vale tudo no escurinho. Não é o caso de não aceitar o homossexualismo como existente, apenas não acho que seja desejável, de um ponto de vista moral, social e religioso. Mas Santo Agostinho sempre nos exortava a odiar o pecado e amar o pecador, e procuro praticar isto. Ninguém jamais irá cometer suicídio por minha causa, eu lhe asseguro. Modelo de família existem vários, o que eu conheço e gosto muito é o patriarcal, não me sinto oprimida nem maltratada, sou mulher bastante independente. O que não existe hoje é a clareza do que verdadeiramente é uma família. O marido traisr a mulher indiscrimanadamente não é intrínseco do modelo familiar, é só pecado da carne mesmo. quanto ao aborto, porque é que é a aprte mais frágil que vai pagar pelo pecado dos outros? Quando é que um erro foi consertado por outro erro? Chega, meu querido, assim vou longe e assustaremos todos os leitores para fora daqui! :o) Beijos da Sue...
[Sobre "Regras da Morte"]
por
Assunção Medeiros
17/5/2002 às
19h41
|
Um pezinho , uma garupa ...
De tudo que eu li nessas 46 mensagens mais o texto, conclui que cada um deve seguir seu caminho e quem tem a capacidade de ver mais longe, poderia dar um pezinho para os menos intelectualizados.
[Sobre "Quem Não Lê Não É Humano"]
por
Vinicius Brown
17/5/2002 às
15h51
|
De fato.
Condensei meu texto ao máximo por achar horrível ler em fonte tão pequena, em itálico, mas tudo que ganhei com isso foi uma horrenda desinterpretação. Sue, retorno-lhe sua pergunta: quanto conhece de mim pra dizer com tanta segurança que minhas posições são fruto de uma "corja politicamente correta"? Se não me engano, deriva isso de meu curto texto ali em cima. E para tecê-lo usei o mesmo método: falei sobre o texto que o Alexandre publicou. É muito claro, mesmo pelo título do texto, que a contraposição se dá entre o que mostram os filmes citados e os valores do Alexandre (que os define logo no começo, com o "falta Deus"). O declarado extremo da patologia social (mostrado nos filmes) contra os valores morais de uma Igreja conservadora não menos ao extremo - tanto que está próximo de se tornar piada (Campanha da CNBB contra a AIDS no carnaval: nada de preservativos, a solução é o celibato. Ora bolas, quem trancou o senso de realidade pra fora?). Foi essa oposição de extremos que ataquei, a "crença cega e inquestionada", tanto nos valores bíblicos quanto nos filmes. Quanto à impossibilidade da união civil estável de homossexuais (que cometi o erro de encurtar para "casamento" e deu no que deu), concordo com você quanto fala de termos biológicos. Termos psicológicos, é de se discutir: duas pessoas do mesmo sexo geralmente se entendem bem melhor que duas de sexo diferent. Já termos morais, bem, deixo em aberto por enquanto e pego outro ponto de seu texto, sobre "tratamento". Essa afirmação leva a crer que vê homossexualismo como doença, apesar da grande maioria de entidades médicas já terem abandonado essa idéia há tempos. Note-se, grande parte dos suicídios na juventude se dá porque o/a jovem em questão se descrobiu gay, mas no meio em que vivia isso era tratado como abominação, doença. Pergunto, então, o que é pior, moralmente: levar adolescentes ao suicídio, ou aceitar que parte da população é diferente? Note-se que homossexualismo já foi observado e documentado em outras espécies do reino animal: de quem é a "culpa", da sociedade ou da natureza? Voltando à (im)possibilidade da união estável, creio que vivemos em ambientes muito diferentes: conheço muitos homossexuais, nenhum é tão promíscuo quanto metade de meus amigos hetero; alguns têm relações impressionantemente duradouras. Ou seja, a visão que passa com a expressão "bicha velha que ninguém quer comer", de que ser gay é fazer sexo e ponto final, não leva em conta grande parte da questão. E contrapôr isso às famílias patriarcais... pipocas, Sue! O conceito de família com um chefe (homem) provedor, seus filhos e netos, foi mantido artificialmente por tempo demais (com mulheres aguentando caladas por anos o adultério de seus maridos, por exemplo). Sim, nessas condições tudo parece funcional, até o momento em que todos os males vêm à tona; você deve ter ofendido qualquer pessoa, homem ou mulher, que leu isso e tem o mínimo de consciência do papel feminino na sociedade. A idéia de núcleo familiar "eterno", patriarcal, está falida, e tudo mostra isso: número de divórcios, de casos de adultério, de mulheres que preferem criar seus filhos sozinhas. Não, decerto não digo que "a família acabou"; simplesmente não é mais tão estática e intocável quanto antes. Mas, enfim. Aborto. Casal de namorados é descuidado, ela engravida. Vá lá, é o caso do filme citado. São os culpados, por sua imprecaução: arquem com a conseqüência. Garota de 14 anos é estuprada pelo pai e engravida. Mulher casada, com família, é espancada, estuprada, e engravida. Além do trauma imediato do crime, a garota, a mulher, a família dela, as crianças, são obrigadas a carregar isso por toda a vida? "Não sei quem é meu pai, minha mãe foi estuprada e eu nasci." "Meu irmãozinho não parece comigo porque ele é filho de um cara que deve estar preso. Ah, ele que deixou essa cicatriz na mamãe." Como, diga-me, pode afirmar que tais ferimentos não podem ser fechados, que isso seria "assassinato"? A analogia da roleta russa não faz sentido: um feto, fruto de um crime, filho de um monstro, jamais terá o amor que tem uma mãe, uma esposa, um filho gerado de modo natural. Não queira condenar toda uma família à uma vida de memórias horrendas e sofrimento porque tal aborto seria "assassinato." Em todo caso, creio já termos dobrado o tamanho em Kbytes da página, então termino aqui, e peço desculpas aos olhos e à paciência de todos vocês que se arriscaram a ler esse texto enorme sem a mínima formatação nessa letra miúda em itálico. Abraços.
[Sobre "Regras da Morte"]
por
Diego Rodeguero
17/5/2002 às
14h28
|
Julio Daio Borges
Editor
|
|