Terça-feira,
23/7/2002
Comentários
Leitores
Profissão como fim em si
Alex, você diz que sua carreira de executivo (ou manager, ou administrador, ou etc) é "um simples instrumento, e não um fim em si". Mas será que o ideal não seria um trabalho que fosse um fim em si mesmo? No qual a pessoa até se esquecesse que tem um salário para receber no final do mês? Sua profissão, como na maior parte do tempo a minha (de tradutor) é o aluguel do cérebro por dinheiro; mas existe um nome para essas profissões em que uma parte da anatomia é alugada por dinheiro. Não há absolutamente nada de nobre nisso. Nem nada de muito vergonhoso, talvez; mas de um pouco vergonhoso, certamente. (Repare, estou me incluindo nisso; não quero dar a impressão de estar cutucando especificamente o seu peito com o meu indicador). As únicas profissões que não são de algum modo prostituição são as que correspondem a uma vocação genuína. Não posso deixar de achar que há algo de profundamente errado na carreira de executivo, que ninguém foi feito para isso; porque é a mesma sensação que eu tenho quando estou traduzindo um livro idiota. Ninguém nasceu para traduzir livros idiotas; ninguém nasceu para ser proctologista; ninguém nasceu para trabalhar em cabines de pedágio; ninguém nasceu para coordenar equipes para a produção em larga escala de manteiga e produtos derivados do leite. Quanto a covardia - apenas digo que seria melhor se os executivos não se comparassem com heróis militares. Isso vale para todo mundo que não é, de fato, herói militar. Um abraço do Alexandre- e parabéns pelo blog, do qual gostei muito ( se você me permite: http://meltinspot.blogspot.com/ ).
[Sobre "Samurais de Fecaloma"]
por
Alexandre
23/7/2002 às
02h45
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"Hippie Boy"? Horror!
Bem, vamos tentar responder alguns pontos. O site ficou fora do ar alguns dias, como vocês sabem. Ah, executivos! (Ou a quem mais devo culpar? Os faxineiros? Os office-boys?)/Toni, confesso que é um romantismo, mas que nada tem a ver com os hippies, por favor- é na verdade um ultra-romantismo; meu desprezo pela figura do homem de negócios é o mesmo desprezo que Huysmans tinha, e Rimbaud, e Flaubert. Os decadentistas são o oposto dos hippies; se atacam a mesma figura, atacam por lados diferentes (pela direita, não pela esquerda). Me chame de esnobe, se quiser, mas não de "Hippie Boy". Please. No texto anterior já me chamaram de Sanduba... Quanto à gratidão que supostamente devo sentir em relação aos homens práticos que me fornecem serviços e objetos úteis, eles já recebem salário, e não precisam da minha gratidão. O que sinto por eles é uma versão suavizada do que sentiam Aristóteles, Platão e Plotino - que os descreveu como sendo "uma desprezível multidão, destinada a produzir objetos necessários à vida dos homens virtuosos". Nenhum dos três era hippie; nem, por favor, de esquerda. (Quando vejo pessoas de esquerda atacando homens de negócio, fico do lado dos homens de negócio; que, sim, devem existir, mas são, com exceções, uma "desprezível multidão")./ Mas numa coisa você acertou em cheio, Toni: não posso negar que parte dos meus sentimentos em relação aos executivos se deve ao meu infantilismo. Sim, é verdade. Cada vez que penso em executivos, e em todas as profissões horrivelmente adúlticas, me lembro do final de "Peter Pan", no qual se diz o que aconteceu com os personagens da história: "A essa altura, todos os meninos já estavam crescidos e encaminhados. Por isso, nem vale muito a pena falar mais neles. Todo dia, você pode ver os Gêmeos e Bicudo e Cabelinho a caminho do escritório, cada um carregando sua pastinha e seu guarda-chuva. Miguel é maquinista de trem. Deleve casou com uma dama da nobreza, e ganhou um título. E aquele juiz ali, de peruca branca na cabeça, saindo por aquele portão de ferro, você está vendo? Era o Piuí...O sujeito barbado que não sabe nenhuma história para contar para os filhos já foi o João." (trad. Ana Maria Machado). Um abraço- Alexandre.
