Domingo,
29/9/2002
Comentários
Leitores
Carpeaux e os estudantes
Todos nós, estudantes geração 68, temos uma impagável dívida de gratidão com Otto Maria Carpeaux. Ele sempre esteve do nosso lado. Era comovente vê-lo, já adoentado, participando das nossas passeatas e atos contra a ditadura. Era nosso amigo. Estive com ele algumas vezes. Numa delas, pedi um artigo para uma revista semi-clandestina que publicávamos na velha FNFi. Ele topou no ato; dias depois nos entregou o artigo "Esplendor e miséria da sociologia", um texto manuscrito, que - glória minha! - eu tenho comigo desde então. Sinto saudades do Carpeaux. Considero-o o maior intelectual "brasileiro" do nosso século!
Ronaldo Conde Aguiar
[Sobre "O melhor presente que a Áustria nos deu"]
por
Ronaldo Conde Aguiar
29/9/2002 às
19h33
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ambiguidade ideológica
Evandro
Sou uma prova viva de toda essa discussão. Fui empregado e empregador. Vivi os dois lados da mesma moeda. O fato concreto é que no Brasil se fala de capitalismo, mas esse nunca por aqui foi praticado. Quem é de esquerda, é, mas não é muito... têm desejos e práticas burguesas e quando estão no poder revelam-se mais tiranos que os antigos capatazes. Aliás, Gilberto Freyre conseguiu captar essa nossa ambiguidade(brasileira) em Casa Grande e Senzala - ou seja, fomos escravistas, mas não muito... de repente, lá estava o senhor dos escravos paternalisticamente adotando os negros...
Além do problema cultural, tudo isto demonstra que a educação brasileira - aquela que formou a classe "pensante" permaneceu na ideologia da ambiguidade e não promoveu o livre pensar. Ficou no maniqueísmo do certo e do errado. E, lógico, nossos professores universitários continuam sonhando no esquerdismo e praticando ocorporativismo. Sugiro que as pessoas mudem sempre de posição, para ter uma dose de realidade.
No nosso país é dificil ser empregado e quase impossível ser empresário.
[Sobre "Capitalismo sob fogo cerrado"]
por
Graça Evangelista
28/9/2002 às
23h07
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Lógica
Eu que agradeço, José. Só é importante lembrar que, embora seja muito importante, a lógica importante não pode ser vista como o único tipo de conhecimento válido. Especialmente quando o assunto envolve religião. A religião é uma forma importantíssima de conhecimento, que tem sua lógica própria.
[Sobre "A idéia que governa o mundo"]
por
Gian Danton
28/9/2002 às
21h54
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a questão sobre "deficientes"
José Knoplich, vou lhe contar um fato do qual nunca mais me esqueci. Por volta de 88 uma prática que andava comum eram as campanhas na TV para arrecadação de fundos para esta ou aquela criança para que ela pudesse ir aos Estados Unidos e passar por alguma cirurgia "salvadora". Um amigo meu, daquele tipo "científico" e "teimoso" que não deixa nada passar, chegou pra mim e disse que tinha feito um cálculo com mínima margem de erro cujo resultado era que a soma de dinheiro gasta em cada um daqueles casos de crianças a serem salvas, seria suficiente para salvar da morte por simples fome "n" crianças (não me lembro mais qual era o "n", mas era muito alto). Conclusão - disse-me ele - se dependesse de mim, eu preferiria deixar a criança morrer e salvar as "n" da morte por uma causa muito mais simples e tremendamente mais vergonhosa para todos nós, componentes da civilização.
Confesso que não gostei daquela opinião dele. Na verdade, discutimos tão seriamente por causa daquilo que quase perdemos a amizade.
Depois passaram-se anos em que perdi o contato com aquele amigo. Há pouco tempo me lembrei disso e cheguei à conclusão de que nem eu nem ele tínhamos razão. Compreendi que se trata de uma questão delicada e complexa.
Pra terminar, cheguei à conclusão de que ainda vamos esperar por algum "luminar" da humanidade que possa dar uma solução "decente", "lógica" e "humana" a essa questão. Sinto muito, mas acho que a questão sobre "deficientes" enfrenta "dificuldades" que demandam ainda algum tempo para que possam ser tratadas também com "decência", "lógica" e "humanidade". Talvez isso só venha a ocorrer depois que todas as outras pessoas, que são uma massa colossal, que sofrem pelo simples fato de serem pobres e até miseráveis, recebam um tratamento minimamente justo e humano.
Sinto muito por estar manifestando esse meu pessimismo.
Um abraço.
[Sobre "Quando a incapacidade é valorizada"]
por
Haroldo Amaral
28/9/2002 às
19h56
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Você "matou a pau"
Alexandre, nem há mais o que dizer, Deus meu!!!! Você "matou a pau". "Dissecou", como diria algum monstrinho.
Isso sim é relevante: este seu agudo sentido que, numa estupenda síntese, diz tudo que a gente quis dizer a vida toda e nunca conseguiu.
