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Segunda-feira, 17/9/2001
Como tudo começou
Adriana Baggio

Participar do Digestivo Cultural representou para mim a validação de uma nova maneira de viver. Parece exagerado, até um pouco piegas, mas é verdade. Só faço parte do Digestivo porque mudei radicalmente minha vida. Morava em Curitiba, trabalhava como uma louca, fazia uma segunda faculdade à noite e ainda estudava Francês no fim de semana. Ou seja, não sobrava tempo para fazer uma das coisas que eu mais gosto nessa vida, que é escrever.

Quando mudei para João Pessoa, não tinha nenhuma expectativa de trabalho. Tive que começar do zero. A parte boa foi que pude mudar um pouco minha área de atuação, o que dificilmente seria possível em um mercado no qual já estava estabelecida. Mas enquanto o emprego não aparecia, procurei aproveitar o tempo para fazer as coisas que me dão prazer. Continuei minha faculdade de Artes, continuei estudando Francês, e comecei a procurar um lugar para escrever. Acho que fiquei sabendo do Digestivo através de uma coluna de dicas de sites interessantes. Dei uma olhada, gostei, e percebi que a estrutura do conteúdo do site se baseava em textos de vários Colunistas. Decidi arriscar e me ofereci como colunista. O Julio e o Juliano me responderam, pedindo um texto para analisar. Já fiquei feliz por ver que as portas não estavam fechadas logo de cara. Fiz um texto sobre João Pessoa, que foi recusado, mas me pediram para escrever sobre o filme "Náufrago". Era a época do Oscar, e haveria um especial do Digestivo sobre o assunto. Enviei meu texto para o Fábio, coordenador do especial. Fiz algumas modificações e ele foi aprovado e publicado. Fiquei muito, muito feliz, e passei a colaborar sempre que tinha alguma idéia para escrever.

Mais tarde, no processo de profissionalização do site (posso chamar assim, Julio?), nós, os Colunistas, passamos a ter um dia fixo para publicação de nossas colunas. Apesar de dar mais trabalho, achei ótimo, porque escrever para o Digestivo passou de hobby para uma atividade que mescla prazer com responsabilidade. Ou seja, minha relação com o Digestivo passou de um "rolo" para um "namoro sério".

O bom do Digestivo é que os Colunistas participantes são pessoas com idéias muito interessantes, que escrevem bem, e que são diferentes entre si. Às vezes brigamos, às vezes a correspondência esfria, às vezes nos unimos em uma corrente de solidariedade que ultrapassa o fato de alguns de nós não se conhecerem pessoalmente. Muitas vezes quero contar alguma coisa do Digestivo para alguém, mas tenho que explicar toda a história - quem são, qual é a relação, etc. É um saco, porque para mim, o Digestivo é como se fosse uma turma de amigos que eu vejo toda semana, e que meus outros amigos também deveriam conhecer.

Gostaria de aproveitar esse depoimento para rasgar seda ao Julio, nosso editor. Ele faz um trabalho maravilhoso no Digestivo. Além de escrever - muito, muito bem - ele organiza toda a estrutura do site, escolhe imagens, estabelece prazos, regras e procedimentos. O Julio tem profissionalizado o site, não no sentido "trabalhista", mas no sentido de um projeto sério, bem-feito e que busca seus resultados. E ele tem conseguido. Cada vez que vejo o Digestivo mais e mais sério, me sinto mais orgulhosa de fazer parte dele. Dá mais trabalho, a responsabilidade aumenta, mas quando a gente gosta, é bom ter esse comprometimento.

Assim, o Digestivo valida minha nova vida. Hoje praticamente só faço coisas que eu gosto, e escrever é uma delas. Antes, talvez não fosse possível participar deste grupo. Se fosse como antes, eu não estaria aqui, escrevendo este depoimento.


Adriana Baggio
Segunda-feira, 17/9/2001

 

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