[Sobre "Samurais de Fecaloma"]
por
Alexandre
23/7/2002 às
02h13
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Necessidade de atenção.
Não sou psicóloga, Luiz, mas já ouvi dizer que uma das motivações para o suicídio é a possibilidade de chamar a atenção para a pessoa ou para os problemas que esteja/estava passando. Quando um suicídio aparece na TV, o suicida teve sua cota de atenção, e isso pode motivar outros a fazer o mesmo. É lógico que esse deve ser apenas um dos motivos, uma das diversas molas que impulsionam alguém para um ato desses. Mas se em BH a política de não-divulgação está dando certo, pode ser que exista algum fundamento.
[Sobre "Três tragédias"]
por
Adriana
22/7/2002 às
15h19
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culinária x bibliteca
Achei diiimaaaiiiis sou bibliotecária e ao mesmo tempo curto cozinhar. Represento produtos de limpeza Curti, curti, agora estou com pouco tempo para comentários mas tenho muito que dizer sobre coleções memórias foi o que você disse memória da culinária realmente é infinito assim como qualquer biblioteca é infinita.. até mais.
[Sobre "Fome de ler"]
por
Solange
21/7/2002 às
22h53
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Não aos suicídios
Aqui em Belo Horizonte, há muitos anos a imprensa fez um pacto de não noticiar suicídios. Um repórter descobriu naquela ocasião que após a notícia de um deles, seguia-se uma série de mortes e a estratégia deu certo. Apenas quando se consegue evitar a morte é que vemos a notícia nos jornais ou TV.
[Sobre "Três tragédias"]
por
luiz fernando
21/7/2002 às
19h01
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Obrigada por suas palavras !
[Sobre "Crítica à arte contemporânea"]
por
Marina Leite
21/7/2002 às
02h57
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Acima da lei ou abaixo dela.
Bem, num dia de ensolarado um rapaz convida seu primo para ir ao estádio assistir uma partida de futebol. Durante o jogo e arremesado um pedaço de cartolina num policial, este se indigna pula o alambrado em direção ao público e começa a empurrar a tudo e a todos em busca de quem arremessou...
Infeliz por não achar quem jogou a pesadissima cartolina , resolve agredir pelas costas o primeiro que encontra pela frente ...
Resultado uma cacetete de madeira abre um rombo na cabeça de qualquer um , o agredido fui eu, o rapaz que levou o primo mais novo...
já faz um ano do ocorrido e com o policial maluco, não aconteceu nada, nenhuma punição...
Eu que não sou louco de entrar na justiça contra essa gente...
Um abraço
[Sobre "Três tragédias"]
por
Vinicius Brown
20/7/2002 às
16h55
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Em continuação
Gentlemen, submeto as seguintes ponderações. Se você me perguntasse, Evandro, eu diria que o administrador veio primeiro. A civilização, como todos sabemos, é o resultado do acúmulo milenar de conhecimentos, em que o "pensador" e o "administrador" (às vezes reunidos na mesma pessoa, como L. da Vinci) se apóiam mutuamente. Mas tenho para mim que sem um mínimo de condições materiais nenhuma sociedade é capaz de dar o pontapé inicial. Dennis, entendi o texto como que generalista em relação aos administradores. Se for adotar a sua interpretação (que carrega na indulgência), sou intimado a alterar a conclusão. Celso, por não ser administrador fiquei à vontade para sublinhar a importância dessa atividade. Não deixa de ser defesa em causa própria, pois onde as condições de empreender são propícias, também tende a haver liberdade de expressão/pensamento. Claro que existem administradores medrosos e com demais imperfeições, but what is the point? Abraço.
[Sobre "Samurais de Fecaloma"]
por
Antonio
17/7/2002 às
13h05
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coragem y otras cositas más...