Esta sua matéria é mais um monte de quilates que vou adicionar com muito carinho e alegria de garimpeiro bem-sucedido ao meu depósito de diamantes, ou seja, à coleção que faço de textos que considero amostras inequívocas da inteligência humana.
Parabéns, Alexandre.
Um abraço
[Sobre "Maldita Ciência"]
por
Haroldo Amaral
28/9/2002 às
19h34
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Deus e o Nada
Achei muito gostosa e correta a análise do articulista. Sou meio logicista, até em minha certeza sobre Deus, causal e impessoal. Parabéns, Gian Danton.
[Sobre "A idéia que governa o mundo"]
por
JOSÉ PEREIRA
28/9/2002 às
19h02
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Boa pergunta
Meu Caro,
Também a mim me parece ridículo pretender espartilhar uma peça literária dentro da rigidez de uma lógica matemática. Por quê? Boa pergunta. A única resposta que vislumbro seria a tentativa de construção (por parte dos homenzinhos tipo aquele que estava com o Wilde) de uma superestrutura perfeita, capaz de servir de software para a produção dos livros a serem consumidos pelas massas de um futuro Brave New World. Uma vez definidas as regras, basta variar os inputs e pronto: mais um produto original, coerente e inquestionável.
E assim se faz uma literatura meramente instrumental, independente da incómoda centelha do génio (aquela chispa que rompe as regras, seduz as almas e abala intoleravelmente a ordem dominante).
Teremos outros Marimbondos de Fogo, mas não voltaremos a sonhar com os Versos del Capitán. E seremos todos seguramente mais pobres.
Um abraço.
[Sobre "Maldita Ciência"]
por
Alex
28/9/2002 às
07h48
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Sorria,você está sendo filmado
Eduardo,
Ainda bem que minha filha não estuda na GV e meu método de análise dos fatos não é igual ao teu, caso contrário, eu acho que poderia concluir que está festa retrata uma faculdade de burgueses, exibicionistas e pervertidos, ou então que a faculdade talvez fosse na verdade um curso para concorrer ao cargo de estagiária de presidente americano (afinal você se preocupa tanto com o povo "lá de riba" enquanto o povo aqui de baixo morre de fome um pouco por dia).
De qualquer modo, pelas notícias que li, havia uma placa dizendo "Sorria, você está sendo filmado" na entrada do cantinho". Isso me leva a duas possibilidades: ou os alunos da GV são desatentos (para não dizer analfabetos) ou queriam mostrar mesmo a perversão existente.
Qualquer das hipóteses é lamentável. Imagine um administrador da GV que não consegue ler "sorria, você está sendo filmado"?
Segue reportagem que recebi
Sexta-Feira, 20 de Setembro, 12:01 PM
Alunos da GV enviam intimidades por email
O último feriado de sete de setembro estava ótimo. Principalmente para alguns casais que foram comemorar a data na festa à fantasia XV Giovanna, do diretório acadêmico da Fundação Getúlio Vargas. Para sua alegria, a organização da festa tinha reservado um lugar todo especial para eles, um 'cantinho do amor'. De forma muito conveniente, junto com o cantinho foi instalada uma câmera fotográfica, que registrou todos os momentos íntimos dos casas que estavam lá. E para complementar a diversão, as fotos estão circulando pela internet desde o dia da festa. Alguns casais desconfiaram que aquilo era bom demais pra ser verdade e descobriram a câmera. Outros que não tiveram a mesma percepção, estão tendo suas fotos impróprias circulando pela Internet no momento. Segundo alunos que estiveram na festa, havia uma placa dizendo: "Sorria, você está sendo filmado" na entrada do cantinho. Em pouco tempo, sites em fornecedores de hospedagem gratuitos pipocaram por todos os lados. Muitos já saíram do ar. Alguns blogueiros testemunharam todo o escândalo. Apareceu até um blog de uma participante da festa defendendo-se da exposição pública, intitulado \"Fiz\ Sim\,\ e\ Da\í\?\". Para piorar a situação, a festa também foi pauta de sites que costumam cobrir eventos, como o ObaOba e o BaresSP, que identificam algum dos fotografados. O diret\ório\ acad\êmico\ da\ FGV, e a direção da faculdade, publicaram notas mostrando repúdio e negando responsabilidade no ocorrido. (Fabiana Bártholo)
[Sobre "Hoje a festa é nossa"]
por
Eduardo
28/9/2002 à
00h43
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Vive la differénce!
Concordo com seu comentário, Simone. Acho que agora que as relações tradicionais foram "sacudidas", há espaço para a construção de novas formas de relacionamento entre homens e mulheres. Devbemos exigir os mesmos direitos civis, mas também devemos respeitar as diferenças entre os sexos. Afinal, essa é a parte boa do negócio!
[Sobre "Menos Guerra, Mais Sexo"]
por
Adriana
27/9/2002 às
16h35
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Parabéns
Eduardo, parabéns pela ótima comparação. Um dos poucos textos que li que consegue retratar bem o senso de proporçõe merecida a cada festa.
[Sobre "Hoje a festa é nossa"]
por
Gustavo Peres
27/9/2002 às
15h32
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Julio Daio Borges
Editor
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