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Segunda-feira, 11/4/2005 O Digestivo Cultural e eu Luis Eduardo Matta Escrever para o Digestivo Cultural e me manter em conexão permanente com esse mundo vasto, ágil e misterioso da internet tem sido uma experiência altamente enriquecedora. Vejo o Digestivo, acima de tudo, como uma comunidade virtual de pessoas que têm boas idéias, boa cabeça e coragem e independência no ato de pensar. Para mim, é uma honra poder fazer parte deste grupo e estar interligado, através dele, com um universo de leitores espalhados por várias partes do Brasil e até do exterior, algo que seria bastante improvável, caso não existisse o advento da Web. Meu primeiro contato com o Digestivo Cultural se deu no início de 2001, na saída de um evento cultural ao qual compareci no Centro do Rio de Janeiro com alguns amigos. Um deles era Rafael Lima, que acabou revelando que havia sido convidado para escrever periodicamente num novo site da internet. Eu e os demais ficamos curiosos. Já sabíamos da capacidade do Rafael para expor suas idéias em textos elaborados, afinal havia um ano participávamos todos de um fórum de discussão virtual chamado Os Estertores da Razão, cujo apogeu de debates aconteceu entre os anos de 1999 e 2001. Neste fórum, estávamos quase que diariamente debatendo algum tema e Rafael era uma presença constante, sempre emitindo opiniões e levantando temas interessantes para discussões. Quando o seu primeiro artigo foi publicado, em fevereiro de 2001, ele fez questão de nos avisar e, curiosos, acessamos todos a internet para conferir a novidade. Lá estava o Digestivo Cultural no ar. Volta e meia, eu encontrava o Rafael e ele falava durante horas sobre o que se passava nos bastidores do site. Contava sobre os colunistas, sobre os encontros que eles promoviam em São Paulo, sobre as inspirações para os seus artigos. Através dele, eu havia me tornado um leitor assíduo do Digestivo. Lia os textos de quase todos os colunistas e acompanhava as mudanças e evoluções do site, inclusive o layout, que mudou bastante desde a primeira vez que o acessei. Os anos se passaram e, na virada de 2002 para 2003 eu lancei o meu segundo livro, o romance de suspense Ira Implacável: Indícios de uma Conspiração, juntamente com um site pessoal, que sofreu uma reforma alguns meses mais tarde, ganhando uma nova página de abertura, uma seção de matérias na mídia e outra com links, entre os quais o do Digestivo Cultural. Durante algumas semanas enviei e-mails para uma extensa lista de endereços, convidando as pessoas para visitar o site. Uma dessas mensagens foi parar na caixa-postal do editor do Digestivo, Julio Daio Borges que, gentilmente, me escreveu me cumprimentando e agradecendo o link (aliás, ele foi uma das poucas pessoas que responderam àquela minha leva de convites). Respondi a ele, dizendo que havia colocado o link, por acompanhar o Digestivo havia bastante tempo e gostar muito do site. Ele me escreveu de volta e iniciamos, assim, uma troca quase diária de e-mails que culminou, cerca de um mês e meio depois, com um convite dele para escrever um artigo para o site. A princípio hesitei. Nunca tinha escrito um artigo na minha vida. Mesmo assim, decidi arriscar. Eu tinha várias idéias que gostaria de dividir com outras pessoas e o Digestivo se apresentava como um excelente canal para isso. E, além do mais, eu tinha pouco a perder. O pior que poderia acontecer seria o artigo não ficar bom e Julio optar por não publicá-lo. Respirei fundo, sentei-me diante do computador e escrevi durante dois dias. Nascia, assim, o meu texto de estréia no Digestivo Cultural: “A LPB e o thriller verde-amarelo”, que foi levado ao ar em 20 de novembro de 2003, mesmo dia em que fui efetivado colunista do site. Foi uma circunstância totalmente imprevista. Escrever um artigo, uma resenha ou um ensaio é algo totalmente diferente de escrever um romance, um texto de ficção. Eu precisei, rapidamente, me familiarizar com uma linguagem praticamente desconhecida para mim, com a qual eu possuía quase nenhuma intimidade. Fui aprendendo na prática, artigo após artigo, sempre tomando o máximo de cuidado para não cometer um deslize próprio dos amadores. E, enquanto escrevia e publicava, continuava – como continuo até hoje – acessando o site e acompanhando o trabalho de todos os colunistas, dos quais sou um leitor fiel e um admirador devotado. Gosto de dizer que sou o seu leitor número dois (o número um, evidentemente, é o editor que, aliás, também é colunista, e dos bons). Aos poucos, o temor inicial foi abrandando, eu fui me acostumando a escrever artigos e percebi que não era tão complicado assim, embora eu ainda continue longe de me considerar um exímio articulista, ainda mais quando comparado aos meus colegas, todos eles, sem exceção, brilhantes. Nunca é demais lembrar que o Digestivo Cultural é, acima de tudo, fruto da persistência incansável do Julio Daio Borges, que transformou o site num veículo sério e profissional. Como editor, Julio orienta o nosso trabalho, nos mostra caminhos a serem seguidos, nos incentiva, está sempre buscando aperfeiçoar o site, torná-lo ainda mais visível e viável. Sem esse empenho, o Digestivo, provavelmente, não estaria, agora, completando quase cinco anos, em plena forma, cheio de vigor e planos para o futuro. Num mundo como o de hoje, em que a imprensa tradicional cada vez menos promove o debate e a análise detida de assuntos ligados à cultura, a internet tomou para si essa tarefa. E é nessa conjuntura que o Digestivo Cultural ocupa, não é de hoje, um merecido lugar de destaque. Luis Eduardo Matta |
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