Participar do Digestivo
Cultural representou para mim a validação de uma nova
maneira de viver. Parece exagerado, até um pouco piegas, mas
é verdade. Só faço parte do Digestivo porque
mudei radicalmente minha vida. Morava em Curitiba, trabalhava como uma
louca, fazia uma segunda faculdade à noite e ainda estudava Francês
no fim de semana. Ou seja, não sobrava tempo para fazer uma das
coisas que eu mais gosto nessa vida, que é escrever.
Quando mudei para
João Pessoa, não tinha nenhuma expectativa de trabalho.
Tive que começar do zero. A parte boa foi que pude mudar um pouco
minha área de atuação, o que dificilmente seria
possível em um mercado no qual já estava estabelecida.
Mas enquanto o emprego não aparecia, procurei aproveitar o tempo
para fazer as coisas que me dão prazer. Continuei minha faculdade
de Artes, continuei estudando Francês, e comecei a procurar um
lugar para escrever. Acho que fiquei sabendo do Digestivo através
de uma coluna de dicas de sites interessantes. Dei uma olhada, gostei,
e percebi que a estrutura do conteúdo do site se baseava em textos
de vários Colunistas. Decidi arriscar e me ofereci como
colunista. O Julio e o Juliano me responderam, pedindo um texto para
analisar. Já fiquei feliz por ver que as portas não estavam
fechadas logo de cara. Fiz um texto sobre João Pessoa, que foi
recusado, mas me pediram para escrever sobre o filme "Náufrago".
Era a época do Oscar, e haveria um especial do Digestivo
sobre o assunto. Enviei meu texto para o Fábio, coordenador do
especial. Fiz algumas modificações e ele foi aprovado
e publicado. Fiquei muito, muito feliz, e passei a colaborar sempre
que tinha alguma idéia para escrever.
Mais tarde, no processo
de profissionalização do site (posso chamar assim, Julio?),
nós, os Colunistas, passamos a ter um dia fixo para publicação
de nossas colunas. Apesar de dar mais trabalho, achei ótimo,
porque escrever para o Digestivo passou de hobby para uma atividade
que mescla prazer com responsabilidade. Ou seja, minha relação
com o Digestivo passou de um "rolo" para um "namoro
sério".
O bom do Digestivo
é que os Colunistas participantes são pessoas
com idéias muito interessantes, que escrevem bem, e que são
diferentes entre si. Às vezes brigamos, às vezes a correspondência
esfria, às vezes nos unimos em uma corrente de solidariedade
que ultrapassa o fato de alguns de nós não se conhecerem
pessoalmente. Muitas vezes quero contar alguma coisa do Digestivo
para alguém, mas tenho que explicar toda a história
- quem são, qual é a relação, etc. É
um saco, porque para mim, o Digestivo é como se fosse
uma turma de amigos que eu vejo toda semana, e que meus outros amigos
também deveriam conhecer.
Gostaria de aproveitar
esse depoimento para rasgar seda ao Julio, nosso editor. Ele faz um
trabalho maravilhoso no Digestivo. Além de escrever -
muito, muito bem - ele organiza toda a estrutura do site, escolhe imagens,
estabelece prazos, regras e procedimentos. O Julio tem profissionalizado
o site, não no sentido "trabalhista", mas no sentido
de um projeto sério, bem-feito e que busca seus resultados. E
ele tem conseguido. Cada vez que vejo o Digestivo mais e mais
sério, me sinto mais orgulhosa de fazer parte dele. Dá
mais trabalho, a responsabilidade aumenta, mas quando a gente gosta,
é bom ter esse comprometimento.
Assim, o Digestivo
valida minha nova vida. Hoje praticamente só faço
coisas que eu gosto, e escrever é uma delas. Antes, talvez não
fosse possível participar deste grupo. Se fosse como antes, eu
não estaria aqui, escrevendo este depoimento.