ENSAIOS
Segunda-feira,
9/12/2002
Ensaios
Ensaístas
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Literatura para doer, quebrar o mar
>>> Franz Kafka, judeu, nascido em 1883 na cidade de Praga, Boêmia (hoje República Tcheca), então pertencente ao Império Austro-Húngaro, e morto no sanatório de Kierling, um mês antes de completar 41 anos, é um autor que está inserido no movimento dos escritores expressionistas, mas os relatos kafkianos são histórias que sonham a civilização contemporânea. Quase desconhecido em vida, o autor de "A Metamorfose", criou um mundo realista e absurdo. Reinventou fábulas, lendas e parábolas. Místico, ele compara a sua própria obra a "uma nova doutrina secreta, uma cabala".
por Pedro Maciel
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Cordiais infâmias de Satie
>>> Em uma carreira de imensos tropeços e glórias escassas, Satie privou da amizade tanto dos últimos músicos impressionistas e simbolistas como daqueles que construíram o alicerce da vanguarda. Neste aspecto, representa um caso único de longevidade estética. O preço que pagou foi a incompreensão de sua geração; seus colegas de turma tachavam suas composições de bizarras e esotéricas. Só passou a ser aceito com a chegada da geração que se seguiu à de Debussy, mais aberta para o grotesco e o "bas fond" e conscientemente iconoclasta. A troca de guarda na Paris da virada dos século XIX para o XX se faz sentir nas cartas de Satie.
por Luís Antônio Giron
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Novas leis de Murphy
>>> Murphy foi o primeiro a afirmar que o ser humano é o único animal capaz de voltar atrás num erro e cometer outros que antes conseguira evitar. Também foi por intermédio dele que aprendi a ser mais fácil lutar por princípios do que conviver com eles. Que para cada ação nossa corresponde uma reação do governo igual e contrária. Que os acidentes ocorrem quando duas pessoas resolvem ser espertas ao mesmo tempo. Que o telefone nunca toca quando estamos desocupados. Que todo dinheiro que cai do céu vem seguido de um fiscal da Receita que subiu do inferno. Que a distância mais curta entre dois pontos está sempre em obra. Que a felicidade só bate à porta quando estamos no banheiro. E que sempre encontramos força suficiente para suportar a desgraça alheia.
por Sérgio Augusto
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O poeta Vogt, missionário do espanto
>>> A poesia sempre nega o lugar comum. Ao aprender essa lição - e entendê-la bem, por ser lingüista -, o poeta Carlos Vogt radicaliza a opção pelo lugar incomum. Em sua labuta poética, inaugurada com Cantografia, prêmio de revelação em poesia da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1982, e exercida em seis livros, esse militante da educação (foi reitor da Unicamp) desarruma as palavras com garra, talento e desprendimento. É com esses instrumentos que ele promove a demolição e a reconstrução de aforismos. Como em Alegoria: "Quem foi rei/ nunca perde/ a realidade".
por José Nêumanne
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O historiador das idéias
>>> É notável a naturalidade com que Carpeaux discorre sobre estética, filosofia, política, história. Doutor em ciências exatas, letras e filosofia, o autor da História da Literatura Ocidental, era uma espécie de ensaísta literário que escrevia com clareza, numa linguagem corrente, de fácil entendimento para o leigo. Criador de um estilo, segundo o crítico Álvaro Lins, "vivo, preciso e ardente. Às vezes enérgico e áspero. Nestas ocasiões, sobretudo, este estilo está confessando um temperamento de inconformista, de planfetário, de debater. O temperamento de um homem que, monologando ou dialogando, está sempre numa atitude de luta: ou a luta interior, consigo mesmo, ou a luta exterior, com os seus adversários".
por Pedro Maciel
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Quando a vida liquida o espírito
>>> Escrever é perigoso como existir; talvez ainda mais em alguns casos, pois a escrita expande a presença do autor para além da duração do corpo. Nem tudo o que se escreve, porém, merece crédito na eternidade. A vida pode dar cabo do espírito antes que se encerre a produtividade da escritura. Oscar Wilde - nascido em Dublin, em 16 de outubro de 1853 e morto em Paris, em 30 de novembro de 1900, de meningite encefálica - é o exemplo de arte que se exaure antes da vida. Ressurge a fala do artista que revelou ao amigo André Gide: "Sabe qual é o drama da minha vida? É que pus meu gênio em minha vida. Em minhas obras, pus apenas meu talento."
por Luís Antônio Giron
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Matisse e Picasso, lado a lado
>>> Matisse e Picasso conheceram-se através de Gertrude Stein, em 1906, talvez um pouco mais tarde. Observaram-se, estranharam-se, dialogaram de perto e de longe, detestaram-se e respeitaram-se até a morte. Os dois artistas foram rivais, odiando-se e amando-se a um só tempo. Possuíam temperamentos diametralmente opostos, como Apolo e Dionísio. Foi o encontro do sábio Matisse com o camaleão Picasso, do intelectual Matisse ante o impulsivo Picasso, do burguês conservador Matisse contra o boêmio sensual Picasso. O que há na verdade é uma luta surda entre os dois pintores para tentar provar o que é mais importante na pintura: a cor (Matisse) ou a forma (Picasso).
por Alberto Beuttenmüller
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O que eles disseram antes do último suspiro
>>> Quando José do Patrocínio Filho estava nas últimas, arruinado por drogas e biritas, sem apetite para nada, seu médico apelou para um alimento especial: leite humano. Ao ver a dificuldade com que a enfermeira tirava o leite dos belos e fartos seios de uma doadora profissional, para depositá-lo numa minúscula colher, Zequinha do Patrocínio arregalou os olhos e sugeriu: "Doutor, não é melhor eu mamar?".
por Sérgio Augusto
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Crítica de um visionário
>>> Para Mário Pedrosa, as idéias do poeta Baudelaire falam alto sobre a crítica. Segundo o poeta, a crítica não pode ser "fria e algébrica" e, "sob o pretexto de explicar tudo", "não ter ódio nem amor", despojada, voluntariamente, de toda espécie de temperamento. E completando a idéia, o poeta acrescenta: "...para ser justa, quer dizer, para ter sua razão de ser, a crítica deve ser parcial, apaixonada, política".
por Pedro Maciel
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Glenn Gould: caso de amor com o microfone
>>> Glenn Gould alterou o modo de interpretar a música do passado e renunciou a um de seus dogmas mais caros: o recital ao vivo. Gould considerava as apresentações em carne e osso uma "arena sangrenta" indigna da arte dos sons e a trocou por aquilo que chamou de "caso de amor com o microfone". Em 1964, no ápice da fama, o pianista decidiu abandonar palcos para se exilar no estúdio de gravação.
por Luís Antônio Giron
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Julio Daio Borges
Editor
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