Introdução de Vera Moreira:

A partir do dia 10 de março, nosso grupo começou a receber uma enxurrada de e-mails de leitores, muitos revoltados e outros apoiando a Carta Aberta aos Cinemas de São Paulo, do colunista Paulo Salles. Como formamos um grupo bastante sintonizado e unido, o assunto ocupou totalmente nossa caixa postal pelos dias seguintes. E resolvemos apresentar a você, leitor, também as nossas impressões sobre o episódio, na forma integral como nos correspondemos na época, que é para que você possa sentir um pouco da nossa dinâmica de comunicação, das avaliações e discussões que travamos em torno de nosso trabalho no Digestivo Cultural.


Comentários de Paulo Polzonoff Jr

Faço minhas inteiramente suas palavras. Perfeito. Posso plagiar este texto um pouquinho? Ele é tudo o que eu sempre quis dizer sobre o assunto.

Abraço,

Paulo Polzonoff


Comentários de Rafael Lima #1

Digestores e Digestoras

Texto do Salles: ficou muito bom, identifico com ele uma tendência interessante dos textos estarem ficando cada vez mais pessoais e opinativos, o que pode ser comprovado no DC de hoje. Mesmo que desde o começo a maior parte tenha sido escrito em primeira pessoa, agora o nível de subjetividade aumentou. O que é bom. Acho que o texto do Salles deveria entrar numa edição comum do DC, se for o caso de incluí-lo na edição do Oscar, ele mereceria aparecer de novo, futuramente, no Dig. Talvez um link resolvesse.


Comentários de Fabio Danesi Rossi #1

Caros digestores.

Segui a recomendação do Polzonoff e fui assistir "O Tigre e o Dragão" em sua primeira sessão.

Há muito que não via ou ouvia gente (nogente) conversando no cinema. Sim, já vi atenderem celular e conversarem em meio ao filme (inclusive um amigo meu, ao meu lado: "Ô Claudião! Tudo bem? Tô no cinema, vendo o filme X" etc). Mas, desde que estrearam os novos cinemas do Jardim Sul (que fica a dois minutos de carro da minha casa), tenho o costume de ir ao cinema na primeira sessão do domingo. Muitas vezes ela é às 11 horas. Não vai ninguém. As outras duas ou três pessoas da sala sentam-se sempre longe, e se alguém fala alguma coisa, não é ouvido pelos demais espectadores. Além do mais, dificilmente vou assistir a filmes que possam interessar aos jovens.

Não me surpreende, portanto, que a carta do Salles tenha tido ótima repercussão. A falta de educação da imensa maioria dos brasileiros, de todas as classes sociais, é um dado sociológico da mais alta importância.

Nós conseguimos reunir o pior do povo americano com o pior dos europeus. Deu no que deu, dá no que dá.

Forte abraço a todos,

Fabio Danesi Rossi


Comentários de Vera Moreira #1

tbém gostei muito da carta do salles e das respostas
e é incrível, pois eu vim louca pra falar do lugar onde fui assistir os filmes em poa
chama nova olaria e inaugurou há cerca de 1 ano
eu andava fora do circuito cinema e qdo ia era em sp, portanto ainda ñ conhecia
salles e demais dg.es: pasmei - é um lugar civilizado
vc ñ pode entrar com nenhum líquido
ñ existe pipoca nem ao longo da rua onde está a olaria
chocolates tipo confete e outras bolinhas
são tiradas do seu saquinho q fatalmente manda as tais p/o chão ou p/o vizinho
e passadas para um saquinho plástico bem comprido
bom, a nova olaria tem 3 salas ótimas, cadeiras confortáveis, reclinam conforme vc se acomoda
telão perfeito, salas pequenas, mas ñ apertadas e pessoas, JURO, meus caros, comportadas...


Comentários de Fabio Danesi Rossi #2

De rolar de rir as respostas ao Salles. Sensacional. Realmente um fato a ser estudado a defesa enlouquecida que os brasileiros fazem das coisas ruins. Alguém reclama da falta de educação, e chove e-mails de gente xingando essa pessoa. No fórum do Olavo de Carvalho, há uma discussão a respeito do Eurico Miranda. Eu e o Rafael Azevedo mandamos duas ou três mensagens falando de nossa repulsa por esse senhor. Olhem essa discussão agora. Não é discussão. Uma multidão de louquinhos defendendo o Eurico Miranda como se estivessem defendendo a própria vida. Não têm vergonha em defender canalhas. E aqueles estudantes que fizeram passeatas contra o provão? E as pessoas que são contra a quebra de sigilo bancário ou o voto aberto na Câmara e no Senado? E aquelas que defendem a moratória? O não-pagamento de royalties?

Aqui vale tudo. As pessoas não têm vergonha de defender a falta de vergonha.


Comentários de Rafael Azevedo

Não deixa de ser chocante tamanha demonstração de idiotice e falta de respeito neste mundo de crianças mimadas. E é cada vez mais fácil de constatar como a burrice e a má educação andam de mãos dadas, especialmente em nosso inculto país.

