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Segunda-feira, 4/6/2001 Respostas a Está Consumado Leitores Em meados de abril, Paulo Polzonoff Jr me enviou o seu Está Consumado. Terminei a leitura em estado de choque. Não soube como distribuí-lo para os leitores. Se fosse como "coluna", passaria por ficção e, logo, por falsificação. Decidi, então, reenviá-lo conforme ele me chegou: como "texto aberto na mensagem". Muitas pessoas se emocionaram com Está Consumado, outras tantas classificaram o texto como "brincadeira de mal gosto". Decidi publicar aqui as reações (algumas comentadas pelo próprio Paulo Polzonoff Jr).
Consuelo,
seu email lindo me fez Fênix. Fiquei deprimido ao ler o seu "ensaio" sobre o suicídio. Ensaio? Melhor dizer tratado. Sim, tratado. Alí está consignada as mais variadas desculpas para se passar desta para melhor ? Tentei deletá-lo antes que acabasse sendo influenciado ao ponto de pensar , seriamente, em fazer o que ali estava sendo escrito. Afinal, ninguém é de ferro! Mas quando dei por mim já tinha lido tudo. Aí fiquei pensando: o que leva uma pessoa a escrever essas coisas para estranhos na sua presença? Talvez alguém, num momento de incontida diarréia epistolar, tenha sentido a necessidade fremente de externar o que lhe vai na alma. Até entendo, afinal, neste mundo louco em que vivemos presumo que, como vc, existam milhares com essa idéia, digamos, singular. Mas, convenhamos,isso nao é coisa que se passe adiante. Ainda mais para pessoas que vivem num país como o nosso, cheio de problemas da maior magnitude e que, sobejamente, desconfiam que nunca serão resolvidos. Para nao tornar o seu pensamento mais negativo ainda mais com essascriticas, desejo a vc uma boa noite sono para que possa ver o amanhecer de um novo dia e enxergar a luz que irá iluminar o mundo e a sua vida...para sempre. Roberto
Roberto, Difícil
escrever uma mensagem a respeito do seu texto sem correr o risco sério de cair na banalidade ou no desabafo solidário,
do tipo "eu também sei o que é isto", e outras bobagens do tipo. Para piorar,
nunca escrevo para escritores, jornalistas e afins- para dizer a verdade, só
escrevo para mim mesma. Ainda assim, gostaria de te dizer isto: Carolina
Carolina,
Eis um dos
grandes alimentos dos parnasianos. Bem vindos, porta-vozes do inevitável! Renato Salviato
Fajardo Caro
Renato, Para cometer
suicídio é preciso ter coragem (meus dois avôs
cometeram este ato contra a própria vida), coragem para deixar
esta dádiva divina de poder realizar o bem de ver crianças
brincando, de ver o sol nascer e se por a cada dia, contemplando este
momento como se fosse o único. Acredito que
cada ser humano tem uma missão nesta vida, talvez você
ainda não tenha descoberto a sua. Então porque não
tentar descobrir qual é a sua missão e fazer disso um
motivo para viver?
Caro
Diogo,
"...Ser feliz é viver na plenitude do momento que passa. É libertar-se de um passado já morto e de um futuro inexistente, pois a única coisa que existe é o momento presente..." "....Ser feliz é ser forte na renúncia. Mas a renúncia não deve ser apenas ma palavra, expressão de um conhecimento intelectual, ou teórico. A renúncia deve ser uma realidade que tem de ser experimentada. Renúncia é sinônimo de libertação..." "...Ser feliz é não se apegar coisa alguma deste mundo. Todo apego cria germe de futuro sofrimento..." "...Ser feliz é estar livre de todos os desejos. Se me sinto feliz no momento de satisfazer um desejo que me surge na mente, é porque naquele exato momento eu fico sem desejo. Porém, logo em seguida, a felicidade desaparece, porque surgem outros desejos em minha mente. E assim sucessivamente... Por maior que seja a minha capacidade de satisfazer os meus desejos, estes serão sempre superiores à capacidade de satisfazê-los..." Trechos da
obra "Budismo: Psicologia do
Saudações
Interessantíssimo. Foi a frase que começou o texto que me fez continuar a lê-lo. E quanto mais eu lia, mais a curiosidade de saber o desfecho aumentava e também a vontade de dissuadí-lo da idéia do suicídio, não por desprezo a ela, mas pelo fato de ainda ser um mistério, o suicídio, o outro lado, se ele existe. Simplesmente deixar de existir, pra mim é uma ideia assustadora. Sinto, Bampar
Armando Lisboa Prezado
Armando Lisboa, (Infelizmente,
não tenho como provar isso. Imaginei que os leitores Eu não tive como enviá-la aos leitores do Digestivo Cultural senão do jeito que ela me chegou. Se eu a colocasse como mais um "texto", entre os outros, aí sim, ela adquiriria um caráter "ficcional" ou mesmo "opinativo". Eu quis também mostrar que o Digestivo Cultural é feito por pessoas de carne e osso, que têm problemas e que sofrem. Eu lamento que a divulgação dessa carta tenha te irritado tanto. Espero que compreenda a minha posição e que não se chateie. Um abraco, Julio
Daio Borges
abracosempre, PS: Nunca somos geniais quando morremos. ESFINGE Devo me apagar com o sol logo pela manha, devo me matar nas primeiras horas do dia, desencantar-me com a ultima estrela do ceu, voltar depois de fugir, encontrar-me, procurar a morte no jardim de buritis, devo me apagar, apagar-me com a luz ensanguecida de escuridao, devo me apagar, apagar, buscar, achar, perder, nao encontrar mais, nao procurar mais a morte, malditos fantasmas que me transluzem, iluminam trevas mas o rumor da paisagem me afasta da morte, a morte e o rumor da paisagem, a morte em mim danca em silencio, ajoelho no chao implorando por mais uma vida mas a morte quer me abracar, quer alimentar-se atraves da minha alma, saio em disparada, sangro horizontes, o que me salva e o meu espirito amante da irrealidade, nao amo demais, nao amo, amo somente o que me fortalece, so o olhar diz o que amo, por um olhar me entrego a vida, a morte deve ser a vida anterior, e dai?, nao penso mais na morte, nao penso mais, a morte quer apenas transformar o me espirito, o vosso espirito, o dos outros, o espirito dos mortos e dos mortos por nascer. Leitores |
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