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Sexta-feira, 23/7/2004 Entrevista à Cultura FM (continuação) Julio Daio Borges Mas a revista também tem a vendagem em bancas... Na internet, é complicado, porque já se tentou, muitas vezes, fechar o conteúdo, mas o Digestivo acha isso uma iniciativa bastante antipática – e que não tem dado resultado. É muito difícil as pessoas assinarem um site... Enfim, a gente ouve de tudo. Alguns Leitores dizem que assinariam o Digestivo Cultural de qualquer maneira, porque gostam muito do conteúdo, mas o site acha que isso não é a forma correta de se trabalhar na internet. Talvez quando o Digestivo for para outras mídias, para uma revista (impressa), aí sim ele possa ser vendido em banca, como uma publicação normal (em papel). Como funcionam as Promoções? São Promoções feitas com alguns Parceiros, que querem divulgar a sua marca ou que querem divulgar um produto específico. O Digestivo já sorteou, através da Biscoito Fino (por exemplo), DVDs da Maria Bethânia, depois CDs da Mônica Salmaso e agora estão sendo sorteados CDs do Yamandú Costa com Paulo Moura. É uma maneira, também, de movimentar o site do Parceiro. Afinal, os Leitores do Digestivo Cultural que participam da Promoção acabam tendo acesso à Newsletter do Parceiro e vão, futuramente, acessar o respectivo site. E é bom que se diga: o Digestivo também está implementando, neste mês, uma Promoção com a Hellion Records (outra gravadora Parceira) – sorteando kits da Hellion. Sem contar que o Digestivo Cultural já implementou Promoções com a 2001 Vídeo, com a Somlivre.com, com o site Submarino... É um serviço a mais que o Digestivo oferece. A Hellion é uma gravadora que trabalha com que tipo de música? Basicamente rock, mas o objetivo deles é mudar um pouco essa imagem. Estão lançando agora, por exemplo, a Lee Aaron (objeto de uma Promoção no mês de agosto): uma artista canadense, original do rock, que, seguindo a trilha do Rod Stewart, está se embrenhando pelo jazz. O Digestivo também têm outros Parceiros? Além da Biscoito Fino e da Hellion Records, o Digestivo tem como Parceiros a Livraria Cultura – há nove meses com o site – e a Erdinger – uma marca de cerveja alemã que está se firmando no Brasil; já bastante conhecida mas que tem um outro “perfil”, diferente das cervejarias brasileiras, feita para um público mais elitizado... E qual é a relação do Digestivo com a Livraria Cultura? No caso específico da Livraria Cultura, o objetivo maior era divulgar os eventos que eles realizam aqui em São Paulo, nas duas unidades: Conjunto Nacional e Shopping Villa-Lobos. A solução oferecida pelo Digestivo foi incluir, no próprio informativo semanal do site (na Newsletter), os principais destaques – que, alias, tinham tudo a ver com o nosso trabalho. Mandando sempre na sexta-feira e garantindo que essas informações chegassem aos Leitores até a próxima segunda (quando, em geral, começa uma nova agenda de eventos na Livraria Cultura). O resultado é muito bom. Pessoas da própria internet vêem e citam: “Saí na seleção do Digestivo Cultural. Meu livro foi lançado na Cultura e o Digestivo repercutiu.” Quais são os futuros projetos do Digestivo Cultural? Um dos projetos que o site tem desde o começo é inaugurar uma seção de entrevistas. Talvez, futuramente também, aumentar a atualização do Digestivo como um todo. (Vale lembrar que o site já foi bem mais atualizado no começo, mas, depois, em função de outros projetos, diminui-se a periodicidade.) Talvez, provavelmente, reativar o Blog do Digestivo – que era uma seção de notícias mais quentes (também um clipping do que havia sido publicado na mídia). Faz falta uma seção mais “aberta”, improvisada e fora dos “formatos”... O que há, ainda, são projetos para “fora da internet”, pensados “a partir do site”. Um projeto de revista – que vem desde 2002 (quando o site foi, inicialmente, convidado por uma editora). Claro que é bem mais trabalhoso, porque – na internet – tem-se uma série de facilidades (custos e infraestrutura mínimos), algo que não se repete no mundo dos impressos. Logo, os Parceiros que estão em torno do site vão ser os mesmos em torno da revista e em demais empreitadas para além do universo virtual. Como você acha que o jornalismo na internet pode melhorar? Afinal, quando se pesquisa na internet, geralmente não se conhece a procedência da informação – o que gera muita desconfiança, pois, como sabemos, na internet existe muita coisa errada... Bem, muita gente considera a internet como uma mídia aberta e democrática – e que vai ser sempre assim. Qualquer pessoa pode chegar e publicar o que quiser – portanto, essa seria a grande graça da internet. Também concordo com esse aspecto, mas, por outro lado, acontece o que você falou: não se tem hoje a menor confiança no que está sendo publicado, pois ninguém sabe se o sujeito que resolveu publicar ali é alguém que acordou hoje e decidiu dar sua opinião – uma pessoa como qualquer outra, sem a menor credibilidade (no meio), sem nenhum histórico, etc. Assim sendo, apesar desse lado, eu penso que a internet deve passar por um filtro como uma mídia qualquer. Uma das minhas batalhas, através do Digestivo, é garantir sempre que o site tenha um nome, justamente porque faz a separação entre o “joio” e o “trigo”. O Digestivo Cultural sempre fez uma seleção muito apurada do que se deve publicar, até na parte dos Comentários – porque, sem base, sem fundamento, apostando no velho “achismo” (“eu acho porque acho...”), não há iniciativa que resista. Jornalismo não é isso. Voltando às pesquisas, que você citou, é preciso ir atrás de referências que tenham alguma solidez (na internet): sites com história. E não simplesmente pegar a primeira coisa que aparece. Eu mesmo faço uso do Google, por precisar de informações muito novas, que não estão em dicionários ou em enciclopédias. Então, se eu procuro, por exemplo, o nome de um artista e encontro uma referência no Estadão, vou seguir o que o jornal escreveu e não o que disse o blogueiro da esquina. Aí entra o trabalho dos usuários da internet, para apontar o que é efetivamente relevante e o que não é. Para você, qual é o futuro da internet? Existem várias teorias sobre isso. Mas, pessoalmente, penso que o futuro já é agora. No começo se pensava que a internet era uma mina de ouro e muita gente ganhou dinheiro em cima disso. Depois veio a discussão se a internet era realmente uma mídia... Eu acho que é. Hoje em dia, felizmente, existe a consciência de que a internet veio para ficar. É, então, uma mídia como outra qualquer – e não vai tomar o lugar de ninguém. Ao mesmo tempo, não vai, como se pensava, sucumbir. A meu ver, voltando à questão da democracia, a internet vai ser sempre uma plataforma para novos artistas, para “independentes” que queiram divulgar seu trabalho. É, afinal, uma ferramenta extremamente poderosa para a comunicação. Ao mesmo tempo, em muitos pontos, a internet permanece como uma incógnita. Está indo para o celular, para a televisão... É o começo, portanto, de uma nova era. E, claro, o Digestivo deve tudo à internet. Se não fosse por ela, eu não estaria fazendo isso hoje, muito menos dando esta entrevista para você agora... Julio Daio Borges |
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