É de se pensar se todos esses tolos que se manifestaram deveriam mesmo estar recebendo o Digestivo; não me parecem ter a mais remota capacidade de entender e tolerar opiniões alheias. É um perigo darmos nossos e-mails a pessoas tão intolerantes!


Comentários de Fabio Danesi Rossi #3

Eu vejo os leitores que se manifestaram agressivamente contra os textos do Paulo 'Francis' Salles com muito bons olhos. Qualquer leitor, por mais idiota e mal educado que seja, deve ser recebido de braços abertos pelo Digestivo.

Não podemos almejar um público utópico, feito somente de pessoas elegantes, cultas e tolerantes.


Comentários de Juliano Maesano

tbm rolei de rir com as respostas ao Salles. Mas se fosse ele, iria me sentir mal tbm, pois tudo foi resultado de um erro e ele não pretendia isso tudo. Acho q se possível, seria legal avisar no próximo digestivo q foi um erro seu ou sei lá o q. Assim tbm as pessoas não entram nessa de reclamar de spam.

Ainda do caso Salles x salas de cinema, talvez fosse interessante decidir que caminho tomar com as respostas, errata e desculpas, para não tornar um clima hostil entre leitores e digestores. Nós já sabemos bem onde isso pode dar, não é?


Comentários de Vera Moreira #2

tbém acho q ñ devemos criar uma arena no digestivo com os leitores
mas acho q todo mundo tem direito de expressar a opinião
nesse ponto concordo com o fábio
seja a mais idiota q for e a gente tem q responder
por isso achei a resposta do salles perfeita
nunca vamos descer ao nível de xingamentos
mas respostas fortes devem ser dadas - eu acho pelo menos
e tirar as pessoas q ñ gostam da lista, ñ sei se é o caminho


Comentários de Daniela Sandler

na folha, a palavra "polemica" era uma das proibidas...!

falando sério, o que rolava lá era que, se um colunista se envolvesse nesse tipo de discórdia com leitores, tinha liberdade para responder como bem entendesse, e o jornal deixava claro que, apesar de publicar a opinião do colunista, a direção de redação não necessariamente concordava.

uma vez eu me envolvi num desentendimento com um leitor. eu era repórter de ciência - aparentemente, o que podia estar mais longe de polemicas? mas para você ver como tem gente que gosta de achar pêlo em ovo.

um cientista brasileiro cismou que a pesquisa de um americano que eu noticiei como um grande avanço já havia sido feita por ele aqui no brasil anos antes. ele estava errado, e depois de eu e meu editor explicarmos o caso (com muitas cartas ao otávio, nossas e do cientista), a questão ficou esclarecida editorialmente. mas acho que o cara continua acreditando, erradamente, que cometemos uma injustiça.

as pessoas vão pensar e dizer o que querem...

e muitas não são razoáveis nem racionais.

Daniela Sandler


Comentários de Julio Daio Borges

Até hoje, depois de alguns anos de colunismo semanal, eu ainda não entendi direito o que leva as pessoas a se manifestarem com tanta violência e falta de educação. Possivelmente, os leitores sentem que uma opinião alheia, que invade sua caixa-postal, e que faz pouco de suas convicções, deve ser posta pra fora de casa --- e 'a base de ponta-pés.


Comentários de Fabio Danesi Rossi #4

Receber cartas ofensivas faz parte do ofício não só de colunistas, mas de simples redatores também. Me meti em confusão escrevendo artigos absolutamente impessoais e imparciais na Folha. Pelo visto, a Dani Sandler também. (numa coisa discordo da Dani: polêmica é a palavra de ordem na Folha: eles parecem adorar!). Não tenho vocação para censor, e não foi isso o que sugeri. Também não disse que devemos evitar irritar os leitores.

Eu apenas disse que todos, desde que queiram, devem receber ou continuar recebendo o Digestivo.


Comentários de Rafael Lima #2

Antes de mais nada, acho que não devemos ser condescendentes nem submissos a qualquer leitor. Não tenho paciência nem com a "cultura do coitadinho", isso de ficar passando a mão na cabeça dos leitores, coitados, que são tão destemperados nas suas reações, tão raivosos nos seus textos, porque eles "não queriam dizer bem aquilo", muito menos para com a "cultura do consumidor", isso de baixar a cabeça para qualquer coisa que venha do leitor porque, afinal, a gente precisa de público, de leitores, de gente que reaja ao que escrevemos, e "o freguês tem sempre a razão". O leitor tem que saber que seu e-mail exprime sua opinião, que se sai por aí escrevendo qualquer coisa, pode correr o risco de ouvir qualquer coisa também.

Lógico que eu também quero um número cada vez maior de gente lendo e reagindo ao Digestivo, mas sou contra o incentivo à polêmica fácil e o populismo, que desvirtuam o objeto. Respostas a e-mails pessoais deveriam ter tom pessoal, ou seja, o mesmo tom. Respostas "editoriais", sem assinatura, devem ter tom institucional.