Alexandre, meu caro. Grato pelo seu recado; é claro que eu não considero isto uma contenda e portanto não volto com a preocupação de desfazer o empate. Simplesmente me parece que posso dar uma achega ou duas no sentido de contribuir para esta discussão. Volta a ser um pouco o que eu disse no comentário falhado, assim perdoe a insistência se o desgraçado acabar por aparecer...
Pra começar, esclareçamos os termos. Para mim um executivo é algo mais do que um office boy engravatado, e por isso prefiro utilizar o termo inglês de manager. Basicamente, alguém que lidera um conjunto de pessoas para atingir determinados objectivos profissionais.
A seguir, você diz "Não há crianças que queiram ser executivos" logo "ser executivo é algo antinatural". Primário, meu caro. Nunca vi nenhum moleque querer ser massagista de futebol, nem penso que a visão de uma criança possa ser o critério determinante para a validade de uma ou outra profissão. Provavelmente, você poderá encontrar algum professor universitário que, no jardim de infância, sonhava em ser bombeiro - e duvido que se sinta frustrado por isso.
Por outro lado, se você estiver atento poderá ver que algumas crianças demostram, desde idades muito precoces, uma tendência para a liderança. Claro que alguns deles irão simplesmente tiranizar a vida dos vizinhos (seja da sua secretária, seja de povos inteiros), mas outros irão ajudar as suas comunidades (equipes, empresas ou apenas os seus condomínios) a conseguir gerar mais riqueza e, por consequência, a melhorar o nível de vida dessas comunidades. Como em todas as profissões, o valor é dado pelo indivíduo e não pela classe.
Depois temos a questão da "vocação". Quando você me pergunta se é esta a minha vocação, diria que o que eu quero é ser feliz. Tive a sorte de ter desenvolvido um conjunto de conhecimentos e habilidades pelos quais me pagam razoavelmente - o que me permite dedicar mais tempo aos meus filhos, a escrever e a velejar. Ou seja, a minha profissão é para mim um simples instrumento, e não um fim em si mesma. No final, o que importa é a realização pessoal de cada um.
Por último, a coragem. Para mim, coragem é a capacidade de lutar contra os nossos medos. Algo muito mais amplo que a simples coragem física que você menciona. Veja bem, você decidiu largar a faculdade e mudar o seu rumo; sei que terá sido necessária uma boa dose de coragem para tomar tal decisão e, no entanto, certamente que ninguém te queria dar um tiro por causa disso... E lembras-te do coronel surfista em "Apocalypse Now"? a sua grande coragem física não impedia que não passasse de um tonto perigoso.
A mentalidade militar permite desenvolver algumas virtudes (coragem mental, determinação, planificação) que se revelam muito úteis numa estratégia empresarial, e por isso são utilizadas nas melhores escolas de gestão.
Concluindo, não faz sentido discutir se os executivos são amáveis ou execráveis. Como já disse acima, haverá para todos os gostos, assim como os motoristas de ônibus e os decoradores. O que me interessa é deixar claro que esta não é uma profissão de frustrados ou de alienados, que mais importante que a vocação de juventude é a realização como adulto e que a coragem não é um exclusivo do risco físico.
Termino com um pequeno comentário. Você diz "Que se contentem em ser apenas o que são". Eu exijo exactamente o contrário, de mim mesmo e das pessoas que me rodeiam. Talvez esteja aqui a grande diferença entre nós.
Com a amizade e um abraço do Alex.
[Sobre "Samurais de Fecaloma"]
por
alex cabedo
17/7/2002 às
08h37
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Vlaaaad, o maaaaalvado
Vlad era o mais terno dos escritores maus. Mas era mau. Ô. Aquele pedantismo cruel, que rechaçava os filisteus, tinha muitos ecos em Waugh também. E aquela linha fininha entre a ternura e uma atitude standoffish. Crueldade servida em xícaras de chá de porcelana, acompanhadas de tartes au miel. Nhamnham.
[Sobre "3 Grandes Escritores Maus"]
por
Juliana O'Flahertie
17/7/2002 à
01h44
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Julio Daio Borges
Editor
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